Economia

BC não deu sinal de fim do aperto monetário, diz Besi Brasil

Para economista-sênior do Besi Brasil, Flávio Serrano, o BC não retirou indicação de que ciclo de aperto monetário está perto do fim


	Reunião do Copom: para Serrano, a alta da Selic, ainda que acima do esperado, é pequena para deflagrar onda de revisões consistentes de cenário
 (Elza Fiúza/ABr)

Reunião do Copom: para Serrano, a alta da Selic, ainda que acima do esperado, é pequena para deflagrar onda de revisões consistentes de cenário (Elza Fiúza/ABr)

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Da Redação

Publicado em 20 de janeiro de 2014 às 14h36.

São Paulo - Mais uma vez a Pesquisa Focus - a não ser pela mediana das expectativas em relação à Selic, que subiu de 10,50% para 10,75% em 2014 - manteve-se praticamente estável.

A mediana das expectativas dos analistas do mercado em relação à Selic mudou porque o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a Selic em 0,50 ponto porcentual no encerramento de sua reunião de janeiro, na última quarta-feira, 15, para 10,50% ao ano, quando a maior parte dos analistas esperava uma alta de 0,25 ponto.

De acordo com o economista-sênior do Espírito Santo Investment Bank (Besi Brasil), Flávio Serrano, a despeito de ter elevado a Selic em 0,25% a mais que o previsto pelos analistas o Banco Central (BC) não retirou a indicação de que o ciclo de aperto monetário, iniciado em abril do ano passado, está perto do fim.

Isso ficou claro, de acordo com o economista do Besi, com a inclusão no texto do comunicado que se seguiu ao término da reunião do colegiado na semana passada da expressão "neste momento".

Na opinião de Serrano, a alta da Selic, ainda que acima do esperado pelos economistas das instituições financeiras, é pequena para deflagrar uma onda de revisões consistentes de cenário.

Na edição da Focus divulgada hoje, a mediana das expectativas ficou estável, com apenas uma ligeiríssima elevação de 0,01% para o IPCA em 2014, de 6% para 6,01%. "Essa alta de juros é pouca, principalmente para um ano como 2014", diz o economista.

Ele leva ainda em conta o fator defasagem temporal entre uma decisão de política monetária e seu impacto na economia. No Brasil, trabalha-se com uma defasagem de seis a nove meses.

Isso leva a se supor que o aumento da Selic promovido na semana passada só vai gerar algum efeito mais forte na economia em 2015. Além disso, de acordo com Serrano, o comunicado do BC, divulgado após a reunião do Copom, sugere que a Selic não será mais elevada em 0,50 ponto porcentual, embora a autoridade monetária tenha deixado "a porta aberta" e possa optar por outro valor.

Na semana passada, alguns analistas chegaram a achar que, pelo fato de a inflação de 2013 ter vindo em 5,91%, acima do IPCA de 5,84% em 2012 - conforme divulgou o IBGE no dia 10 -, a Focus da segunda-feira passada já traria alguma alteração nas projeções de custo de vida.

Isso não aconteceu, segundo analistas consultados pelo Broadcast, porque as instituições não teriam tido tempo para recalcular e repassar suas novas projeções o BC. Hoje, novamente as projeções para o IPCA praticamente não mudaram.

De acordo com Serrano, não é difícil compreender este comportamento porque não houve piora quantitativa da inflação na passagem de 2012 para 2013. Ocorreu, sim, de acordo com Serrano, uma piora qualitativa que se explica pelo fato de o índice abrigar altas expressivas de preços livres importantes, mas que foram seguradas pela decisão do governo de não reajustar preços administrados.

Do ponto de vista quantitativo, uma inflação que sai de 5,84% em um ano para 5,91% no outro praticamente ficou estável. Pesou mais o fato de a taxa ter ficado acima da taxa de 2012 e ter contrariado o desejo do BC de que ela ficasse abaixo, avalia.

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