Após legalizar setor, Cuba tem boom do mercado imobiliário
O "boom" do setor teve início em novembro de 2011, após meio século de proibições
Da Redação
Publicado em 16 de novembro de 2012 às 09h21.
Havana - Um ano depois de o governo legalizar a compra e a venda de casas entre particulares, surgiu em Cuba um novo e particular mercado imobiliário que atua entre a internet, intermediários ilegais e preços nas alturas.
O "boom" do setor teve início em novembro de 2011, após meio século de proibições. Em um país onde não existem agências imobiliárias, os "corretores" de compra e venda operam sem marco legal e a maioria dos proprietários não tem uma ideia clara do valor real de seu imóvel.
Em Havana, capital e maior cidade da ilha com mais de dois milhões de habitantes, as ofertas costumam correr de boca em boca e começam a proliferar os cartazes de "vende-se". Mas, basta entrar na internet para saber como o negócio está se articulando na cidade.
"Revolico.com", o maior site de classificados de Cuba, tem centenas de anúncios vendendo de "casas de luxo" em bairros elegantes como Miramar e El Vedado, a até modestas casas da periferia, com preços que podem ir de 5 mil a mais de 100 mil pesos cubanos conversíveis (CUCs, equivalentes ao dólar).
Outros lugares, por exemplo, anunciam casas com "vista para o mar" em Havana e Matanzas, fornecem informações sobre os trâmites legais e até promovem a formação de "agentes" para suas equipes.
O técnico de informática cubano Alexis Aguilar, que mora na Espanha, acredita que "o mercado imobiliário efetivamente está sendo organizado pela internet" e é uma das razões porque criou o portal "detrasdelafachada.com" que administra com um amigo que vive em Cuba.
Aguilar, cujo site permite aos vendedores postar anúncios detalhados e gratuitos, considera que apesar das restrições de conexão que há na ilha, a internet "é uma ponte entre os cubanos de dentro e os de fora".
"As casas e a família estão em Cuba, mas o dinheiro está fora (...) para a maioria dos cubanos de dentro da ilha é impensável comprar uma casa com seus salários, muita gente tem familiares fora que estão dispostos a ajudá-los", analisou Aguilar à Efe.
É o caso de Rodniel, um cubano de 34 anos que em agosto pagou 14 mil pesos conversíveis por uma casa da qual formalmente ele é dono, embora, na verdade, tenha sido comprada por seus tios que moram nos Estados Unidos com o objetivo de passar futuras temporadas em Havana.
De acordo com a lei, somente os cubanos que vivem na ilha e os estrangeiros que têm residência permanente são autorizados a comprar e vender imóveis, e só é legítimo ter uma propriedade de residência e outra em zonas de descanso ou veraneio.
Rodniel contou em entrevista à Efe que comprou a casa por um preço quase 60 vezes maior do que apareceu nos documentos da transação, que foi muito similar ao valor do imóvel determinado pelo Estado, que maneja a taxação oficial dos imóveis.
O fato de que no país circulam duas moedas torna o assunto mais complexo: o Estado taxa em pesos cubanos (com os quais a maior parte da população recebe seus salários e paga por serviços básicos) mas as vendas entre privados estão sendo feitas em CUCs (com um valor 24 vezes maior e conversível em moeda estrangeira).
A distância entre a taxação oficial e os valores do mercado se ampliou a partir de 2011 porque "nas primeiras vendas legais interveio capital estrangeiro", segundo disse à Efe um "corretor" que pediu para manter o anonimato.
"Esses preços eram altos e dispararam a competição no mercado. Depois ficaram estáveis, mas são exagerados para Cuba e atualmente estão fazendo muitas vendas", opinou o agente.
O negócio dos "corretores", um papel de intermediário em assuntos imobiliários que existiu de forma ilegal em Cuba durante décadas, não foi regulado nas autorizações aprovadas pelo governo há um ano.
O agente imobiliário consultado pela Efe explicou que antes da legalização da compra e venda os "corretores" cobravam uma comissão fixa de 10% por seu trabalho, mas esse número caiu para 5% e até menos em alguns casos, já que sua gestão não é mais tão procurada.
Segundo o agente, a maioria de seus clientes os encontra atualmente no Paseo del Prado de Havana, onde há anos existe uma espécie de "fórum" espontâneo para o negócio imobiliário, e aonde continuam indo pessoas interessadas em alugar, vender ou comprar casas.
"A maioria das pessoas chega sem o dinheiro na mão. Busca vender sua casa primeiro e depois automaticamente comprar a que lhe interessar para não ficar sem nada", acrescentou.
Salvador Brito, um aposentado de 66 anos, disse à Efe na "bolsa" do Prado que pretende vender sua casa para comprar um apartamento "mais discreto" e um veículo que possa alugar como táxi.
