Argentina: protecionismo de Trump abre portas para América Latina
Para a chanceler argentina, o fato de Trump ter uma visão voltada para dentro dos EUA é um "sinal para o mundo"
EFE
Publicado em 8 de fevereiro de 2017 às 14h28.
Buenos Aires - O governo da Argentina afirmou nesta quarta-feira que a chegada de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos representa uma "mudança muito importante" no mundo e disse que as políticas protecionistas do republicano "abrem oportunidades" para os países da América Latina.
"É preciso sermos muito cautelosos, analisar muito bem o que está ocorrendo e aproveitar as oportunidades que se abram com essas mudanças que surgem após a vitória de Trump", afirmou a ministra das Relações Exteriores e de Culto da Argentina, Susana Malcorra, em entrevista à rádio "La Red".
Para a chanceler, ainda é cedo para avaliar as decisões tomadas pelo presidente americano, que está apenas há duas semanas no poder, mas Malcorra avaliou que a chegada de Trump à presidência representa uma mudança muito importante após o que foi construído desde o fim da Segunda Guerra Mundial.
Malcorra afirmou que o fato de Trump ter uma visão voltada para dentro dos EUA, que privilegia o mercado interno e relega a um segundo plano os acordos multilaterais, é um "sinal para o mundo". "Essas mudanças geram outras mudanças, uma reação, e isso são oportunidades para a Argentina e os demais países da região", disse.
A chanceler afirmou que o México, que era um parceiro "absolutamente privilegiado" dos EUA, passou a estar na "mira" de Trump pela renegociação do Tratado de Livre-Comércio da América do Norte (Nafta). Isso fez com que o governo de Enrique Peña Nieto comece a olhar para o sul "muito fortemente".
Para Malcorra, o mesmo está ocorrendo com a União Europeia, que, depois da paralisação da negociação de um acordo de livre-comércio com os EUA, colocou como prioridade fechar um pacto com o Mercosul.
Ontem, a chanceler acompanhou o presidente do país, Mauricio Macri, e outras autoridades em uma visita de Estado ao Brasil, considerado por ela como "fundamental" para o comércio da Argentina.
"É um vizinho enorme, com uma capacidade, energia e potência muito grandes, das quais dependemos de uma maneira significativa, tanto em nível bilateral, como regional", afirmou.