Balança comercial brasileira não deve demorar para voltar ao vermelho
Segundo a Oxford Economics, mesmo em um cenário extremo de desvalorização cambial permanente ao redor de 20%, país volta ao déficit após apenas dois anos
Ligia Tuon
Publicado em 21 de setembro de 2020 às 13h34.
Última atualização em 21 de setembro de 2020 às 14h30.
A balança comercial brasileira passou por uma reversão de seus tradicionais déficits em meio à pandemia do coronavírus.
No país, assim como no México, a expressiva queda nas importações, decorrentes da redução da demanda interna, junto à desvalorização da moeda local em relação ao dólar explicam essa nova dinâmica. No caso do Brasil, o superávit comercial chegou a 2% do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre. É muito pouco provável, porém, que a conta corrente nos países siga no azul, segundo a Oxford Economics.
Segundo modelo econômico feito pela casa de análise, ligada à Universidade britânica de mesmo nome, mesmo em um cenário extremo de desvalorização cambial permanente ao redor de 20%, Brasil e México voltam ao déficit após apenas dois anos.
"O ajuste externo verificado em 2020 foi muito mais um produto da demanda doméstica deprimida do que de depreciações cambiais", disse a casa em relatório. Para o Brasil, nem mesmo uma repetição da queda do PIB de 2015-2016 (a maior já registrada até então) seria suficiente para que a conta corrente continuasse superavitária após 2020.
Pela simulação da Oxford, a conta corrente brasileira ainda responderia a essa desvalorização de forma agressiva no ano seguinte, com superávit de 1,5 pontos percentuais do PIB, mas não o suficiente para evitar a reversão para um déficit pequeno, mas cada vez maior, a partir de 2021.
No México, a conta corrente também melhora, mas muito menos, com adição de 0,5 p.p. do PIB após um ano, o que significa que também não poderia evitar um retorno ao território deficitário em 2022.
Brasil segue como líder
Os países da América Latina passam por um processo de recuperação econômica desde o pior momento da crise, verificado em abril, em função da abertura gradual das atividades. A semana que terminou em 11 de setembro, foi a terceira seguida de aceleração de atividade, embora com menor aceleração, segundo a Oxford.
Nessa linha, por ser o país mais avançado na abertura, o Brasil permanece como líder no que diz respeito à recuperação dos níveis de PIB pré-pandêmicos e deve continuar sendo até o fim do ano.
O Brasil ainda lidera o grupo, pois seu processo de reabertura constante trouxe o rastreador de atividade para 4,3% abaixo dos níveis pré-pandêmicos, e o México ficou em segundo lugar com 17,4% abaixo.
Todos os países registraram melhorias, mas apenas Argentina e Peru tiveram aceleração da atividade. A Argentina teve o maior ganho, de 5,2 pontos percentuais, uma recuperação da queda de 0,8 p.p. na semana anterior. O avanço de 4,3 pontos da Colômbia ficou em segundo lugar, seguido por 2,3 pontos no Chile.
O Peru acelerou na semana anterior com 2 pontos. Por último, Brasil (+ 1,9 pontos) e México (+ 0,5 pontos) registraram os menores ganhos.
A rápida recuperação da Colômbia trouxe a atividade para 21% abaixo dos níveis de fevereiro, ainda acima dos 27,9% do Chile. Peru e Argentina permanecem parados em mais de 30%.
Os dados de mobilidade até agora sugerem que o PIB da América Latina poderia crescer 13,3% no terceiro trimestre ante o período imediatamente anterior, acima de projeção anterior da Oxford, de 10,6%.
O Peru será a economia de crescimento mais rápido no terceiro trimestre, segundo a casa de análise (+ 24,1% t / t), em linha com um aumento na mobilidade, enquanto o processo de reabertura interrompido do Chile em maio-junho significa que provavelmente será a mais lenta (+ 6,6% t / q).