Economia

Após rombo recorde nas contas de julho, governo vê superávit só em outubro

Em relação ao resultado consolidado de 2020, a equipe econômica projeta déficit de 787,4 bilhões de reais para o governo central

Paulo Guedes: após uma retração de 1,5% no primeiro trimestre, a SPE vê um tombo de 9,4% da atividade econômica para o período de abril a junho (Cristiano Mariz/Arquivo Abril)

Paulo Guedes: após uma retração de 1,5% no primeiro trimestre, a SPE vê um tombo de 9,4% da atividade econômica para o período de abril a junho (Cristiano Mariz/Arquivo Abril)

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Reuters

Publicado em 18 de agosto de 2020 às 09h50.

Última atualização em 18 de agosto de 2020 às 19h32.

A equipe econômica prevê que o governo central vai registrar um déficit primário recorde de 252 bilhões de reais em julho, sob o impacto dos pagamentos do auxílio emergencial e um aumento generalizado em diversas despesas, mas que voltará a ter contas superavitárias em outubro e novembro.

A trajetória contrasta com a projeção do mercado, que considera um déficit bem menor para julho, de 103,5 bilhões de reais, mas sem perspectiva de superávits até o final do ano, mostrou nota elaborada pela Secretaria de Política Econômica (SPE).

"A partir de setembro, as expectativas são de aumento de receitas, traduzindo algum otimismo com relação à recuperação da atividade econômica", disse a nota.

Enquanto o governo estima superávits de 5,5 bilhões de reais e 5,1 bilhões de reais para o governo central em outubro e novembro, respectivamente, os números coletados pela mediana do boletim Prisma são de déficits de 26,4 bilhões de reais e de 40,2 bilhões de reais.

À Reuters, o coordenador-geral de Projeções Econômicas, Bernardo Borba de Andrade, atribuiu as diferenças a premissas distintas adotadas principalmente para o Produto Interno Bruto (PIB), para os juros e para o câmbio em 2020, destacando que as contas do governo levam em conta uma retomada mais forte.

Ele ressaltou que em julho o governo manteve sua perspectiva de contração da economia de 4,7% este ano, num momento em que agentes do mercado chegaram a mencionar quedas da ordem de 9% a 10%.

"O que a gente tem para o primeiro semestre é uma queda de 5,3%. Então se a gente pensar numa queda de 5,3% e pensar que o segundo semestre deve ser um pouco melhor que o primeiro, o que é natural, a gente estaria convergindo para esse número de 4,7% que estávamos apontando (para o ano). Pode ser que o mercado estivesse olhando para previsões mais pessimistas de PIB", disse Andrade.

Para dezembro, mês em que as contas públicas usualmente ficam no vermelho, o governo calcula um dado  negativo em 15,3 bilhões de reais, ao passo que o mercado  um déficit primário de 57,7 bilhões de reais.

 em relação ao resultado consolidado de 2020, a equipe econômica projeta déficit de 787,4 bilhões de reais para o governo central e o mercado, de 765,9 bilhões de reais, números que já haviam sido divulgados no mês passado.

No primeiro semestre, o rombo nas contas públicas foi de 417,217 bilhões de reais, pressionadas pelos gastos com as medidas de enfrentamento à pandemia.

Após uma retração de 1,5% no primeiro trimestre, a SPE  um tombo de 9,4% da atividade econômica para o período de abril a junho, com base em dados da Fazenda e no IBC-Br, indicador do Banco Central que é considerado uma prévia do PIB.

Ainda que historicamente ruim, a nota destaca que esse desempenho do segundo trimestre na comparação com o primeiro será, se confirmado, melhor que o observado em grandes economias como Reino Unido (-20,4%), França (-13,8%), Alemanha (-10,1%) e Estados Unidos (-9,5%).

"O timing e o volume dos gastos, do auxílio emergencial, com certeza contribuíram para isso", afirmou Andrade.

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