Economia

Argentina e credores devem estender negociação de dívida

Além da prorrogação da negociação, país deve perder prazo de pagamento de juros de US$ 500 milhões nesta sexta

Peso argentino: falta do pagamento da dívida na sexta-feira, quando termina um período de carência, levaria o país sul-americano à sua nona inadimplência em 200 anos (Marcos Brindicci/Reuters)

Peso argentino: falta do pagamento da dívida na sexta-feira, quando termina um período de carência, levaria o país sul-americano à sua nona inadimplência em 200 anos (Marcos Brindicci/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 21 de maio de 2020 às 15h04.

Última atualização em 21 de maio de 2020 às 15h06.

A Argentina planeja estender o prazo para os credores considerarem uma oferta de reestruturação da dívida de US$ 65 bilhões até o início de junho, já que os dois lados precisam de mais tempo para chegar a um acordo, segundo pessoas com conhecimento direto do assunto.

O governo manterá a mesma oferta que apresentou em meados de abril, permitindo várias semanas para que as negociações continuem, disseram as pessoas, que não puderam ser nomeadas porque as negociações são privadas.

Enquanto isso, a Argentina planeja perder o prazo de pagamento de juros atrasados em cerca de US$ 500 milhões,
que vence na sexta-feira, disseram as fontes.

As autoridades argentinas, que ainda estão digerindo as contrapartidas recebidas na semana passada, não planejam apresentar nova proposta por enquanto os dois lados permanecem distantes do valor presente líquido necessário para chegar a um acordo, acrescentaram as fontes.

As negociações podem ser estendidas por pelo menos dez dias, disseram.

As negociações começaram há mais de dois meses, com a Argentina propondo US$ 40 bilhões em alívio da dívida e uma moratória de três anos no pagamento. Os detentores de títulos já rejeitaram firmemente essa oferta.

O país diz que não pode cumprir suas obrigações em meio ao alto desemprego, uma queda acentuada no valor de sua moeda e uma profunda recessão agravada pela pandemia de coronavírus.

A falta do pagamento da dívida na sexta-feira, quando termina um período de carência, levaria o país sul-americano à sua nona inadimplência em 200 anos.

O governo do presidente Alberto Fernández não acha que os credores buscarão imediatamente o reembolso de todos os seus títulos -- um processo conhecido como aceleração -- enquanto as negociações de reestruturação continuarem, acrescentaram as pessoas.

Um porta-voz do Ministério da Economia em Buenos Aires se recusou a comentar.

O título do país devido em 2028 subiu 7 centavos na manhã de quinta-feira, sendo negociado a 32,86 centavos de dólar.

Após várias semanas de impasse, alguns progressos foram feitos nos últimos dias. Em um fórum on-line na terça-feira, o ministro da Economia, Martin Guzman, disse na semana passada que havia uma "grande chance" de que as negociações se estendessem.

"Estamos mantendo um diálogo construtivo com os detentores de títulos", disse ele.

Credor diz ser 'muito difícil' país evitar calote

Um importante membro do grupo de credores da Argentina disse nesta quinta-feira que seria "muito difícil" para o país evitar default.

"Eu odiaria ver algo desordenado como um duro default", disse Hans Humes, que chefia a Greylock Capital e tem liderado um grupo de hedge funds e outros credores privados.

Humes, falando em uma conferência on-line, afirmou ser mais provável que a Argentina chegue a um consenso com seus credores após o prazo de sexta-feira.

"Dentro da estrutura apresentada pelo FMI e por Martín Guzmán (Ministro da Economia), deveria haver flexibilidade suficiente para chegar a um acordo que seja aceitável, mas teremos que ver", disse Humes.

Os credores do país sul-americano elaboraram contrapropostas no final da semana passada, depois de rejeitarem uma proposta inicial do governo envolvendo um hiato de pagamento de três anos, um corte de 62% no cupom e o adiamento de vencimentos para 2030 e além.

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