Indústria: só grandes empresas apresentaram crescimento na produção em julho, mostra pesquisa (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 20 de agosto de 2014 às 17h35.
Brasília - A atividade industrial continua fraca e já começa a impactar o emprego.
Os dados da Sondagem Industrial de julho, divulgada nesta quarta-feira, 20, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), mostraram uma pequena melhora do índice de utilização da capacidade instalada (UCI) da indústria, que atingiu 70% ante 69% em junho, mas apontam para uma atividade industrial ainda baixa, assim como o emprego do setor.
"A dificuldade do setor já impacta o emprego industrial. Em 2013, tivemos um arrefecimento do emprego. Agora, já é possível sentir, que não só não está crescendo, mas estamos perdendo postos de trabalho", avaliou o gerente executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco.
Segundo ele, os dados da produção industrial são muito fracos, corroborando um primeiro semestre bastante difícil para a indústria.
O indicador que mede a produção industrial ficou em 48,8 pontos em julho ante 39,6 pontos em junho. Apesar da elevação, o índice ficou abaixo da linha dos 50 pontos, o que revela retração na produção.
Além disso, lembra Castelo Branco, o indicador de junho foi influenciado negativamente pela realização da Copa do Mundo.
"O usual é que comece o período mais forte da indústria (em julho), mas ainda ficou abaixo do que seria normal para o período", destacou.
A pesquisa mostra que apenas as grandes empresas apresentaram crescimento na produção em julho.
Além disso, houve recuo na produção nas regiões onde se concentra a maior parte da indústria, no Sul e Sudeste do país.
O gerente lembra que, apesar de ter havido uma leve melhora no uso da capacidade instalada, o indicador que mede o uso da capacidade efetiva em relação ao que seria usual para o período ficou ainda muito abaixo dos 50 pontos, em 39,7 pontos.
"Diria que está menos pior", afirmou.
Para reforçar o quadro de baixa atividade, os estoques da indústria ainda estão acima do desejado e as expectativas para o futuro são moderadas, principalmente, no que diz respeito à exportação e ao emprego.
"A expectativa é ruim também para o emprego no próximo semestre", disse Castelo Branco. Lembrando, a previsão da CNI é de que o PIB da indústria tenha uma retração de 0,5% neste ano.
Eleição
Castelo Branco lembra que a variável principal a ditar a atividade industrial é o investimento. Mas, afirma, os empresários estão bastante reticentes quanto a novos projetos.
"O horizonte está relativamente turvo e, evidentemente, um dos principais fatores é a eleição."