Coreia do Norte: outras agências disseram que as restrições começaram há algum tempo, mas não souberam precisar a data (Damir Sagolj/Reuters)
AFP
Publicado em 12 de setembro de 2017 às 16h15.
Agências dos maiores bancos chineses suspenderam transações financeiras para norte-coreanos - disseram funcionários à AFP, sugerindo que Pequim adotou medidas mais duras contra seu vizinho aliado do que se imaginava.
A equipe de filiais em Pequim e na cidade fronteiriça de Yanji - um importante centro comercial e de transportes entre os dois países - disse que seus bancos proibiram norte-coreanos de abrirem novas contas, e alguns até fecharam contas já existentes.
As restrições foram estabelecidas bem antes de o Conselho de Segurança das Nações Unidos aprovar por unanimidade, com a concordância da China, novas sanções a Pyongyang nesta segunda-feira (11), após o último teste nuclear, o mais potente até então.
Funcionários de diversas agências dos quatro maiores bancos de fomento do país - Industrial and Commercial Bank of China, Agricultural Bank of China, China Construction Bank - e o central Bank of China confirmaram as retrições financeiras a clientes norte-coreanos.
"Nós congelamos suas contas, o que significa que eles não podem sacar (dinheiro)", disse um membro de uma filial do China Construction Bank de Yanji à AFP.
"Eles não podem mais usar (suas contas) em Yanji, bem como nossos serviços. Nós já começamos a avisar para cancelarem suas contas. Se eles puderem fazer isso, vamos deixá-los cancelarem. Se não puderem, não vamos deixá-los usá-las", disse o bancário.
Um funcionário do Industrial and Commercial Bank of China de Yanji disse que as restrições começaram no ano passado.
"Nós também não vamos abrir novas contas. Não oferecemos nenhum serviço a eles. Abertura de contas, ou operações em moedas estrangeiras, não oferecemos", afirmou.
Outras agências disseram que as restrições começaram há algum tempo, mas não souberam precisar a data.
Há relatos de um documento escrito sobre a produção, mas a maioria das fontes comenta que essa mensagem foi passada verbalmente.
Um funcionário da filial em Pequim do China Construction Bank disse que eles receberam a notícia em maio, e os norte-coreanos já não podem realizar transações.
Já no Agricultural Bank of China, um bancário de Pequim afirmou que os vizinhos não podem abrir novas contas, mas podem operar as que já estão abertas.
Zhang Liangui, professor na escola do Comitê Central do Partido Comunista Chinês, disse que a proibição é "bem normal" e segue as resoluções da ONU.
"Bancos chineses restringirem o fluxo entre (China e) Coreia do Norte é restringir o comércio como um todo", explicou Zhang.
"Isso basicamente almeja a limitar as divisas estrangeiras na Coreia do Norte e cortar (o fornecimento de) receitas estrangeiras de que precisa para desenvolver seus projetos nucleares", alegou.
Uma resolução do Conselho de Segurança da ONU de 2013 estipula que Estados-membros devem paralisar serviços financeiros, ou transações, que possam subsidiar o programa nuclear da Coreia do Norte.
A China é acusada, há muito tempo, de não aplicar com severidade as sanções da ONU à Coreia do Norte. O presidente americano, Donald Trump, queixou-se, no começo deste ano, de que as trocas comerciais entre os dois países aumentaram no primeiro trimestre.
Em junho, os Estados Unidos aplicaram sanções ao Bank of Dandong, um banco chinês sediado na fronteira com a Coreia do Norte, que enfrentava acusações de "facilitar milhões de dólares em transações para empresas envolvidas nos programas balístico e de mísseis da Coreia do Norte".
A China insistiu que cumpre as sanções da ONU. Em fevereiro, Pequim suspendeu as importações de carvão da Coreia do Norte e, mais recentemente, baniu novos negócios e parou de comprar ferro, pescado e frutos do mar e chumbo de seu vizinho.
A China também apoiou a resolução da ONU desta segunda-feira, a qual proíbe exportação de produtos têxteis e restringe o envio de derivados de petróleo.
O apoio se materializou apenas depois de Washington ter atenuado sua proposta original para garantir a adesão de Pequim e de Moscou.