Balança comercial Brasil-EUA deteriora e ameaça Alca, diz CNI
Os países que compõem as Américas respondem por 50% das exportações brasileiras. Mas os empresários brasileiros estão receosos quanto a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e não satisfeitos com o rumo que o comércio exterior dentro do bloco está tomando. Talvez pelo fato de as exportações brasileiras para o principal mercado, os Estados […]
Da Redação
Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h23.
Os países que compõem as Américas respondem por 50% das exportações brasileiras. Mas os empresários brasileiros estão receosos quanto a Alca (Área de Livre Comércio das Américas) e não satisfeitos com o rumo que o comércio exterior dentro do bloco está tomando. Talvez pelo fato de as exportações brasileiras para o principal mercado, os Estados Unidos, estarem diminuindo em ritmo considerável. Apesar de ter registrado um superávit nas transações com o país de 2,7 bilhões de dólares de janeiro a agosto deste ano, o comércio bilateral diminuiu 9% no mesmo período.
O resultado da corrente comercial e de superávits brasileiros estão, segundo a CNI, intimamente ligados ao volume de importações do Brasil daquele país. "Depois de se manterem estáveis em 2001, as importações brasileiras dos EUA experimentaram queda acentuada nos primeiros oito meses de 2002 _21% frente a igual período do ano passado", afirma o estudo. Os aviões, que são o grande tema da pauta de exportação brasileira, também são os produtos que mais demandam componentes importados dos Estados Unidos em 2001.
Enquanto o ano passado registrou a maior corrente comercial entre os dois países: 27 bilhões de dólares, de janeiro a agosto deste ano, esse volume chegou apenas a 16,9 bilhões de dólares (leia estudo completo ao lado).
Esse fator torna essencial a melhoria das condições de acesso do Brasil nesse mercado, segundo o documento feito pela Coalizão Empresarial Brasileira, supervisionado pela CNI (Confederação Nacional da Indústria). "O modelo da Alca deverá necessariamente ser compatível com as regras da OMC e respeitar o princípio de coexistência da área de livre comércio com acordos sub-regionais e bilaterais de natureza distinta ou mais profundos que se encontram vigentes no continente", afirma o documento divulgado nesta quinta-feira pelos empresários brasileiros.
Provavelmente, a agenda foi motivada pela onda de protecionismo americano que afeta as exportações brasileiras. "O unilateralismo e o protecionismo, que marcaram a estratégia comercial norte-americana, especialmente no primeiro semestre de 2002, acirraram o contencioso comercial entre o Brasil e os Estados Unidos. A elevação das tarifas de importações sobre produtos siderúrgicos e a aprovação de um pacote de subsídios ao setor agrícola a Farm Bill 2002 são os exemplos mais evidentes do conteúdo protecionista de recentes medidas comerciais dos EUA, que afetam diretamente os interesses brasileiros, afirma a CNI em seu relatório Comércio Exterior em Perspectiva.
Leia ao lado e veja as íntegras dos documentos divulgados pela CNI, que incluem as salvaguardas impostas pelos Estados Unidos, as tabelas com a balança comercial Brasil-EUA desde 1990, as tabelas de produtos mais exportados e importados, os produtos brasileiros que perderam mercado americano, as perspectivas para o crescimento da América Latina; a relação do câmbio com a balança comercial.
O documento da Coalizão Empresarial Brasileira inclui pontos como: acesso a mercados, agricultura, serviços, medidas antidumping e subsídios, investimentos, serviços, compras governamentais, política de concorrência e propriedade intelectual.