Economia

Analistas: país deve gerar até 1,5 mi de vagas em 2012

Demanda no setor de serviços, com reflexo no crescimento do consumo de bens industriais, deve sustentar abertura de vagas


	Carteira de Trabalho em uma fila para candidatos de emprego: vagas devem continuar a crescer no país
 (Marcello Casal Jr/ABr)

Carteira de Trabalho em uma fila para candidatos de emprego: vagas devem continuar a crescer no país (Marcello Casal Jr/ABr)

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Da Redação

Publicado em 20 de agosto de 2012 às 18h14.

São Paulo - A alta na demanda do setor de serviços, com reflexo no crescimento do consumo de bens industriais, deve fazer com que o País gere 1,5 milhão de empregos em 2012, na avaliação de especialistas que participaram nesta segunda-feira do seminário "Competitividade - o Calcanhar de Aquiles do Brasil", realizado pela da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo (FecomercioSP). A expectativa é reforçada pelos dados de julho do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho, que apontaram uma criação de 142,5 mil empregos no mês passado - acima das projeções mais otimistas.

Para o presidente do Conselho de Emprego e Relações do Trabalho da FecomercioSP, José Pastore, "a massa salarial vigorosa e os reajustes nos salários" tem impacto no setor de serviços e, consequentemente, provocam um reflexo na produção industrial. "Isso deve garantir um bom quadro no emprego até o final do ano", disse. "Mas, no momento, o que nos preocupa é a redução na capacidade de investimento da indústria, que pode trazer problemas para 2013", completou.

Para o ex-ministro do Trabalho e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) Walter Barelli, ainda não é possível avaliar o nível de impacto na geração de emprego industrial das medidas pontuais de redução do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) nos setores automotivo e de linha branca, previstas para acabar no dia 31. "É certo que isso gerou consumo, mas para saber se as medidas puxaram as vendas de estoques ou geraram produção, isso só quando elas acabarem", disse Barelli.


Segundo o ex-ministro, a curva de emprego cresce naturalmente no segundo semestre, "principalmente porque no primeiro semestre há um ingresso grande de recém-formados no mercado de trabalho e o aumento nas demissões após o final do ano".

Já na avaliação de Clemente Ganz Lucio, diretor-técnico do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a criação de até 1,5 milhão de empregos em 2012 seria um resultado muito bom, diante do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil entre 1,5% e 2%. "Mesmo com um crescimento menor, a indústria segura o emprego para atender a demanda", disse.

Para o representante do Dieese, "não dá para imaginar, no entanto, que o crescimento de empregos na indústria será contínuo". O desafio, na avaliação de Lucio, é crescer em produtividade, uma das respostas à falta de investimentos do setor apontado por Pastore. "Os ganhos de produtividade trazem aumentos nos salários, maior oferta, maior consumo e criam um círculo virtuoso", concluiu.

Já segundo Mário Bernardini, membro do Conselho Superior de Economia da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), a queda no ingresso da pessoas que entram no mercado de trabalho anualmente para a metade do nível do que era há dez anos é suficiente para não piorar o desemprego. "O Brasil, do ponto de vista do emprego, não precisa crescer mais que 2,5% ao ano", disse.

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