Economia

Aumento de PIS/Cofins irá gerar R$ 10,4 bilhões para o governo

Mesmo assim, ainda será necessário cortar R$ 5,9 bilhões em despesas para fazer frente ao rombo que existe hoje no Orçamento sem descumprir a meta fiscal

Impostos: a alíquota do PIS/Cofins para a gasolina mais que dobrará (Vinicius Tupinamba/Thinkstock)

Impostos: a alíquota do PIS/Cofins para a gasolina mais que dobrará (Vinicius Tupinamba/Thinkstock)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 20 de julho de 2017 às 18h34.

Última atualização em 20 de julho de 2017 às 18h40.

Brasília - A área econômica do governo anunciou, por meio de nota, um aumento de PIS/Cofins sobre combustíveis para tentar arrecadar R$ 10,4 bilhões a mais neste ano.

Mesmo assim, ainda será necessário cortar R$ 5,9 bilhões em despesas para fazer frente ao rombo que existe hoje no Orçamento sem colocar em risco o cumprimento da meta fiscal deste ano, de déficit de R$ 139 bilhões.

A ampliação do corte ocorre em meio às reclamações de diversos órgãos que estariam estrangulados pela falta de recursos.

Alguns deles, como as polícias Federal e Rodoviária Federal, chegaram a ameaçar paralisar seus serviços.

O valor total do contingenciamento em vigor neste ano subirá para R$ 44,9 bilhões, superando inclusive o bloqueio inicial anunciado no fim de março, de R$ 42,1 bilhões.

A nota foi divulgada de maneira conjunta pelos ministérios da Fazenda e do Planejamento, depois de o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, confirmar na portaria da sede da pasta em Brasília que haverá aumento de tributos.

As medidas anunciadas pretendem ajudar o governo em R$ 16,3 bilhões para o alcance da meta fiscal.

A alíquota do PIS/Cofins para a gasolina mais que dobrará, passando dos atuais R$ 0,3816 por litro para R$ 0,7925 por litro.

A estimativa de arrecadação com o aumento é de R$ 5,191 bilhões até o fim do ano. Já a alíquota para o diesel subirá de R$ 0,2480 por litro para R$ 0,4615 por litro do combustível, com reforço de receitas de R$ 3,962 bilhões ao Tesouro até o fim do ano.

O aumento do PIS/Cofins para os produtores de etanol será menor, passando de R$ 0,1200 por litro para R$ 0,1309 por litro, com impacto de apenas R$ 114,90 milhões na arrecadação.

Na distribuição do etanol, o PIS/Cofins estava zerado, mas voltará a ser cobrado em R$ 0,1964 por litro, com uma receita esperada de R$ 1,152 bilhão ainda este ano.

"O aumento das alíquotas do PIS/Cofins sobre combustíveis é absolutamente necessário tendo em vista a preservação do ajuste fiscal e a manutenção da trajetória de recuperação da economia brasileira", afirmaram as pastas.

O presidente Michel Temer já assinou o decreto que eleva as alíquotas.

Desde a quarta-feira, 19, fontes do governo admitiam que um aumento de impostos teria "impacto político", justamente no momento em que Temer tenta angariar votos para derrotar a denúncia contra ele no Congresso Nacional.

A ampliação do corte em meio às reclamações dos ministérios por falta de recursos deve ampliar ainda mais esse impacto.

A equipe econômica espera compensar esse bloqueio adicional com o recolhimento de receitas extraordinárias previstas para o segundo semestre.

No entanto, economistas e o próprio Tribunal de Contas da União (TCU) já alertaram o governo para a incerteza que ronda essas receitas.

O relatório de avaliação de receitas e despesas primárias, com o detalhamento do contingenciamento, será divulgado amanhã (21), pelo Planejamento e pela Receita Federal.

O ministro da Fazenda viaja ainda nesta quinta-feira, 20, para Mendoza, na Argentina, onde participará da cúpula do Mercosul.

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