Economia

Banco Central fará o que for preciso para atingir a meta de inflação, afirma Campos Neto

Presidente do BC disse que dados de inflação do Brasil ainda não dão conforto ao Copom

César H. S. Rezende
César H. S. Rezende

Repórter de agro e macroeconomia

Publicado em 28 de agosto de 2024 às 11h14.

Última atualização em 28 de agosto de 2024 às 11h24.

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira, 28, que o BC "fará o que for preciso" para atingir a meta de inflação estimada em 3% para este ano. A meta será considerada cumprida se o índice oscilar entre 1,5% e 4,5%. Durante a 25ª Conferência Anual Santander, Campos Neto afirmou que os dados de inflação ainda não dão conforto à autoridade monetária.

Na terça-feira, 27, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), indicador que é a prévia da inflação oficial do Brasil, fechou em agosto em 0,19%, queda em relação a julho, com uma inflação acumulada de 4,35% nos últimos 12 meses.

De acordo com o presidente do BC, o governo do presidente Lula tem se esforçado para elevar as receitas e diminuir o déficit público. "Nós [Banco Central] reconhecemos que o exercício tem sido difícil". Ainda assim, segundo ele, mesmo com o empenho do Ministério da Fazenda, "as despesas têm subido acima das receitas neste e nos últimos anos".

Na semana passada, Campos Neto declarou que a instituição pode elevar a taxa Selic, atualmente em 10,50% ao ano, se necessário. Ele admitiu que tanto economistas quanto ele próprio têm cometido erros nas projeções de crescimento econômico. No entanto, Campos Neto ressaltou que a economia brasileira apresenta sinais de força.

O presidente do Banco Central afirmou que a assimetria de balanço não deve ser interpretada como um direcionamento explícito para futuras políticas monetárias. Ele destacou a preferência da instituição por não fornecer orientações precisas – guidance – sobre suas ações futuras.

Segundo Campos Neto, a melhor forma de manter a credibilidade do BC é garantir transparência na comunicação, e reconheceu a necessidade de aprimorar a clareza e a eficácia na forma como o BC se comunica com o mercado e a sociedade.

Sucessão na presidência do Banco Central

Na terça-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o novo presidente do Banco Central pode ser indicado pelo governo até o início de setembro.

Com o mandato que vence em dezembro deste ano, Campos Neto disse que fará uma transição civilizada e suave para quem o governo indicar. "Precisamos dar continuidade, independente se pensamos igual ou parecido. Faz parte da institucionalidade".

Campos Neto ressaltou que conversou com Haddad para que o anúncio de quem ocupará sua cadeira a partir de janeiro de 2025 seja antecipado. "Estou disposto a fazer a transição do jeito mais suave possível. É um tema da instituição Banco Central".

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