Aumento de calotes desacelera lucro de grandes bancos
Resultado dos grandes bancos de capital aberto no 3º trimestre também foi afetado por tímida expansão do crédito e adiantamento do impacto do reajuste salarial
Da Redação
Publicado em 15 de novembro de 2015 às 16h29.
São Paulo - O aumento dos calotes pesou no resultado dos grandes bancos de capital aberto no terceiro trimestre e, associado à tímida expansão do crédito e ao adiantamento do impacto do reajuste salarial, fez com que o crescimento dos lucros desacelerasse para apenas um dígito.
Embora o esforço dessas instituições no garimpo de margens financeiras e receitas com serviços e tarifas maiores tenha compensado em partes, a sinalização é de que a recessão econômica vai impactar de forma mais intensa o desempenho dessas instituições.
Juntos, Banco do Brasil , Bradesco, Itaú e Santander registraram lucro líquido contábil de R$ 14,654 bilhões de julho a setembro, montante 7,53% maior que um ano. Nos trimestres anteriores, os crescimentos foram de 14% e 19%, nesta ordem. Se considerados efeitos extraordinários, o resultado foi de R$ 14,978 bilhões, 15,64% superior em relação ao terceiro trimestre de 2014.
As despesas com provisão para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, pesaram no resultado dos grandes bancos e também no BB, que divulgou nesta semana seus números do trimestre.
A instituição elevou seu saldo em mais de R$ 4,5 bilhões de junho para setembro, para mais de R$ 34 bilhões, fazendo com que seus gastos para calotes crescessem quase 16% no trimestre e mais de 40% em um ano. Parte entrou como um reforço adicional pegando uma carona no ganho contábil com a majoração da CSLL.
Apesar de o montante de provisão refletir o ambiente econômico atual, o vice-presidente do BB, José Mauricio Coelho, admitiu que a linha tem impedido o banco de entregar um retorno melhor. Isso fez, inclusive, a instituição revisar para baixo sua expectativa deste ano. Agora, espera algo entre 13% a 16% ante intervalo de 14% a 17%. Ao final de setembro, ficou em 13,7%.
Reforços nas provisões também foram feitos por Bradesco, Itaú e Santander. O saldo, considerando o BB, foi a R$ 115,5 bilhões ao final de setembro, cifra 27,3% maior em um ano e 16,6% no trimestre. Os gastos com calotes, por sua vez, aumentaram cerca de 21% e 12%, nesta ordem, para quase R$ 19 bilhões.
O maior conservadorismo dos grandes bancos, antecipando-se a uma piora dos calotes, refletiu no índice de cobertura que ultrapassou a barreira dos 200% ao final de setembro. Para um afrouxamento do indicador, segundo essas instituições, só uma mudança significativa no cenário econômico, o que não deve se materializar tão cedo. "Se um cliente nosso atrasar um crediário, identificamos isso e já modificamos seu risco e também a provisão", exemplificou Coelho, do BB.
Do lado do crédito, o impulso extra veio do câmbio. BB, Bradesco, Itaú e Santander cresceram suas carteiras, fruto do perfil mais seletivo dessas instituições e menor demanda de indivíduos e empresas. Os guidances foram mantidos, com exceção do BB que revisou para baixo a projeção para pessoa jurídica. Raul Moreira, vice-presidente do banco, explicou que o ajuste reflete o menor apetite das empresas. Garantiu, porém, que o BB não está mais restritivo na liberação de recursos nem afrouxando suas políticas.
O BB além do impulso cambial também teve um reforço da troca da dívida da Petrobras de US$ 1 bilhão por outra operação no valor de R$ 4,075 bilhões. Apesar disso, no acumulado do ano, a carteira cresceu no piso do guidance anunciado, de alta de 7% a 11% para 2015. Nos privados, a expectativa também é de que a expansão do ano fique na ponta menor das projeções.
Ganhos gordos com a tesouraria, com exceção de alguns, aproveitando a volatilidade de setembro, quando o Brasil perdeu um dos selos de bom pagador, e receitas crescentes foram os pontos altos do terceiro trimestre.
Ainda há esperança dos grandes bancos que haja algum espaço de reprecificação das carteiras, o que pode continuar melhorando as margens no próximo trimestre, ainda que a selic esteja estável por ora. Um reforço adicional virá do aumento dos juros do consignado INSS, mas em menor escala já que o saldo de todo o sistema é em torno de R$ 86 bilhões, segundo o Banco Central.
