Economia

BC vê inflação no centro da meta só no 3º tri de 2013

Subir a taxa de juros para equilibrar a inflação nesse ano “não faria sentido”, segundo diretor


	Carlos Hamilton Araújo: BC defende que, se não fosse o choque no mercado de grãos (EUA), a inflação atingiria o centro da meta em 2012
 (Divulgação/Banco Central)

Carlos Hamilton Araújo: BC defende que, se não fosse o choque no mercado de grãos (EUA), a inflação atingiria o centro da meta em 2012 (Divulgação/Banco Central)

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Da Redação

Publicado em 27 de setembro de 2012 às 16h14.

São Paulo – O Banco Central projeta que a inflação chegará ao centro da meta (4,5%) no terceiro trimestre de 2013 – para, na sequência, voltar a subir. O relatório trimestral anterior, divulgado em junho, indicava que a inflação iria convergir para a meta ainda em 2012 (chegaria a 4,7%, sendo 4,5% a meta). “Tivemos o problema da seca nos Estados Unidos que impactou a inflação no curtíssimo prazo”, disse Carlos Hamilton Araújo, diretor de Política Econômica do BC, durante a apresentação do relatório.

O Banco Central defende que, se não fosse o choque no mercado de grãos (em decorrência da seca nos Estados Unidos), a inflação iria convergir para a meta em 2012.  “Esse choque no mercado de commodities que, por natureza são eventos imprevistos, desviaram a inflação, no nosso ver, dessa trajetória de declínio”, disse Hamilton.

Em março de 2011, o Banco Central dizia que a inflação iria convergir para o centro da meta no final de 2012. Na época, o Brasil enfrentava a fase final de um choque de commodities que começou em meados de 2010 e elevou o preço de algumas commodities, segundo o diretor. “Em março do ano passado entendíamos que o custo de levar a inflação para 4,5% em 2011 ainda seria muito elevado”, disse.

O BC também considerou elevado o custo de levar a inflação para o centro da meta em 2012, segundo o diretor. Para Hamilton, como o aumento nos preços de commodities agrícolas (em decorrência da seca nos EUA) refletiu no Brasil no terceiro trimestre, não faria sentido tentar levar a inflação para a meta, tendo em vista as defasagens da política monetária, ou seja, que uma ação tomada agora não teria impactos imediatos. Considerando essa defasagem, subir a taxa de juros para equilibrar a inflação nesse ano também “não faria sentido”, segundo o diretor.

2013

O relatório trimestral de inflação, divulgado hoje, indica que o BC espera uma inflação de 5,2% em 2012 – ou seja, 0,5 p.p. maior que a projetada no relatório de junho. No cenário de referência (considerando selic e câmbio nos patamares atuais), a projeção para o primeiro trimestre de 2013 é de inflação ainda em 5,2%, caindo para 5,1% no segundo e 4,6% no terceiro, mas subindo para 4,9% no quarto trimestre. A projeção para o primeiro trimestre de 2014 é de 5,2%, seguido de 5,1% no segundo e terceiro.


O BC acredita que o choque no preço das commodities tende a ser revertido, na medida que as condições climáticas nos Estados Unidos se normalizarem, assim como a produção de grãos. “Na medida que a produção de grãos voltar à normalidade, é razoável esperar que isso repercuta nos preços no sentido contrário”, disse o diretor.

Além desse fator, contribuirão para a queda da inflação em 2013, segundo Hamilton, o menor crescimento do salário mínimo brasileiro no próximo ano em relação a 2012 e a diminuição no custo da energia elétrica no país - o impacto dessa medida poderia chegar a 0,50 ponto percentual, de acordo com o diretor.

Câmbio

Para Hamilton, a desvalorização do real desde agosto de 2011 exerceu algum impacto sobre a inflação. Do final de agosto de 2011 até o início de setembro de 2012, a depreciação do câmbio nominal foi de 25% a 30%, segundo o BC.

“Acredito que é pouco provável que nos próximos 12 meses tenhamos uma repetição desse movimento”, disse Hamilton. Para o diretor, boa parte desse efeito da depreciação cambial já foi incorporado.

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