Economia

Após concluir missão no Brasil, FMI diz ser prudente BC ter flexibilidade para atuar

Na prática, organismo internacional sinaliza que autoridade monetária não deve descartar nenhuma possibilidade, inclusive, a de encerrar o ciclo de cortes

Sede do FMI: organismo internacional também recomendou ao governo um esforço fiscal mais ambicioso (STEFANI REYNOLDS/AFP/Getty Images)

Sede do FMI: organismo internacional também recomendou ao governo um esforço fiscal mais ambicioso (STEFANI REYNOLDS/AFP/Getty Images)

Antonio Temóteo
Antonio Temóteo

Repórter especial de Macroeconomia

Publicado em 28 de maio de 2024 às 12h12.

Última atualização em 28 de maio de 2024 às 13h42.

Após concluir missão no Brasil entre 15 e 27 de maio, liderada por  Ana Corbacho e Daniel Leigh, o Fundo Monetário Internacional (FMI) publicou nesta terça-feira, 28, uma declaração conjunta dos dois executivos. Eles afirmaram no documento ser prudente que o Banco Central (BC) tenha flexibilidade para conduzir o ciclo de política monetária, diante do aumento e da desancoragem das expectativas de inflação e da força do mercado de trabalho.

Na prática, os representantes do organismo internacional sinalizaram que os membros do Comitê de Política Monetária (Copom) não devem descartar nenhuma possibilidade, inclusive, a de encerrar o ciclo de cortes. Além disso, Corbacho e Leigh avaliaram que o ritmo "cuidadoso" de corte de juros, desde de agosto de 2023, tem sido apropriado e consistente.

"O ritmo cuidadoso de flexibilização monetária desde agosto de 2023 tem sido apropriado e consistente com o quadro de metas de inflação. Olhando para o futuro, dadas as condições fortes do mercado de trabalho e as expectativas de inflação acima da meta de 3%, é prudente manter a flexibilidade no ciclo de flexibilização", informou o FMI na declaração conjunta.

Como mostrou a EXAME, o ciclo de corte de juros pode ter sido sepultado na última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), quando os diretores do BC, em decisão dividida, votaram pela queda de 0,25% da Selic. Desde então, a desancoragem de expectativas de inflação aumentou significativamente e tem sido apontada como fator-chave para o encerramento do processo de queda de juros.

FMI recomenda esforço fiscal ambicioso

Além dos apontamentos sobre a política monetária, os executivos do FMI reforçaram a necessidade de o governo brasileiro buscar um esforço fiscal "mais ambicioso", apoio por medidas para aumentar as receitas, mas também cortar despesas públicas. Essa receita, aliás, é defendida por diversos analistas e economistas que acompanham o orçamento público.

“O compromisso contínuo das autoridades para melhorar a posição fiscal do Brasil é bem-vindo. Para colocar a dívida pública numa trajetória firmemente descendente e abrir espaço para investimentos prioritários, o corpo técnico do FMI recomenda um esforço fiscal sustentado e mais ambicioso, apoiado por medidas de receitas e despesas e um quadro fiscal reforçado", informou o FMI, na declaração conjunta.

Acompanhe tudo sobre:Banco CentralFMIJurosInflação

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor