Economia

BC reduz projeção de expansão do PIB de 3,5% a 2,5% em 2012

O desempenho esperado agora para o Produto Interno , divulgado nesta quinta-feira no Relatório Trimestral de Inflação do BC, é pior do que o já considerado ruim de 2011

Banco Central: a expectativa dos analistas já era de que o BC reduziria suas contas para o crescimento do PIB neste ano (Divulgação/Banco Central)

Banco Central: a expectativa dos analistas já era de que o BC reduziria suas contas para o crescimento do PIB neste ano (Divulgação/Banco Central)

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Da Redação

Publicado em 28 de junho de 2012 às 22h05.

Brasília - Com cenário externo bastante conturbado, o Banco Central reduziu a previsão para o crescimento da economia brasileira neste ano de 3,5 para 2,5 por cento, devido à recuperação ainda lenta da atividade. Ao mesmo tempo, a autoridade monetária piorou suas perspectivas para a inflação em 2012.

O desempenho esperado agora para o Produto Interno (PIB), divulgado nesta quinta-feira no Relatório Trimestral de Inflação do BC, é pior do que o já considerado ruim de 2011, quando a expansão da atividade ficou em apenas 2,7 por cento. Se confirmada, a projeção de 2012 será a pior desde 2009, quando a economia encolheu 0,33 por cento também por causa de uma crise internacional.

Pelo documento, o BC informou que "a mudança na projeção de crescimento reflete, em parte, o fato de a recuperação estar se materializando de forma bastante gradual", acrescentando que o cenário econômico mundial continua com perspectivas de baixo crescimento "por um período de tempo prolongado".

O diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton Araújo, disse que a piora nesta perspectiva veio do baixo crescimento de 0,2 por cento do primeiro trimestre, inferior à esperada, e da lenta reação da economia aos estímulos dados. Mas buscou mostrar otimismo.

"Já no segundo trimestre a economia apresentará crescimento mais favorável e acelerará ao longo de 2012", afirmou, acrescentando que os investimentos também reagirá no segundo semestre.


A expectativa dos analistas já era de que o BC reduziria suas contas para o crescimento do PIB neste ano, para entre 2,5 e 3 por cento ao ano, diante dos sinais de que a economia brasileira não está reagindo, com destaque para o setor industrial.

Essa dificuldade, vinda sobretudo da crise internacional, continua mesmo diante dos estímulos monetários e fiscais adotados pela área econômica. O mais recente foi dado na véspera, quando o governo anunciou um pacote de estímulos envolvendo mais compras federais e redução da Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP) de 6 para 5,5 por cento ao ano.

Para o economista-chefe do banco Fator, José Francisco de Lima, a redução das contas do BC já foi importante, mas acredita que o crescimento deverá ser menor ainda. "Uma das mensagens mais importantes do documento é a nítida piora no cenário externo", afirmou ele.

Para cortar suas contas sobre a atividade neste ano, o BC considerou o resultado do primeiro trimestre deste ano e passou a calcular que o setor industrial crescerá 1,9 por cento, queda de 1,8 ponto percentual em relação às previsões anteriores. A estimativa de expansão do setor de serviços também foi reduzida, de 3,3 para 2,8 por cento no período, enquanto que a para o setor agropecuário ficou em recuo de 1,5 por cento, queda de 4 pontos percentuais.

O BC também piorou suas projeções sobre o crescimento da Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), uma medida de investimento, de 5 para 1 por cento neste ano.

No primeiro trimestre deste ano, o PIB avançou apenas 0,2 por cento, ritmo bem inferior ao esperado pelo governo, invalidando a possibilidade de expansão de 4,5 por cento como calculava o Ministério da Fazenda, por exemplo. Dentro de outras alas da equipe econômica, já se fala em uma expansão do PIB perto de 3 por cento neste ano, mas o mercado prevê apenas 2,18 por cento.


O BC também tem atuado para impulsionar o crescimento, ao reduzir a Selic desde agosto passado em 4 pontos percentuais, levando-a à atual mínima recorde de 8,50 por cento ao ano, mantendo a porta aberta para mais cortes.

Inflação - Segundo o relatório do BC, o IPCA subirá 4,7 por cento neste ano pelo cenário de referência, ante previsão anterior de 4,4 por cento. Para 2013, no entanto, o cenário melhorou. O BC prevê que o indicador avançará 5,0 por cento em 2013, abaixo das contas anteriores, de 5,2 por cento. Para o segundo semestre de 2014, as contas são de que o indicador subirá 5,1 por cento.

Para o diretor do BC, a inflação maior esperada neste ano virá com a alta do dólar frente ao real. "Como o real se depreciou, isso vale para a maioria das moedas, o impacto dessa depreciação, quando ocorre, é relativamente rápida na inflação", afirmou ele.

O BC também informou que a chance de a inflação estourar o teto da meta oficial -de 4,5 por cento pelo IPCA- é de 3 por cento em 2012 e em torno de 18 por cento no ano que vem.

Com a perda de fôlego da atividade, os preços têm arrefecido. Na semana passada, foi divulgado que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15) -considerado uma prévia da inflação oficial- havia subido 0,18 por cento em junho, ante alta de 0,51 por cento em maio. O resultado veio abaixo do esperado pelo mercado e reforça a perspectiva de mais reduções na Selic.

Para Araújo, a desaceleração da inflação decorre do arrefecimento do choque de preços das commodities, do menor crescimento no mercado interno e dos efeitos da crise externa no país.

O estrategista-chefe do banco WestLB, Luciano Rostagno, acredita que, ao perceber uma inflação menor em 2013, o BC tem um caminho mais aberto ainda para continuar com o processo de flexibilização monetária. Ajuda também, acrescentou ele, o desempenho bem mais fraco esperado para a economia neste ano.

"Geralmente essas revisões (de PIB) ocorrem de forma gradual e essa redução mostra que o crescimento do primeiro trimestre decepcionou. Isso deve dar espaço para o BC continuar baixando os juros", comentou ele.

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