Economia

Atuação do BC é o que definirá como será a economia em 2003

O país 1 vai atravessar um período muito difícil em 2003. Terá uma inflação elevada e um crescimento fraco no Produto Interno Bruto (PIB). A economia vai crescer cerca de 1% em termos reais, e os preços devem aumentar 17% no atacado e 11% no varejo. Na média, os juros referenciais nominais vão ficar ao […]

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Da Redação

Publicado em 9 de outubro de 2008 às 10h38.

O país 1 vai atravessar um período muito difícil em 2003. Terá uma inflação elevada e um crescimento fraco no Produto Interno Bruto (PIB). A economia vai crescer cerca de 1% em termos reais, e os preços devem aumentar 17% no atacado e 11% no varejo. Na média, os juros referenciais nominais vão ficar ao redor de 24,5% ao longo de todo o ano.

O país 1 terá de lidar com um cenário internacional difícil. Terá de convencer os credores estrangeiros de que é um bom pagador. Também vai ter de garantir aos investidores locais que as autoridades serão responsáveis na hora de conduzir as contas do governo. Afinal, o novo governo pode hesitar em tomar medidas duras para garantir que os números estejam em ordem.

Já o país 2 está numa situação bem melhor. A economia vai crescer bem mais em 2003, cerca de 2,2%. A inflação vai ficar um pouco menor no atacado, mais ou menos 15%. No varejo, a estimativa é que os preços subam menos de dois dígitos. O governo está agindo bem para garantir a confiança dos credores da dívida pública, tanto doméstica quanto internacional. E é apenas questão de tempo para que os investidores de fora voltem a trazer muito dinheiro, para financiar a produção e o desenvolvimento. Ao passo que o país 1 está em uma situação difícil, o país 2 tem tudo para entrar em um círculo virtuoso a partir de 2003.

Olhando apenas para esses números, não é de espantar se os cidadãos e as empresas do país 1 começarem a migrar em massa para o país 2. Só que fazer isso será difícil. Ambos são o mesmo país: o Brasil. As diferenças são o resultado de avaliações de dois bancos, o CS First Boston Garantia e o ABN Amro. Ambos são bancos estrangeiros que reforçaram sua participação no mercado doméstico comprando casas bancárias nacionais. O ABN comprou o Banco Real em 1998, e o CS First Boston comprou o Banco de Investimentos Garantia em 1999. As avaliações são recentes: o CSFB apresentou seus números na terça-feira, dia 10 de dezembro, e o ABN mostrou suas projeções no dia seguinte.

Como se explica toda essa diferença? A justificativa principal é a diferença de expectativas em relação ao futuro governo, que tomará posse no dia 1º de janeiro. Para Fábio Barbosa, presidente do ABN, a equipe econômica que vai assumir o controle da economia deverá surpreender positivamente o mercado. "Eles estão dando vários sinais de maturidade política", disse Barbosa. Além disso, o Brasil deu sinais de que seus fundamentos econômicos estão sólidos. "O país passou por uma contração da oferta de recursos externos nunca vista ao longo deste ano, e sobrevivemos bem apesar de tudo."

O único risco que o ABN coloca em seus modelos de avaliação é o de uma liderança pouco eficaz no Banco Central. "O BC funciona como o árbitro no jogo da economia", disse José Berenguer, diretor de Tesouraria do ABN. "É ele quem tem de fazer a sintonia fina e regular variáveis essenciais como a taxa de juros e o câmbio." Para Berenguer, um BC mal-dirigido pode comprometer o resultado e reduzir o brilho do campeonato de 2003, que promete ser uma seqüência de clássicos.

O que para o ABN é um risco, para o CS First Boston Garantia é uma ameaça concreta e grave. "A nova diretoria do BC terá uma tarefa essencial logo nos primeiros meses de governo, que é conquistar a credibilidade do mercado financeiro", disse Rodrigo Azevedo, economista-chefe do banco. "Ela terá de convencer os agentes econômicos de que é capaz de tomar medidas impopulares." Os novos árbitros da economia terão de mostrar que não têm medo de dar cartão vermelho para aumentos de salários ou para reduções de juros e de alíquotas de impostos. A conquista da credibilidade é tão fundamental que, para Azevedo, um aumento de um ponto percentual em dezembro terá um impacto e um efeito muito menores que o aumento desse mesmo ponto percentual de juros em janeiro: "Se a próxima diretoria do BC começar o ano elevando os juros, ela vai dar um grande passo no sentido de mostrar que é capaz de tomar medidas duras".

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