Bancos elevam expectativa para crédito pela 7ª vez consecutiva, diz Febraban
As projeções para este ano cresceram tanto nas carteiras de recursos livres quanto nas de recursos direcionados
Estadão Conteúdo
Publicado em 16 de novembro de 2022 às 13h22.
Os bancos elevaram pela sétima vez consecutiva suas projeções para o crescimento do crédito no Brasil este ano, de acordo com a Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Federação Brasileira de Bancos (Febraban). A expectativa é de que o crescimento da carteira total seja de 14,1% em relação a 2021. Em setembro, a projeção era de alta de 13,9%.
As projeções para este ano cresceram tanto nas carteiras de recursos livres quanto nas de recursos direcionados. No primeiro caso, passaram de 16,7% de alta para 17,3%; no segundo, de 9,3% de crescimento para 10,2%, segundo a Febraban.
Os dois números tiveram contribuição dos empréstimos para pessoas físicas, embora na carteira direcionada, as novas rodadas de programas governamentais também tenham contribuído para o ajuste.
A melhoria na carteira de pessoas físicas este ano, de 17,2% para 18,2%, veio com o crescimento da atividade econômica e do consumo, que estimulam a contratação de linhas como o cartão de crédito e o crédito pessoal.
"Para este ano, a revisão positiva se deve à melhora das expectativas da atividade econômica, ao crescimento maior do que o esperado do mercado de crédito, além da reedição dos programas públicos de crédito, como Pronampe e FGI-Peac, que seguem com demanda alta", afirma Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
Para 2023, também houve revisão positiva, de alta de 8% para alta de 8,4%. Segundo Sardenberg, o ajuste mais relevante foi na carteira de recursos livres, em que a projeção de crescimento passou de 9,3% para 10% entre uma pesquisa e outra.
"Esta nova revisão positiva reforça, mais uma vez, a capacidade do setor bancário de manter e ampliar a oferta de crédito, que foi uma das alavancas que permitiu este desempenho positivo da economia em 2022", diz ele.
Inadimplência
Por outro lado, os bancos pioraram as estimativas para a inadimplência acima de 90 dias no final deste ano. Na pesquisa anterior, a expectativa era de índice de atrasos de 3,9% no final de dezembro; na atual, a projeção é de índice de 4,3%. Para o ano que vem, a previsão passou a ser de inadimplência de 4,6%, ante os 4,2% estimados anteriormente.
Na temporada de balanços dos grandes bancos, encerrada na semana passada, as instituições sinalizaram esperar uma piora dos índices de inadimplência nos próximos meses, à medida que a renda da população é pressionada pela inflação persistente e pelos juros altos. A deterioração observada até aqui vem justamente de linhas como o cartão e o crédito pessoal, que têm crescido de forma mais acelerada.
Estimativas macroeconômicas
A Febraban também perguntou aos bancos sobre suas percepções para a taxa Selic, o PIB e a inflação, entre outros indicadores. No caso dos juros, 60% dos participantes esperam que os juros comecem a cair no segundo trimestre de 2023. Os demais acreditam que o movimento acontecerá no terceiro trimestre.
Para o PIB, a expectativa de 70% é de que a atividade desacelere nos próximos trimestres, e que o PIB cresça de 0,5% a 1% no ano que vem. 25% dos entrevistados, porém, anteveem desaceleração maior, com crescimento de até 0,5% em 2023.
Para a inflação, 60% dos participantes acreditam que superará o teto da meta no ano que vem, mais uma vez, enquanto os 40% restantes esperam que o IPCA fique abaixo do teto, mas acima do centro da meta, que é de 3,25%.
A pesquisa da Febraban foi realizada com 20 bancos entre os dias 3 e 8 de novembro. As rodadas são realizadas a cada 45 dias, logo após a divulgação da ata da reunião mais recente do Copom, e reúnem as percepções dos bancos tanto sobre o documento quanto sobre o desempenho da carteira de crédito no ano corrente e no seguinte.
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