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Analistas já preveem PIB negativo em 2015

A freada no investimento e no consumo deve derrubar o ritmo do crescimento deste ano

Dinheiro: bancos e consultorias já projetam uma queda de até 0,5% (Getty Images)
DR

Da Redação

Publicado em 22 de janeiro de 2015 às 14h32.

São Paulo - A freada no investimento e no consumo deve derrubar o ritmo do Produto Interno Bruto ( PIB ) deste ano. Bancos e consultorias já projetam uma queda de até 0,5% no PIB. Os mais otimistas esperam um crescimento de, no máximo, 0,5%.

O pacote de ajuste da economia - que afeta a renda disponível e o consumo das famílias - somado aos desdobramentos da Operação Lava Jato, que têm impacto direto no investimento e na infraestrutura, explicam o enfraquecimento da economia brasileira esperado para 2015.

"O consumo das famílias pode até ser negativo este ano", afirma a economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados, Thais Zara. Diante do ajuste na economia, ela prevê um primeiro semestre de recessão com uma recuperação no segundo semestre.

"Mas a recuperação é muito volátil e com base nas expectativas", pondera a economista. O consumo das famílias é o fator preponderante, segundo ela, para o fraco desempenho da atividade, porque representa 60% do PIB.

Uma combinação perversa de fatores deve levar as famílias a consumirem menos este ano. Entre eles, os economistas apontam o aumento das tarifas públicas, o imposto sobre o crédito, a volta da tributação sobre os combustíveis, a elevação da taxa básica de juros (Selic) que subiu ontem 0,5 ponto porcentual para conter a inflação e o impacto da desvalorização do real sobre os preços.

"O consumo das famílias vai desacelerar bem", prevê Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria Integrada. Ela estima um avanço de apenas 0,2% no consumo das famílias este ano, ante uma alta de 0,9% em 2014.

Já o diretor de Pesquisa da GO Associados, Fabio Silveira, reduziu de 0,8% para 0,3% a expectativa de crescimento do consumo das famílias para 2015.

Ele observa que o ajuste no consumo foi o principal fator para que ele cortasse a projeção de crescimento do PIB deste ano, de 1,2% para 0,5%. De toda forma, ele pondera apesar do ajuste macroeconômico, o consumo das famílias vai crescer um pouco.

"Ainda existe uma inércia no desempenho da renda e dos setores de varejo e serviços que garantem um resultado positivo", lembra Silveira.

Lava Jato

O investimento deve ser o outro ponto vulnerável no fraco no desempenho do PIB deste ano. Nas contas preliminares da consultoria Tendências, o investimento deve encerrar o ano com uma queda perto de 4%. Para a consultoria Rosenberg, o recuo será de 3,4%.

Thaís ressalta que se trata de uma retração do investimento em relação a uma base já deteriorada. Os números fechados de 2014 ainda não foram divulgados pelo IBGE, mas a expectativa dos economistas é que o investimento tenha caído cerca de 8%.

Parte do cenário ruim projetado para o investimento pode ser creditado à Operação Lava Jato. As empreiteiras investigadas no escândalo de corrupção respondem por quase a totalidade das obras de infraestrutura.

Esses processos devem afetar o desempenho das obras de construção civil dessas companhias. E a construção civil, por sua vez, que representa 42% do investimento total da economia.

"Nossa projeção (para 2015) é de uma redução de 15% nos investimentos da Petrobrás e das empreiteiras envolvidas na investigação", diz Alessandra.

A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, já espera um PIB negativo apenas por causa das condições macroeconômicas desfavoráveis.

Segundo ela, os impactos da Operação Lava Jato no investimento e agora os riscos de um racionamento de energia elétrica e também de água podem, na sua avaliação, agravar esse cenário que ruim.

Isso significa um recuo ainda maior no enfraquecido nível de atividade esperado para 2015. "O investimento é o vetor mais melindroso da economia no curto prazo."

Apesar de achar o ajuste necessário, Zeina diz que 2015 será difícil. Nos cálculos da economista, o ajuste, focado no corte de gasto e na redução do crédito de bancos públicos, leva até três trimestres para ter o impacto desejado na inflação. Isso significa que o efeito só vai aparecer no fim deste ano.

