BCE: há perspectivas conflitantes sobre até onde o banco deve ir para reviver os empréstimos na zona do euro (REUTERS/Lisi Niesner)
Da Redação
Publicado em 6 de outubro de 2014 às 11h53.
Frankfurt/Paris - A decisão sem precedentes do Banco Central Europeu (BCE) de usar ajuda externa para novas compras de ativos está criando conflitos entre as autoridades, destacando a dificuldade do BCE para ponderar decisões de política monetária ainda mais extremas.
O presidente do BCE, Mario Draghi, delineou na semana passada novos programas sob os quais o banco central da zona do euro vai começar dentro de semanas a comprar títulos lastreados em ativos (ABS, na sigla em inglês), que securitizam empréstimos bancários, e bônus cobertos, com garantia em ativos sólidos como imóveis.
Preocupado de que bancos centrais individuais não tenham a habilidade necessária, o BCE planeja empregar um banco ou gestor de recursos profissional externo para comprar os títulos em seu nome, ao menos inicialmente.
No entanto, dentro do Conselho do BCE há perspectivas conflitantes sobre até onde o banco deve ir para reviver os empréstimos na zona do euro e como estas compras de dívidas devem ser executadas.
O presidente do BC alemão, Jens Weidmann, não tem se furtado a expressar sua insatisfação acerca do plano de compra de ABS, dizendo que o BCE não deve tomar riscos dos bancos e repassá-los aos contribuintes. Políticos alemães também levantaram objeções.
Outros, como o presidente do banco central francês, Christian Noyer, discordam sobre a maneira como o BCE quer realizar as compras, disseram à Reuters duas fontes familiariazadas com a discussão. "Noyer não quer deixar isso ao setor privado", disse uma das fontes à Reuters. O banco central francês não quis comentar sobre o assunto.
Um porta-voz do BCE disse que as discussões do Conselho são confidenciais. "As compras de ABS vão começar neste trimestre depois que fornecedores externos de serviços tenham sido selecionados. O processo de contratação está em andamento", disse ele em comunicado por email. O braço de gestão de ativos do Deutsche Bank, DWS, foi citado como possível candidato para as compras de ABS, disseram duas outras fontes à Reuters. Não está claro quanto valeria tal acordo.
O Deutsche Bank se recusou a comentar.
O Conselho pode tomar uma decisão em sua reunião na próxima semana ou na reunião de política monetária de novembro, disseram uma das fontes e duas fontes separadas com conhecimento do assunto.