Economia

Apenas 6% das indústrias têm rede 5G instalada, aponta pesquisa

Os dados mostram que, apesar da maioria dos empresários consultados (61%) considerar a tecnologia importante, 54% das empresas ouvidas sequer discutem a instalação da rede

5G: indústria ainda não aproveita o potencial do 5G (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

5G: indústria ainda não aproveita o potencial do 5G (Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)

André Martins
André Martins

Repórter de Brasil e Economia

Publicado em 6 de outubro de 2023 às 00h10.

Com mais de um ano do 5G ativado em diversas cidades do Brasil, apenas 6% das indústrias têm a tecnologia instalada na empresa, segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada nesta sexta-feira, 6.

Os dados mostram que, apesar da maioria dos empresários consultados (61%) considerar a tecnologia importante, 54% das empresas ouvidas sequer discutem a instalação da rede. Cerca de 35% dos empresários industriais responderam que discutem o tema, mas não têm plano formal de implementação, outros 14% já têm um planejamento para aderir e apenas 8% já estão no processo de instalação da rede.

Entre os principais desafios citados pelas indústrias está a falta de infraestrutura na região e o alto custo para implementar a tecnologia. A falta de conhecimento do empresariado sobre o assunto também é uma das barreiras. “A incorporação da tecnologia 5G tem um papel importante no desempenho industrial brasileiro, em especial no contexto de digitalização da produção, que chamamos de Indústria 4.0. Mais agilidade e eficiência nos sistemas de comunicação são traduzidas em ganhos de produtividade e em mais competitividade para a nossa economia. A expansão da infraestrutura digital é um alicerce para alavancar o desenvolvimento tecnológico do Brasil e a retomada da indústria”, afirma o presidente da CNI, Robson Braga de Andrade.

Na avaliação da CNI, a falta de reconhecimento sobre o impacto do 5G nas operações é uma das principais causas da baixa implementação da tecnologia nas organizações. Entre as empresas que não têm conhecimento algum, a pesquisa mostra que 79% não discutem o tema na empresa, e esse percentual cai para 43% entre as empresas que disseram ter conhecimento.

“Há uma expectativa em relação ao 5G na indústria porque ele é o passaporte para a aceleração e o avanço da digitalização brasileira. A rede contribui diretamente para a automação e a integração de diferentes tecnologias que incluem inteligência artificial, robótica e internet das coisas. No Brasil, a expansão da rede pública, novos modelos de negócios das operadoras e o aumento do conhecimento empresarial a respeito da nova tecnologia serão fundamentais para adoção da nova rede”, afirma a gerente de Política Industrial da CNI, Samantha Cunha.

Potencial do 5G no PIB

O 5G tem potencial de uma velocidade de 10 a 20 gigabytes por segundo, até dez vezes mais rápida do que a usual no 4G. Com maior velocidade, a tecnologia aumenta a capacidade de conexão massiva entre os dispositivos, o que é importante para capacidade produtiva da indústria. Na prática, o 5G permite uma baixa latência, ou seja, um menor tempo de resposta entre as máquinas conectadas. Um estudo de 2022 elaborado em conjunto pela Nokia e pela Omdia mostra que o 5G terá um impacto de até US $1,2 trilhão no Produto Interno Produto (PIB) do Brasil, até 2035.

No momento, 251 cidades do Brasil já tiveram o sinal ativado em pelo menos alguns bairros. As obrigações das operadoras se limitava a levar o sinal para as 27 capitais até a presente data ,conforme determinação do edital do leilão das faixas de frequência.

A implementação da tecnologia pode ser feita de três formas: privada, quando a rede é independente e administrada pela própria empresa; híbrida, quando o controle é feito por uma operadora pública e alguns recursos são oferecidos à empresa; e pública, quando a rede é fornecida pelas operadoras públicas e compartilhada com outros usuários.

A pesquisa encomendada pela CNI foi realizada pelo Instituto Pesquisa de Reputação e Imagem (IPRI), antigo Instituto FSB Pesquisa. Entre 8 e 20 de março de 2023, foram entrevistados por telefone 1.002 executivos que lideram a área de tecnologia das empresas industriais de pequeno, médio e grande portes. A margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais.

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