"Este ano será preciso muita paciência para testar as convicções." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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São Paulo - A freada no investimento e no consumo deve derrubar o ritmo do Produto Interno Bruto ( PIB ) deste ano. Bancos e consultorias já projetam uma queda de até 0,5% no PIB. Os mais otimistas esperam um crescimento de, no máximo, 0,5%.

O pacote de ajuste da economia - que afeta a renda disponível e o consumo das famílias - somado aos desdobramentos da Operação Lava Jato, que têm impacto direto no investimento e na infraestrutura, explicam o enfraquecimento da economia brasileira esperado para 2015.

"O consumo das famílias pode até ser negativo este ano", afirma a economista-chefe da Rosenberg Consultores Associados, Thais Zara. Diante do ajuste na economia, ela prevê um primeiro semestre de recessão com uma recuperação no segundo semestre.

"Mas a recuperação é muito volátil e com base nas expectativas", pondera a economista. O consumo das famílias é o fator preponderante, segundo ela, para o fraco desempenho da atividade, porque representa 60% do PIB.

Uma combinação perversa de fatores deve levar as famílias a consumirem menos este ano. Entre eles, os economistas apontam o aumento das tarifas públicas, o imposto sobre o crédito, a volta da tributação sobre os combustíveis, a elevação da taxa básica de juros (Selic) que subiu ontem 0,5 ponto porcentual para conter a inflação e o impacto da desvalorização do real sobre os preços.

"O consumo das famílias vai desacelerar bem", prevê Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria Integrada. Ela estima um avanço de apenas 0,2% no consumo das famílias este ano, ante uma alta de 0,9% em 2014.

Já o diretor de Pesquisa da GO Associados, Fabio Silveira, reduziu de 0,8% para 0,3% a expectativa de crescimento do consumo das famílias para 2015.

Ele observa que o ajuste no consumo foi o principal fator para que ele cortasse a projeção de crescimento do PIB deste ano, de 1,2% para 0,5%. De toda forma, ele pondera apesar do ajuste macroeconômico, o consumo das famílias vai crescer um pouco.

"Ainda existe uma inércia no desempenho da renda e dos setores de varejo e serviços que garantem um resultado positivo", lembra Silveira.

Lava Jato

O investimento deve ser o outro ponto vulnerável no fraco no desempenho do PIB deste ano. Nas contas preliminares da consultoria Tendências, o investimento deve encerrar o ano com uma queda perto de 4%. Para a consultoria Rosenberg, o recuo será de 3,4%.

Thaís ressalta que se trata de uma retração do investimento em relação a uma base já deteriorada. Os números fechados de 2014 ainda não foram divulgados pelo IBGE, mas a expectativa dos economistas é que o investimento tenha caído cerca de 8%.

Parte do cenário ruim projetado para o investimento pode ser creditado à Operação Lava Jato. As empreiteiras investigadas no escândalo de corrupção respondem por quase a totalidade das obras de infraestrutura.

Esses processos devem afetar o desempenho das obras de construção civil dessas companhias. E a construção civil, por sua vez, que representa 42% do investimento total da economia.

"Nossa projeção (para 2015) é de uma redução de 15% nos investimentos da Petrobrás e das empreiteiras envolvidas na investigação", diz Alessandra.

A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, já espera um PIB negativo apenas por causa das condições macroeconômicas desfavoráveis.

Segundo ela, os impactos da Operação Lava Jato no investimento e agora os riscos de um racionamento de energia elétrica e também de água podem, na sua avaliação, agravar esse cenário que ruim.

Isso significa um recuo ainda maior no enfraquecido nível de atividade esperado para 2015. "O investimento é o vetor mais melindroso da economia no curto prazo."

Apesar de achar o ajuste necessário, Zeina diz que 2015 será difícil. Nos cálculos da economista, o ajuste, focado no corte de gasto e na redução do crédito de bancos públicos, leva até três trimestres para ter o impacto desejado na inflação. Isso significa que o efeito só vai aparecer no fim deste ano.

"Este ano será preciso muita paciência para testar as convicções." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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