Economia

Após alta da carne, faturamento de pecuaristas deve aumentar 22%

Presidente da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil diz que disparada recente foi ponto fora da curva, mas valores não vão baixar tanto

Carne bovina: produto foi o que apresentou a maior expansão, de 22,2% (Mike Segar/Reuters)

Carne bovina: produto foi o que apresentou a maior expansão, de 22,2% (Mike Segar/Reuters)

AO

Agência O Globo

Publicado em 4 de dezembro de 2019 às 19h57.

Brasília — A recente disparada no preço da carne bovina foi "um ponto fora da curva", na avaliação da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Porém, segundo o presidente da entidade, João Martins, embora esteja havendo "uma acomodação", os preços não voltarão mais ao patamar de 60 ou 90 dias atrás.

E, mesmo com a acomodação prevista para os próximos meses, a CNA prevê que o faturamento dos pecuaristas brasileiros deve subir, em 2020, 14,2% em relação a 2019, com valor estimado em R$ 265,8 bilhões. A maior expansão, de 22,2%, será na carne bovina. Também são esperados aumentos para o faturamento com carne suína (9,8%), pecuária de leite (7,5%) e frango (7,1%).

"Não se deve esperar que o preço da carne voltará ao mesmo patamar de 60, 90 dias atrás. Estávamos no pico da entressafra, com o menor preço dos últimos anos. Mas houve uma demanda muito forte lá fora e essa desvalorização cambial", disse Martins.

Para o superintendente técnico da CNA, Bruno Lucchi, a demanda por proteína animal da China, fortalecida pela epidemia de peste suína africana  no país asiático, deve permanecer por um período de três a cinco anos. Mas ele ponderou que o consumo doméstico deve cair a partir de janeiro, o que ajudaria a evitar reajustes maiores no preço do produto.

"Não vai faltar carne no  país. O produtor vai reagir, melhorar pastagens e desenvolver novas tecnologias. A questão da oferta e demanda já vai se equilibrar. O que aconteceu neste período foram realmente vários fatores pontuais que pegaram os seus extremos e que culminaram num ponto realmente fora da curva", disse Lucchi.

Os preços da arroba tiveram um pico em novembro, chegando ao valor recorde de R$ 230 em São Paulo. Além da questão da China, o técnico citou como fator a estiagem prolongada em alguns estados produtores.

"Por outro lado, o consumo doméstico apresentou sinais de recuperação em função da melhoria da economia e proximidade das festas de final de ano",  enfatizou, acrescentando que, acompanhando a carne bovina, os preços das carnes de frango e suína também subiram, mas em menor proporção.

Lucchi enfatizou que a demanda chinesa foi mais acentuada neste fim de ano, porque 2019 é o "ano do porco" no calendário chinês e as compras de carnes em geral aumentaram. Internamente, os gastos dos brasileiros nas festas de fim de ano serão estimulados pela liberação de recursos do FGTS e a própria melhora da economia.

Para a entidade, os baixos níveis da taxa básica de juros (Selic) e da inflação podem criar um ambiente favorável para o setor e estimular a concorrência entre as instituições de crédito.

Em 2019, China, União Europeia, Estados Unidos, Japão e Irã foram os principais destinos das exportações do agronegócio. Esses cinco mercados corresponderam a 63% das vendas externas do setor. A expectativa é que a Ásia continuará sendo um grande comprador.

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