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Banquete de energia barata do bitcoin vai acabar

Realizar o processo de decifração de código que cria a bitcoin requer grandes quantidades de eletricidade, quase o consumo de energia da Estônia ou do Peru

Energia: na china há excesso de geração de energia eólica e de carvão (Ssuaphoto/Thinkstock)

Karla Mamona

Publicado em 4 de janeiro de 2018 às 14h17.

São Paulo - A prática – em que os produtores de energia eólica e solar interrompem a geração quando há excesso de oferta em todo o sistema de eletricidade - tem sido um grande problema para o país nos últimos anos. Nas províncias Xinjiang e Gansu, do noroeste, cerca de um terço da geração eólica e um quarto da solar foram reduzidos no primeiro semestre de 2017, de acordo com a Bloomberg New Energy Finance.

As usinas geradoras de combustível fóssil ficaram ociosas durante mais da metade do tempo, e, em todos os combustíveis, as taxas de utilização mal ficaram acima de 12 horas por dia desde 2014. Em meio a esse excesso, o bitcoin tem sido uma benção para os geradores.

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Realizar o processo de decifração de código que cria a criptomoeda requer grandes quantidades de eletricidade: entre 8,27 terawatt-hora por ano e 37,22 TWh por ano, quase o consumo de energia da Estônia ou do Peru, dependendo de quais valores você considera confiáveis. Isso significa que os mineiros de moeda digital de todo o mundo se reuniram nas regiões onde a energia é mais barata. Nos últimos anos, este lugar foi a China.

Um mapa recente de onde essas minas estão localizadas, elaborado pela Bloomberg News, mostra um quadro notavelmente parecido com as imagens de onde a oferta da matriz do país é mais abundante.

Ao longo da fronteira norte da China, há excesso de geração de carvão e, em Xinjiang, de geração eólica. Nas províncias Sichuan, Yunnan e Guizhou, do sudoeste, a ambiciosa construção de barragens provocou um excesso de hidroeletricidade. Ao oferecer combustível barato aos parques de criptografia do bitcoin, os geradores conseguiram melhorar os escassos retornos de seus ativos fixos.

O Banco Popular da China delineou planos para limitar o uso de energia por alguns mineiros de bitcoin em uma reunião a portas fechadas na quarta-feira, disseram pessoas familiarizadas com o assunto à Bloomberg News. Mas o modelo de negócios talvez já esteja ameaçado, independentemente da regulamentação bancária, devido à forma como o sistema de energia da China está mudando.

Cansada de desperdiçar eletricidade, Pequim introduziu nos últimos anos medidas para evitar a construção de geração excedente e para transferir a eletricidade disponível aos lugares onde ela é mais necessária.

À exceção de uma, todas as 16 linhas da rede de transmissão de ultra-alta tensão da China, destinada a deslocar os elétrons das províncias excessivamente abastecidas do norte e do oeste em direção ao leste, onde a energia é escassa, devem ficar prontas neste ano. Em novembro, a Administração Nacional de Energia do país prometeu acabar com o desperdício de energia renovável até 2020.

Isso já está surtindo efeito: apenas 7% da produção em parques operados pela maior geradora de energia eólica do país, a China Longyuan Power Group, foi reduzida em novembro, o 10º mês consecutivo de melhoria, escreveu Nelson Lee, analista do Banco Industrial e Comercial da China, em uma nota aos clientes no mês passado. Após anos de crescimento precipitado, o aumento da capacidade de energia instalada da China atingiu o ritmo anual mais lento desde pelo menos 2010 no trimestre de dezembro.

À medida que essas medidas absorvem o excesso de geração da China, a vida dos mineiros de bitcoin que se esbaldaram com alguns dos preços de energia mais baratos do mundo pode ficar cada vez mais difícil. Esse banquete pode terminar em breve.

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