Economia

Argentina diz que fundos abutres ameaçam sistema global

O ministro Axel Kicillof explicou hoje perante do Grupo dos 77 mais a China a situação do caso que está sendo disputado nos tribunais dos Estados Unidos há anos

Kicillof: ele disse que estabilidade da Argentina estará em risco se cumprir sentença judicial americana (Lucas Jackson/Reuters)

Kicillof: ele disse que estabilidade da Argentina estará em risco se cumprir sentença judicial americana (Lucas Jackson/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 25 de junho de 2014 às 19h20.

Nações Unidas - O ministro da Economia da Argentina, Axel Kicillof, afirmou nesta quarta-feira na sede da ONU que a ação dos fundos especulativos, chamados por esse país de "fundos abutre", põe em perigo o sistema financeiro global.

Kicillof explicou hoje perante do Grupo dos 77 mais a China a situação do caso que está sendo disputado nos tribunais dos Estados Unidos há anos e que se precipitou com a rejeição da Corte Suprema americana à apelação argentina no último dia 16 de junho.

Neste sentido, Kicillof disse que a estabilidade de seu país estará em risco se cumprir a sentença judicial americana de pagar os fundos detentores de bônus de dívida que não aceitaram as reestruturações de 2005 e 2010.

"Nos impuseram condições que põem em risco, não apenas a reestruturação (da dívida externa), mas a economia em seu conjunto", declarou o ministro argentino.

Kicillof foi além e disse que a "interpretação nova" que fazem os tribunais americanos da cláusula "pari passu" (sobre como devem cobrar os credores) "põe em risco também o sistema global" e "afeta ainda os países emergentes".

O titular de Economia da Argentina explicou com ajuda de gráficos a origem da grande dívida soberana de seu país, que cresceu principalmente durante a última ditadura militar (1976-1983).

Kicillof também detalhou o processo de reestruturação da dívida após a moratória de 2001, que permitiu à Argentina recuperar sua economia e melhorar o nível de vida da população, e lembrou como alguns fundos compraram depois bônus de dívida não amparados nas reestruturações apenas para disputá-la legalmente.

"Seu negócio é litigar em tribunais que lhes reconheçam 100% do que reivindicam", acrescentou Kicillof, ressaltando que o NML Capital comprou dívida argentina em 2005 no valor de US$ 48,7 milhões e conseguiu que os tribunais americanos lhe concedam o direito a cobrar US$ 832 milhões.

Após a rejeição da Corte Suprema americana ao recurso argentino, a Argentina deve pagar na próxima segunda-feira, 30 de junho, cerca de US$ 1,5 bilhão entre capital e juros a NML e outros fundos que atuam de forma similar.

Kicillof disse ainda que isto abriria a porta a que os fundos que aceitaram a reestruturação (92,4% do total) reivindiquem também o total, que, segundo um cálculo "conservador", chegaria a US$ 120 bilhões.

O embaixador brasileiro na ONU, Antonio Patriota, um dos que discursaram após Kicillof, demonstrou sua preocupação com o fato de que a conduta "irresponsável" e "moralmente questionável" destes fundos "pode ser perfeitamente legal".

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