Economia

BC vê riscos maiores para a inflação em 2005

A maior intensidade dos aumentos do petróleo, nas últimas semanas, e a deterioração das expectativas do mercado sobre a inflação de 2005 são consideradas "potenciais agravantes" pelo Banco Central

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h34.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) pode ser mais rígido em suas próximas reuniões e determinar elevações maiores da taxa básica de juros (Selic), a fim de forçar o recuo da trajetória da inflação. A aceleração do ritmo de alta dos preços mundiais do petróleo e a deterioração das expectativas do mercado sobre a inflação de 2005, mesmo após o Copom ter elevado os juros de 16% para 16,25% em setembro, foram consideradas "potenciais agravantes" para as metas de inflação deste ano e do próximo.

Esses mesmos fatores levaram o Copom a acentuar o ajuste monetário em outubro, elevando a taxa Selic para 16,75% ao ano. "O Comitê avalia que um aumento de 0,5 ponto percentual neste momento é mais condizente com a magnitude do movimento total capaz de promover a convergência da inflação para a trajetória de metas e com a velocidade ótima de implementação desse ajuste", afirma a ata da última reunião do Copom, realizada na semana passada.

A desaceleração do IPCA, índice oficial de inflação, em setembro não foi suficiente para convencer o BC de que a pressão sobre os preços está sob controle. Conforme a ata, a queda do IPCA de 0,69%, em agosto, para 0,33%, em setembro, deve-se a fatores sazonais que têm pouco impacto sobre a trajetória futura da inflação. O principal exemplo é o recuo dos preços dos alimentos in natura. Segundo o Copom, quando se retira esse item da análise, os preços livres apresentam desaceleração bem menos intensa: de 0,48% em agosto para 0,42% no mês passado.

A diretoria do BC também mostrou preocupação com o ritmo da atividade industrial. O Copom esperava uma desaceleração da produção em agosto e foi surpreendido por um crescimento dessazonalizado de 1,1%. A principal dúvida do Copom é se a expansão da produção acontecerá no mesmo ritmo do aumento da capacidade instalada, para que não ocorram pressões inflacionárias de demanda. "Mantém-se a preocupação com a velocidade de ampliação da capacidade produtiva, de modo a acomodar a demanda crescente sem ameaçar a convergência futura da inflação para a trajetória de metas", diz a ata.

Até a reunião de outubro, a maior parte dos analistas apostavam que o BC adotaria uma política gradual de alta da Selic, expressa em ajustes de 0,25 ponto percentual por mês, até o final do ano. Agora, alguns bancos já estão revendo sua posição e estimando ajustes maiores. É o caso do Credit Suisse First Boston (CSFB). "A ata do Copom reforçou nossa expectativa de que o Banco Central elevará a taxa de juros Selic em 50 pontos base, para 17,25%, na sua próxima reunião", diz relatório do CSFB.

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