São Paulo - O aumento dos calotes pesou no resultado dos grandes bancos de capital aberto no terceiro trimestre e, associado à tímida expansão do crédito e ao adiantamento do impacto do reajuste salarial, fez com que o crescimento dos lucros desacelerasse para apenas um dígito.
Embora o esforço dessas instituições no garimpo de margens financeiras e receitas com serviços e tarifas maiores tenha compensado em partes, a sinalização é de que a recessão econômica vai impactar de forma mais intensa o desempenho dessas instituições.
Juntos, Banco do Brasil , Bradesco, Itaú e Santander registraram lucro líquido contábil de R$ 14,654 bilhões de julho a setembro, montante 7,53% maior que um ano. Nos trimestres anteriores, os crescimentos foram de 14% e 19%, nesta ordem. Se considerados efeitos extraordinários, o resultado foi de R$ 14,978 bilhões, 15,64% superior em relação ao terceiro trimestre de 2014.
As despesas com provisão para devedores duvidosos, as chamadas PDDs, pesaram no resultado dos grandes bancos e também no BB, que divulgou nesta semana seus números do trimestre.
A instituição elevou seu saldo em mais de R$ 4,5 bilhões de junho para setembro, para mais de R$ 34 bilhões, fazendo com que seus gastos para calotes crescessem quase 16% no trimestre e mais de 40% em um ano. Parte entrou como um reforço adicional pegando uma carona no ganho contábil com a majoração da CSLL.
Apesar de o montante de provisão refletir o ambiente econômico atual, o vice-presidente do BB, José Mauricio Coelho, admitiu que a linha tem impedido o banco de entregar um retorno melhor. Isso fez, inclusive, a instituição revisar para baixo sua expectativa deste ano. Agora, espera algo entre 13% a 16% ante intervalo de 14% a 17%. Ao final de setembro, ficou em 13,7%.
Reforços nas provisões também foram feitos por Bradesco, Itaú e Santander. O saldo, considerando o BB, foi a R$ 115,5 bilhões ao final de setembro, cifra 27,3% maior em um ano e 16,6% no trimestre. Os gastos com calotes, por sua vez, aumentaram cerca de 21% e 12%, nesta ordem, para quase R$ 19 bilhões.
O maior conservadorismo dos grandes bancos, antecipando-se a uma piora dos calotes, refletiu no índice de cobertura que ultrapassou a barreira dos 200% ao final de setembro. Para um afrouxamento do indicador, segundo essas instituições, só uma mudança significativa no cenário econômico, o que não deve se materializar tão cedo. "Se um cliente nosso atrasar um crediário, identificamos isso e já modificamos seu risco e também a provisão", exemplificou Coelho, do BB.
Do lado do crédito, o impulso extra veio do câmbio. BB, Bradesco, Itaú e Santander cresceram suas carteiras, fruto do perfil mais seletivo dessas instituições e menor demanda de indivíduos e empresas. Os guidances foram mantidos, com exceção do BB que revisou para baixo a projeção para pessoa jurídica. Raul Moreira, vice-presidente do banco, explicou que o ajuste reflete o menor apetite das empresas. Garantiu, porém, que o BB não está mais restritivo na liberação de recursos nem afrouxando suas políticas.
O BB além do impulso cambial também teve um reforço da troca da dívida da Petrobras de US$ 1 bilhão por outra operação no valor de R$ 4,075 bilhões. Apesar disso, no acumulado do ano, a carteira cresceu no piso do guidance anunciado, de alta de 7% a 11% para 2015. Nos privados, a expectativa também é de que a expansão do ano fique na ponta menor das projeções.
Ganhos gordos com a tesouraria, com exceção de alguns, aproveitando a volatilidade de setembro, quando o Brasil perdeu um dos selos de bom pagador, e receitas crescentes foram os pontos altos do terceiro trimestre.
Ainda há esperança dos grandes bancos que haja algum espaço de reprecificação das carteiras, o que pode continuar melhorando as margens no próximo trimestre, ainda que a selic esteja estável por ora. Um reforço adicional virá do aumento dos juros do consignado INSS, mas em menor escala já que o saldo de todo o sistema é em torno de R$ 86 bilhões, segundo o Banco Central.