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Cessar-fogo? Assinatura de acordo entre EUA e China ainda deixa dúvidas

Anunciado há pouco mais de um mês, o acordo tem sido descrito como a “Fase 1” das negociações das negociações comerciais entre os dois países

Donald Trump: ele venderá o acordo como trunfo eleitoral, embora o déficit comercial com a China continue (Eva Marie Uzcategui/File Photo/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 15 de janeiro de 2020 às 06h01.

Última atualização em 15 de janeiro de 2020 às 06h41.

São Paulo — Até as guerras comerciais têm um cessar-fogo. Nesta quarta-feira, uma delegação chinesa liderada pelo vice-premiê Liu He deve se encontrar com o presidente Donald Trump , na Casa Branca, para a assinatura de um acordo comercial que interrompe a escalada de tarifas de importação entre os Estados Unidos e a China, iniciada há dois anos.

Muitos detalhes do texto ainda são desconhecidos, mas a assinatura do acordo nesta quarta-feira traz um alívio momentâneo para os mercados de ações, que vinham sendo abalados a cada novo embate e a cada nova ameaça de imposição de mais e mais tarifas entre americanos e chineses.

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Anunciado há pouco mais de um mês, o acordo tem sido descrito como a “Fase 1” das negociações entre os Estados Unidos e a China. Isso porque o tratado não elimina as barreiras comerciais erguidas durante o governo Trump. Os Estados Unidos concordaram apenas em reduzir uma pequena parte das tarifas.

Quase dois terços das exportações chinesas para os Estados Unidos continuarão pagando as altas taxas de importação, mesmo com o acordo de hoje.

Um ponto que não está claro são as concessões do lado da China. O governo americano diz que Pequim concordou em aumentar as importações de produtos americanos em 200 bilhões de dólares nos próximos dois anos. Isso inclui compras de produtos agrícolas, petróleo e gás, produtos manufaturados e também serviços. Mas a China nunca confirmou esses números.

Segundo os Estados Unidos, a China se comprometeu em aumentar de 24 bilhões de dólares para cerca de 40 bilhões de dólares as compras anuais de produtos agrícolas americanos, o que pode ter um impacto significativo sobre o mercado de soja e carne brasileiros.

“Dependendo dos detalhes do acordo, pode haver algum impacto de curtíssimo prazo, mas, a médio e longo prazo, o cenário é positivo, pois o Brasil já tem construído canais de venda e criação de relacionamento com o mercado chinês”, diz Daniel Lau, , diretor de análises da China da consultoria Willis Towers Watson. Para ele, a recente aproximação dos governos do Brasil e da China também tende a trazer investimentos chineses, o que beneficia o país. “Embora ainda estejamos no começo de janeiro, já houve várias delegações chinesas que visitaram o Brasil. São Paulo já recebeu ao menos duas delegações.”

Apesar de Trump não ter conseguido reduzir o déficit comercial dos Estados Unidos com a sua política comercial agressiva contra a China, o acordo com os chineses tende a ser encarado como uma grande vitória entre os eleitores americanos. Trump conseguiu um trunfo. Mas a guerra que ele mesmo criou ainda não está vencida.

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