Após sobreviver à crise, motos de luxo têm queda na venda
Levando-se em conta as vendas do ano passado em relação a 2011 - antes do início da crise econômica -, os modelos premium tiveram queda de 13%
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de março de 2017 às 12h23.
São Paulo - O segmento de motocicletas de luxo, a partir de 500 cilindradas, teve as vendas freadas no mercado brasileiro, após crescerem consecutivamente de 2012 a 2014, quando o negócio de duas rodas já sucumbia à crise.
Mas, levando-se em conta as vendas do ano passado em relação a 2011 - antes do início da crise econômica -, os modelos premium tiveram queda de 13%, enquanto o mercado total de motos caiu à metade.
O desempenho é atribuído à resiliência do segmento premium à crise, com vendas mantendo crescimento até 2014, e à chegada ao país de linhas de montagem de marcas como as europeias BMW, Ducati e KTM e a americana Indian, ampliando assim a concorrência.
O segmento responde por apenas 4% do mercado total de motos, mas movimenta cifras significativas. Os preços variam de R$ 20 mil a R$ 155 mil, fora edições especiais que custam o equivalente a carros de luxo, como o Jaguar F-Type e o Mercedes AMG 63.
A Ducati trará ao Brasil, por R$ 550 mil, a edição especial da 1299 Superleggera, com motor de 1.300 cilindradas. Apenas 500 unidades, fabricadas na Itália, serão vendidas no mundo todo.
O Brasil receberá só três delas em abril, mas duas já estão vendidas e a última está em fase de negociação, informa Diego Borghi, presidente da empresa no País.
"Esse modelo é considerado a Ferrari das motocicletas", compara Borghi, que está à frente da Ducati há pouco mais de um ano.
O executivo informa que é a única moto feita totalmente em fibra de carbono, pesa 170 quilos e tem tecnologia embarcada. "Em proporção de peso e potência, não tem nada na indústria que chegue perto disso."
A BMW Motorrad, que desde outubro tem fábrica própria em Manaus (AM), a primeira do grupo fora da Alemanha, também vai entrar no nicho de alto luxo.
"Teremos um produto com super tecnologia, a ser lançado no Brasil neste ano, que ficará nessa faixa de preço e será inovador", limita-se a informar o diretor da empresa, Federico Alvarez.
Novo nicho
O grupo atua com motos acima de 500 cilindradas que custam entre R$ 35,9 mil e R$ 154,4 mil, a maioria produzida localmente. No segundo semestre terá sua primeira moto global fora desse nicho, a G 310 R, de 300 cilindradas. "Com produção no Brasil, ela será lançada com outros mercados, como Europa e Estados Unidos", diz Alvarez.
No ano passado, a BMW vendeu 6.482 motocicletas, num mercado que consumiu cerca de 40 mil unidades de modelos premium - recuo de 25% em relação a 2015, que já tinha sido 5% inferior ao resultado de 2014, ano recorde para o segmento, com 56,1 mil unidades vendidas.
O mercado total de motos caiu 26,5%, totalizando 899,8 mil unidades, segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas (Abraciclo).
Em 2016, a Ducati, marca italiana que pertence à montadora alemã Audi, vendeu 1,2 mil motos, ante 935 em 2015, todas acima de 500 cilindradas, com preços de R$ 38,9 mil a R$ 93 mil. Borghi espera repetir o crescimento neste ano e vender 1,4 mil unidades.
A produção da Ducati é feita em parceria com a Dafra, que também produz em Manaus modelos da KTM e da Indian. Ainda atuam no segmento premium a Harley-Davidson e a Triumph. Honda, Yamaha, Suzuki e Kawasaki têm produtos nesse nicho, mas com menor participação em seus portfólios.