BC mantém projeção do PIB em 2,6% para este ano
Na semana passada, o BC cortou a Selic em 0,25 ponto percentual, ao menor patamar histórico de 6,5 por cento ao ano
Reuters
Publicado em 29 de março de 2018 às 08h53.
Última atualização em 29 de março de 2018 às 09h03.
O Banco Central manteve sua perspectiva de expansão da economia brasileira em 2,6 por cento este ano, mas passou a considerar que os investimentos terão maior papel nessa retomada, ao passo que o consumo do governo crescerá menos.
Segundo o Relatório Trimestral de Inflação publicado nesta quinta-feira, o BC passou a ver que Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF), uma medida de investimento, vai crescer 4,1 por cento em 2018, ante 3 por cento previstos em dezembro.
Segundo o BC, essa melhora ocorreu devido "à trajetória favorável nos índices de confiança dos empresários, à redução do endividamento das empresas no sistema financeiro e aos efeitos do ciclo de flexibilização na política monetária".
Na semana passada, o BC cortou a Selic em 0,25 ponto percentual, ao menor patamar histórico de 6,5 por cento ao ano, e indicou que deve reduzir os juros básicos mais uma vez em maio antes de encerrar o ciclo de distensão, mensagem repetida no relatório e que pegou de surpresa boa parte dos agentes econômicos na semana passada, já que haviam se posicionado para o fim do ciclo de afrouxamento monetário agora.
"Importante observar que o cenário para o ano corrente mostra composição de crescimento mais equilibrada da demanda doméstica, com perspectiva de variação positiva dos investimentos, após quatro anos de contração", trouxe o BC.
Ao mesmo tempo, o BC cortou pela metade a perspectiva de crescimento do consumo do governo em 2018, a 0,5 por cento, atribuindo o movimento ao cenário fiscal corrente.
A projeção para expansão do consumo das famílias, por sua vez, foi mantida em 3 por cento, "em linha com expectativa de evolução favorável da massa salarial ampliada e do crédito à pessoa física".
A estimativa do BC para a atividade seguiu, com isso, mais modesta que a projetada pelo mercado e pelos demais membros da equipe econômica. Na pesquisa Focus mais recente, feita pelo BC junto a uma centena de economistas todas as semanas, a expectativa de alta do PIB é de 2,89 por cento em 2018, enquanto que ministérios da Fazenda e do Planejamento estimam avanço de 2,97 por cento.
Juros
No relatório, o BC reforçou que a política monetária tem que reagir para assegurar que a inflação convirja para a meta numa velocidade adequada e ao mesmo tempo garantir que a conquista da inflação baixa perdure.
E reafirmou que um "estímulo monetário adicional" mitiga o risco de a inflação não convergir à meta oficial, em referência à nova redução da Selic indicada para maio. Segundo o BC, uma flexibilização monetária moderada adicional é vista neste momento como adequada.
Para a inflação medida pelo IPCA , o BC manteve sua projeção em 3,8 por cento para 2018 e 4,1 por cento para 2019, abaixo da meta e conforme divulgado na decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) na semana passada. Já para 2020, a estimativa passou a 4,0, sobre expectativa anterior de 4,1 por cento indicada em dezembro.
As metas oficiais de inflação são de 4,5 por cento este ano, 4,25 por cento em 2019 e 4,0 por cento em 2020, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.