Dinheiro: expectativas ficaram mais positivas após a divulgação do PIB do terceiro trimestre, que foi acima do esperado. (Nelson_A_Ishikawa/Getty Images)
Reuters
Publicado em 19 de dezembro de 2019 às 08h42.
Última atualização em 19 de dezembro de 2019 às 08h51.
Brasília — O Banco Central melhorou sua projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil a 2,2% em 2020, frente ao patamar de 1,8% estimado em setembro, segundo Relatório Trimestral de Inflação publicado nesta quinta-feira. Além disso, o BC também elevou a estimativa de avanço da economia de 0,9% para 1,2% em 2019, acompanhando a maioria das previsões do mercado.
No boletim Focus da última segunda-feira, que reúne as perspectivas do mercado financeiro sobre a economia brasileira, a projeção de crescimento para o PIB de 2019 era, em média, de 1,12%.
As expectativas ficaram mais positivas após a divulgação do PIB do terceiro trimestre, que foi acima do esperado.
No documento, o BC reforçou que isso veio a reboque da melhor perspectiva para o PIB neste ano, além de previsão de ritmo de crescimento ao longo do ano "ligeiramente superior" à considerada no relatório anterior.
Segundo o BC, contou para a revisão de 2019 principalmente o maior carregamento estatístico e os estímulos da liberação extraordinária de recursos do FGTS e do PIS/Pasep no quarto trimestre, frisando que o movimento se intensificou com a antecipação no cronograma de pagamentos pela Caixa Econômica Federal.
Sobre os juros básicos, o BC também reiterou mensagem de que, após o corte da Selic à nova mínima histórica de 4,5% ao ano, "o atual estágio do ciclo econômico recomenda cautela na condução da política monetária".
"O Comitê (de Política Monetária) enfatiza que seus próximos passos continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação", reforçou.
O Banco Central também prevê que o estoque total de crédito crescerá 8,1% em 2020 no país, após uma alta estimada em 6,9% para 2019.
As projeções de antes, divulgadas em setembro, apontavam para um crescimento mais baixo do estoque de crédito este ano, de 5,7%, e no mesmo patamar visto agora para 2020, de 8,1%.
Pelos cálculos mais recentes do BC, o estoque de crédito às famílias deverá subir 11,8% neste ano (ante +11% projetados anteriormente) e 12,2% em 2020 (+11,2% antes).
Para as empresas, a estimativa de crescimento foi melhorada a uma expansão de 0,9% para 2019 (ante -0,9% no relatório passado), e para 2020, passou a uma alta de 2,5%, abaixo do patamar de 3,8% na leitura anterior.
Para o estoque de crédito livre, em que as taxas são pactuadas livremente entre bancos e tomadores, o BC projeta uma alta de 13,9% em 2019 (+12% antes) e de 12,9% em 2020 (+11,4% antes) e, para o crédito direcionado, que atende a parâmetros estabelecidos pelo governo, estima recuo de 1,3% em 2019 (-1,8% antes) e elevação de 1,6% no ano que vem (+3,6% antes).
Segundo o BC, os empréstimos para pessoas físicas financiados com recursos livres continuam sendo o principal vetor de crescimento do crédito no país.
O Banco Central também piorou a projeção para o déficit em transações correntes neste ano a 51,1 bilhões de dólares, sobre os 36,3 bilhões de dólares estimados em setembro, e para 2020 a 57,7 bilhões de dólares, frente à leitura anterior de 38,9 bilhões de dólares, segundo dados disponíveis em seu Relatório Trimestral de Inflação.
Em relação às trocas comerciais, o BC agora enxerga um superávit de 39 bilhões de dólares em 2019 e de 32 bilhões de dólares em 2020, sobre os saldos de, respectivamente, 43 bilhões de dólares e 41 bilhões de dólares previstos no relatório anterior.
Para a remessa de lucros e dividendos, a expectativa para este ano foi a 32 bilhões de dólares (26,5 bilhões de dólares antes), chegando a 34 bilhões de dólares em 2020 (29,5 bilhões de dólares antes).
Como previsto em setembro, a expectativa é que os déficits em transações correntes sigam sendo inteiramente financiados pelo fluxo de Investimento Direto no País (IDP), estimado em 80 bilhões de dólares para 2019 (ante 75 bilhões de dólares projetados em setembro) e também para 2020 (80 bilhões de dólares antes).
"A revisão da projeção do saldo da balança comercial para 2019 incorporou os impactos da desaceleração da economia Argentina, da peste suína que afeta principalmente a China, bem como a evolução recente do câmbio e do comércio mundial, além das revisões nos dados de setembro, outubro e novembro provenientes da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério da Economia", disse o BC.
"Para 2020, tendo em perspectiva a aceleração da atividade econômica interna e as operações no âmbito do Repetro, espera-se aumento do déficit em transações correntes", acrescentou.