Economia

É assim que a Arábia Saudita quer independência do petróleo

O maior exportador do óleo no mundo pretende criar o maior fundo soberano com a venda de ações da companhia petrolífera estatal


	Arábia Saudita: com venda de ações da petrolífera estatal, país estima fundo soberano de pelo menos US$ 2 trilhões.
 (Waseem Obaidi/Bloomberg)

Arábia Saudita: com venda de ações da petrolífera estatal, país estima fundo soberano de pelo menos US$ 2 trilhões. (Waseem Obaidi/Bloomberg)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 1 de abril de 2016 às 17h12.

São Paulo - A Arábia Saudita, maior produtor de petróleo no mundo, dá sinais claros de que uma grande reforma econômica está em curso. O país planeja lançar uma oferta pública inicial de ações da companhia petrolífera estatal, a Saudi Aramco, já no próximo ano.

Com a empreitada, o reino espera criar o maior fundo soberano do mundo, a ponto de não depender mais do ouro negro em 2035, disse Mohammed bin Salman, o segundo na linha de sucessão do trono, em entrevista à Bloomberg, nesta sexta-feira.

"O IPO da Aramco e a transferência de sua participação [para o Fundo de Investimento Público] vai tecnicamente fazer dos investimentos a fonte de receita do governo saudita", disse o príncipe.

"O que resta agora é diversificar os investimentos. Então, dentro de 20 anos, seremos uma economia que não dependerá somente de petróleo ", ressaltou Salman, adiantando que, neste momento, o país planeja vender até 5 por cento de suas ações na petrolífera.

Novos tempos

Quase um século após a descoberta do primeiro campo de petróleo saudita, o filho de 30 anos de idade do rei Salman está totalmente dedicado a desviar o reino da rota dos combustíveis fósseis no futuro. 

O intuíto é catalisado pela queda dos preços do petróleo no mercado mundial, que vive um quadro de excesso de oferta, atualmente estimado em 1 milhão de barris por dia.

O colapso nos preços deixam lacunas terríveis nos gastos do governo saudita assim como no de outros exportadores. Disposta a mudar esse quadro, a Arábia Saudita propôs investir pesado em outros setores como a mineração, finanças e turismo até 2030.

Esta abordagem foi prenunciada no documento de intenções de redução de emissões de gases efeito estufa, vilões do aquecimento global, que o país enviou à ONU, em novembro passado, por ocasião da reunião do clima COP21.

Recurso não será um problema para a Arábia Saudita. O fundo soberano planejado é estimado em pelo menos US$ 2 trilhões, superior aos fundos soberanos de outros gigantes do petróleo, como a Noruega e Emirados Árabes. 

Acompanhe tudo sobre:Arábia SauditaCombustíveisEnergiaMeio ambientePetróleo

Mais de Economia

BNDES vai repassar R$ 25 bilhões ao Tesouro para contribuir com meta fiscal

Eleição de Trump elevou custo financeiro para países emergentes, afirma Galípolo

Estímulo da China impulsiona consumo doméstico antes do 'choque tarifário' prometido por Trump

'Quanto mais demorar o ajuste fiscal, maior é o choque', diz Campos Neto