Economia

Assimetrias são obstáculo à integração do Mercosul

Necessidade de desenvolvimento das economias mais fracas do bloco ressurge como problema para o avanço de projetos

Celso Amorim: "As assimetrias têm de ser respeitadas" (Marcello Casal Jr./ABr)

Celso Amorim: "As assimetrias têm de ser respeitadas" (Marcello Casal Jr./ABr)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.

San Juan - As assimetrias entre as economias de Argentina e Brasil, as duas maiores da América do Sul, e as menores, Paraguai e Uruguai, ressurgiram como obstáculo para o aprofundamento da integração do bloco regional, na cúpula do Mercosul em San Juan, oeste da Argentina.

O Conselho do Mercado Comum, integrado por chanceleres e ministros da economia do bloco, apresentou nesta segunda-feira nove projetos que somam 794 milhões de dólares que beneficiam Uruguai e Paraguai, e serão submetidos à aprovação na cúpula presidencial de terça-feira.

Os projetos, financiados pelo Fundo de Convergência Econômica (Focem), serão destinados principalmente a obras de infraestrutura para interconexão energética entre Paraguai e Uruguai.

Esses projetos "são uma demonstração de que nosso compromisso com o processo de integração do Mercosul é real e estamos permitindo que Uruguai e Paraguai avancem em áreas importantes", disse o chanceler brasileiro, Celso Amorim.

"Ainda restam decisões a serem tomadas para o aprofundamento da livre circulação de bens e serviços. Não será fácil sem uma abordagem sincera e ampla das assimetrias entre os sócios. A integração, para funcionar, tem que ser mais profunda", afirmou pouco antes o chanceler da Argentina, Héctor Timerman.

No entanto, o Brasil citou a necessidade de avançar na elaboração "de um cronograma para a instrumentação plena da união alfandegária", o que implica deixar paulatinamente de lado as medidas de exceção que protegem as menores economias do bloco.

"As assimetrias têm de ser respeitadas", afirmou Amorim, apesar de insistir que uma "união alfandegária plena beneficiará sobretudo países menores, que no médio e longo prazo serão os mais beneficiados".

"O cronograma pode ser suave - para Uruguai e Paraguai -, mas temos que considerar que essa é uma deficiência de nosso trabalho", disse a seus colegas do bloco.


Em balanço sobre a atuação no último semestre no qual a Argentina esteve a cargo da presidência pro tempore do bloco, o secretário de Relações Econômicas da chancelaria, Alfredo Chiaradía, considerou "um passo crucial" a eliminação da multiplicidade da cobrança de tarifa externa comum, outro dos pontos que essa cúpula espera discutir.

"O avanço nesse tema é fundamental para melhorar o trânsito de mercadorias e resolver conflitos de longa data", disse.

Também se espera conseguir neste encontro a aprovação do Código Alfandegário Comum para regular o comércio com países fora da região, do qual restam apenas fechar dois artigos sobre um total de 200 itens, o que permitirá encerrar diversos anos de discussões.

Em sua relação com o mundo, o Mercosul avançou nos últimos meses nas negociações com Jordânia e com a Índia para a assinatura de convênios preferenciais de comércio.

Também fechou um acordo com a Autoridade Palestina para iniciar negociações no próximo semestre com o objetivo de conseguir um acordo comercial.

Por sua parte, o chanceler argentino Héctor Timerman anunciou a assinatura de um acordo de livre comércio com o Egito.

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