Economia

BC reforça discurso e juros recuam com exterior ruim

O leve recuo das taxas fez com que as chances de alta da Selic embutidas na curva de juros para abril continuassem minoritárias


	Alexandre Tombini diz que a política monetária atual segue válida
 (Álvaro Motta/EXAME)

Alexandre Tombini diz que a política monetária atual segue válida (Álvaro Motta/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 13 de junho de 2013 às 07h48.

São Paulo - A aversão ao risco no exterior e o fato de o diretor de Política Econômica do Banco Central (BC), Carlos Hamilton Araújo, ter reforçado as recentes declarações do presidente da instituição, Alexandre Tombini, de que a política monetária atual segue válida, impuseram viés de queda às taxas futuras de juros nesta quinta-feira.

No meio da tarde, o Tesouro Nacional informou as diretrizes do Plano Anual de Financiamento (PAF) da dívida pública, mas as taxas mantiveram o rumo. Segundo o documento, a participação no endividamento de títulos atrelados à Selic continuará caindo neste ano. Além disso, a partir de agora, a composição da dívida pública passa a ser definida por uma meta, com um intervalo de tolerância de dois pontos para cima e para baixo.

Ao término da negociação normal na BM&F, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho deste ano (263.255 contratos) encerrou em 7,18%, ante 7,19% do ajuste anterior. O DI para janeiro de 2014 (325.945 contratos) projetou taxa de 7,67%, ante 7,69% na quarta-feira. O contrato com vencimento em janeiro de 2015 (349.885 contratos) fechou em 8,36%, de 8,39% na véspera. Entre os vencimentos mais longos, o DI com vencimento em janeiro de 2017 (91.485 contratos) marcou taxa de 9,12%, de 9,15%; e o DI para janeiro de 2021 (8.745 contratos) apontou 9,65%, de 9,66% no ajuste.

O leve recuo das taxas fez com que as chances de alta da Selic embutidas na curva de juros para abril continuassem minoritárias. A possibilidade perde força desde o pregão anterior, na esteira da percepção, sinalizada por Tombini, de que o ajuste no juro básico deve ser feito mais adiante e em intensidade menor. "Como Carlos Hamilton não trouxe nada de novo e os dados ruins da Europa e dos Estados Unidos minam um pouco da confiança sobre a recuperação global, o que pode favorecer a estratégia do BC de não elevar a Selic agora, as taxas futuras voltaram a corrigir um pouco da forte alta recente", destacou um profissional da área de renda fixa.

Hamilton, após a apresentação do Boletim Regional Trimestral do BC, em Belo Horizonte, voltou a dizer que "não há risco de descontrole inflacionário no Brasil; que a estratégia está mantida e que não foram abolidos os ciclos econômicos". Perguntado sobre o fato de Tombini não ter usado a expressão "suficientemente prolongado" ao se referir à estratégia para trazer a inflação à meta, Hamilton releu o discurso do presidente do BC e não citou a expressão. Hamilton ainda descartou a convergência à meta neste ano. "Com as informações de que dispomos, não é realista acreditar em convergência à meta de 4,5% em 2013."

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, por sua vez, afirmou em entrevista à imprensa internacional que a inflação está "sob controle". Segundo ele, a inflação terminará 2013 em 5,5% e o BC está "vigilante".


O PAF mostrou que a Dívida Pública Federal (DPF) poderá fechar o ano em até R$ 2,240 trilhões, com crescimento de 11,55% em relação ao ano passado. A banda tem intervalo entre R$ 2,1 trilhões (mínimo) e R$ 2,24 trilhões (máximo). O PAF prevê uma meta para as LFTs, chamadas de papéis pós-fixados, com uma parcela entre 19% e 14% do total da DPF. Haverá, em contrapartida, um aumento da parcela de papéis prefixados e atrelados à inflação. A meta para estes títulos (que têm taxa definida na hora da venda) prevê uma participação entre 41% e 45% do total da DPF. A redução das LFTs também vai favorecer o aumento dos papéis corrigidos pela inflação. O PAF prevê como meta para esses títulos entre 34% e 37% do total da DPF.

O exterior ruim foi fundamental para determinar o novo recuo das taxas futuras. Prevaleceu desde cedo, na Europa, o pessimismo com a ata do Federal Reserve (Fed) e indicadores econômicos aquém do esperado. Na ata, o Fed indicou a chance de uma antecipação do fim dos estímulos monetários. Na zona do euro, a atividade econômica encolheu mais em fevereiro. O índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) composto do bloco caiu para 47,3, de 48,6 em janeiro. Nos EUA, os pedidos de auxílio-desemprego cresceram mais do que as estimativas e o PMI industrial mostrou declínio inesperado.

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