Economia

Aumento na gasolina deve acelerar IPC-S a 0,66% em outubro

"Em princípio, deve ficar restrito a outubro. Esse 0,20 ponto tem a influência direta da alta da gasolina e também o efeito indireto que vem do etanol", disse


	Inflação: quanto ao reajuste de 4% do diesel nas refinarias, que tende a ter impacto indireto na inflação, por meio do encarecimento de frete, por exemplo, Picchetti ponderou que há pouco espaço para repasse
 (Marcelo Camargo/ABr)

Inflação: quanto ao reajuste de 4% do diesel nas refinarias, que tende a ter impacto indireto na inflação, por meio do encarecimento de frete, por exemplo, Picchetti ponderou que há pouco espaço para repasse (Marcelo Camargo/ABr)

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Da Redação

Publicado em 1 de outubro de 2015 às 14h17.

São Paulo - O aumento de 6% no preço da gasolina nas refinarias deve ter um efeito de 0,20 ponto porcentual na inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S), caso o reajuste seja passado de forma integral ao varejo.

O cálculo é do coordenador do IPC-S, Paulo Picchetti, do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da Fundação Getulio Vargas (FGV).

"Em princípio, deve ficar restrito a outubro. Esse 0,20 ponto tem a influência direta da alta da gasolina e também o efeito indireto que vem do etanol", disse, ao imaginar que o preço do etanol também tende a subir para "acompanhar e ficar competitivo".

Quanto ao reajuste de 4% do diesel nas refinarias, que tende a ter impacto indireto na inflação, por meio do encarecimento de frete, por exemplo, Picchetti ponderou que há pouco espaço para repasse.

"Há a dificuldade de saber o quanto disso irá para o produto final. O próprio setor de Transportes está vivendo um momento complicado, com a atividade em retração", afirmou.

Devido ao reajuste no preço da gasolina, o economista da FGV espera que o IPC-S de outubro feche com uma taxa maior, em 0,66%, em relação à de 0,42% apurada em setembro.

A estimativa também está acima da variação de 0,43% registrada em outubro de 2014. Além da pressão do combustível, ele estima que a inflação de alimentos também eleve o IPC-S deste mês.

"No IPC-S de setembro, teve pressão de Alimentação, por causa da queda menos intensa de hortaliças e legumes, e que deve continuar", contou.

No IPC-S do mês passado, o grupo Alimentação teve taxa positiva de 0,32%, após queda de 0,08% no oitavo mês do ano, enquanto hortaliças e legumes cederam 7,56%, depois de recuo de 10,28%.

Em razão do ano passado ter mostrado uma inflação um pouco menos pressionada ante agora, Picchetti acredita que o IPC-S acumulado em 12 meses irá desacelerar nas próximas leituras, como aconteceu em setembro.

Nesta pesquisa, o IPC-S acumulou 9,65% em 12 meses, após 9,73% em 12 meses até agosto. "Já começou a desacelerar. O pico foram esses 9,73% em agosto. Mesmo que a taxa média mensal fique relativamente elevada, deve fechar o ano com uma taxa inferior a essa marca (9,73%)", afirmou.

Com dólar alto e pressão de combustíveis e alimentos, Picchetti revisou para cima a projeção para o IPC-S do fim deste ano, de 8,60% para 9,30%.

Conforme ele, a previsão está mais alinhada à do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), na pesquisa Focus, do Banco Central, que está em 9,46% para 2015.

Se a alta de 9,30% for confirmada, será a maior da série histórica da FGV, iniciada em 2002. "Se pegarmos uma série histórica maior, certamente voltaremos para os anos 90. Iremos para um patamar novo (e elevado) de inflação, o qual esperamos que não perdure", avaliou.

Também devido à pressão cambial, o economista e professor do Ibre/FGV não descarta por completo novo reajuste nos preços dos combustíveis, nem que seja por meio da Cide, na tentativa de ajustar as contas públicas, dado o impasse em relação ao ajuste fiscal.

Em sua visão, o aumento nos preços da gasolina e do diesel, que pegou muitos de surpresa, tem um fato novo que é a sinalização de uma política de independência da Petrobras.

"Por isso também que digo que é difícil não ocorrer uma nova alta, ainda mais com o câmbio depreciado, que cria condição adicional para isso, e também num esforço de ajustar as contas públicas. De forma nenhuma parece que está descartado", finalizou.

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