"Minha casa agora vale 70 mil CUCs. Um apartamento pequeno para viver com minha mulher sairia por 15 mil. O resto será a verba da minha aposentadoria", contou Brito.
Havana - Um ano depois de o governo legalizar a compra e a venda de casas entre particulares, surgiu em Cuba um novo e particular mercado imobiliário que atua entre a internet, intermediários ilegais e preços nas alturas.
O "boom" do setor teve início em novembro de 2011, após meio século de proibições. Em um país onde não existem agências imobiliárias, os "corretores" de compra e venda operam sem marco legal e a maioria dos proprietários não tem uma ideia clara do valor real de seu imóvel.
Em Havana, capital e maior cidade da ilha com mais de dois milhões de habitantes, as ofertas costumam correr de boca em boca e começam a proliferar os cartazes de "vende-se". Mas, basta entrar na internet para saber como o negócio está se articulando na cidade.
"Revolico.com", o maior site de classificados de Cuba, tem centenas de anúncios vendendo de "casas de luxo" em bairros elegantes como Miramar e El Vedado, a até modestas casas da periferia, com preços que podem ir de 5 mil a mais de 100 mil pesos cubanos conversíveis (CUCs, equivalentes ao dólar).
Outros lugares, por exemplo, anunciam casas com "vista para o mar" em Havana e Matanzas, fornecem informações sobre os trâmites legais e até promovem a formação de "agentes" para suas equipes.
O técnico de informática cubano Alexis Aguilar, que mora na Espanha, acredita que "o mercado imobiliário efetivamente está sendo organizado pela internet" e é uma das razões porque criou o portal "detrasdelafachada.com" que administra com um amigo que vive em Cuba.
Aguilar, cujo site permite aos vendedores postar anúncios detalhados e gratuitos, considera que apesar das restrições de conexão que há na ilha, a internet "é uma ponte entre os cubanos de dentro e os de fora".
"As casas e a família estão em Cuba, mas o dinheiro está fora (...) para a maioria dos cubanos de dentro da ilha é impensável comprar uma casa com seus salários, muita gente tem familiares fora que estão dispostos a ajudá-los", analisou Aguilar à Efe.
É o caso de Rodniel, um cubano de 34 anos que em agosto pagou 14 mil pesos conversíveis por uma casa da qual formalmente ele é dono, embora, na verdade, tenha sido comprada por seus tios que moram nos Estados Unidos com o objetivo de passar futuras temporadas em Havana.
De acordo com a lei, somente os cubanos que vivem na ilha e os estrangeiros que têm residência permanente são autorizados a comprar e vender imóveis, e só é legítimo ter uma propriedade de residência e outra em zonas de descanso ou veraneio.
Rodniel contou em entrevista à Efe que comprou a casa por um preço quase 60 vezes maior do que apareceu nos documentos da transação, que foi muito similar ao valor do imóvel determinado pelo Estado, que maneja a taxação oficial dos imóveis.
O fato de que no país circulam duas moedas torna o assunto mais complexo: o Estado taxa em pesos cubanos (com os quais a maior parte da população recebe seus salários e paga por serviços básicos) mas as vendas entre privados estão sendo feitas em CUCs (com um valor 24 vezes maior e conversível em moeda estrangeira).
A distância entre a taxação oficial e os valores do mercado se ampliou a partir de 2011 porque "nas primeiras vendas legais interveio capital estrangeiro", segundo disse à Efe um "corretor" que pediu para manter o anonimato.
"Esses preços eram altos e dispararam a competição no mercado. Depois ficaram estáveis, mas são exagerados para Cuba e atualmente estão fazendo muitas vendas", opinou o agente.
O negócio dos "corretores", um papel de intermediário em assuntos imobiliários que existiu de forma ilegal em Cuba durante décadas, não foi regulado nas autorizações aprovadas pelo governo há um ano.
O agente imobiliário consultado pela Efe explicou que antes da legalização da compra e venda os "corretores" cobravam uma comissão fixa de 10% por seu trabalho, mas esse número caiu para 5% e até menos em alguns casos, já que sua gestão não é mais tão procurada.
Segundo o agente, a maioria de seus clientes os encontra atualmente no Paseo del Prado de Havana, onde há anos existe uma espécie de "fórum" espontâneo para o negócio imobiliário, e aonde continuam indo pessoas interessadas em alugar, vender ou comprar casas.
"A maioria das pessoas chega sem o dinheiro na mão. Busca vender sua casa primeiro e depois automaticamente comprar a que lhe interessar para não ficar sem nada", acrescentou.
Salvador Brito, um aposentado de 66 anos, disse à Efe na "bolsa" do Prado que pretende vender sua casa para comprar um apartamento "mais discreto" e um veículo que possa alugar como táxi.
"Minha casa agora vale 70 mil CUCs. Um apartamento pequeno para viver com minha mulher sairia por 15 mil. O resto será a verba da minha aposentadoria", contou Brito.