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Balança forte em 2003 depende de dólar alto e mais capacidade instalada

BBV questiona excesso de otimismo para a balança em 2003

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 11h02.

A pressão cambial trouxe ao menos um fato positivo: o resultado da balança comercial, que, por sinal, não pára de ter sua projeção revista para cima.

No último relatório Focus, divulgado ontem pelo Banco Central, que pesquisa semanalmente junto a instituições financeiras as expectativas do mercado em relação a uma série de índices econômicos, a expectativa do superávit da balança comercial elevou-se de US$ 12 bilhões neste ano para US$ 12,5 bilhões _no início do ano, esperava-se um saldo positivo de não mais de US$ 5 bilhões.

A projeção média para o próximo ano também subiu, passando de US$ 15,06 bilhões para US$ 15,10 bilhões.

Mas o economista Octavio de Barros, do BBV Banco, coloca uma questão no ar: será essa estimativa de alta uma bolha que não pára de inflar? Ele acredita que é preciso ter mais cautela com relação a essas estimativas. Alguns analistas mais otimistas chegam a acreditar que o saldo será positivo em cerca de US$ 20 bilhões. Na projeção do BBV, o resultado ficará em aproximadamente US$ 14 bilhões.

Segundo relatório do banco, em grande parte, a contínua e otimista revisão dos números ocorreu em função da taxa de câmbio, que durante a maior parte do ano não parou de subir e é uma das variáveis mais importantes para as projeções da balança comercial.

No início do ano, por exemplo, o BBV estimava que o dólar teria uma taxa média ao longo do ano de R$ 2,47. Na prática, esse valor foi de R$ 2,95.

Outro ponto apontado pelo banco como mola propulsora das exportações é a conquista de novos mercados. O caso do acordo com o México, por exemplo, beneficiou as exportações do setor automobilístico. O crescimento das vendas para a China também teve um peso fundamental. Até outubro, as exportações para esse país cresceram 26,45%.

O recuo na economia doméstica também acabou estimulando as vendas ao exterior, já que gerou excedente de produtos a serem comercializados.

A ressalva que o BBV faz, porém, é que ao analisar os dados do aumento das exportações neste ano, nota-se que ele não foi generalizado, mas, sim, concentrado em alguns produtos.

"Mesmo no caso de uma eventual continuidade de trajetória de depreciação cambial, o espaço para crescimento mais robusto das exportações tende a ser limitado, uma vez que se esbarra em limites de capacidade instalada de alguns segmentos exportadores e, além disso, depende-se da abertura de outros mercados para os produtos brasileiros."

Considerando a manutenção do atual quadro, inclusive o externo, seria difícil a materialização de uma nova resposta tão robusta das exportações ao câmbio como a ocorrida neste ano no caso de uma nova trajetória de alta do dólar , diz o relatório do banco.

Ao mesmo tempo, o BBV espera uma retomada das importações no próximo ano, quando acredita que ocorrerá uma certa reativação a economia, inclusive com um consumo interno um pouco maior.

Apesar de a balança comercial ter surpreendido a todos ao longo deste ano, a conclusão do BBV é que o Brasil ainda está longe de ser uma grande plataforma de exportações. Por isso todo cuidado é pouco antes de se prever saldos comerciais tão robustos.

Os números de novembro

É importante destacar, entretanto, a dinâmica das exportações e das importações no mês passado. Em relação a outubro, enquanto as exportações registraram queda de 8,8% da média diária dessazonalizada, as importações cresceram 4,8% na mesma comparação. Era de se esperar que as exportações registrassem queda após os recordes observados nos meses anteriores, que talvez ainda contivessem algum efeito da greve dos fiscais da Receita.

Da mesma forma, também era de se esperar que as importações pudessem mostrar uma lenta recuperação, dado os níveis impressionantemente baixos que se tem observado.

Apesar desse recuo na margem das exportações, o dinamismo das vendas externas ao longo do ano fica bastante nítido quando analisamos os dados descontados do efeito da queda das exportações para a Argentina. Assim, enquanto as exportações totais registram crescimento de 2,3% no acumulado do ano, as exportações para os demais países excluída a Argentina cresceram 7,9%.

Em relação aos grupos de exportação, a venda de produtos básicos, com destaque para os óleos brutos de petróleo, continua sendo a responsável pelo crescimento das exportações totais acumuladas neste ano. Destacam-se também as vendas do complexo soja (grão, farelo e óleo), os semimanufaturados de ferro e aço, alumínio em bruto, motores para veículos e açúcar refinado.

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