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Alta do dólar não influenciou a inflação, diz Campos Neto

Para presidente do Banco Central, postura de juros da instituição deve continuar a ser estimulativa e

Roberto Campos Neto: "Se você hoje imaginar que o PIB brasileiro tem um pedaço público e um pedaço privado, o pedaço privado na ponta está crescendo a 2% e o público está caindo" (Ueslei Marcelino/Reuters)
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Reuters

Publicado em 18 de outubro de 2019 às 14h03.

Última atualização em 18 de outubro de 2019 às 14h12.

Washington — O presidente do Banco Central , Roberto Campos Neto, avaliou nesta sexta-feira que a alta recente do dólar frente ao real não bateu no canal de inflação e reiterou que a política monetária tem que ser estimulativa, com espaço para corte na Selic.

Em coletiva de imprensa em Washington, onde participou de eventos por ocasião da reunião anual do Fundo Monetário Internacional ( FMI ), Campos Neto também afirmou que o câmbio é flutuante e que a autoridade monetária só faz intervenções quando há falta de liquidez no mercado.

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Provocado a esclarecer comentários feitos por ele na véspera durante evento do JP Morgan sobre possíveis intervenções do BC no mercado de câmbio em caso de aumento excessivo do fluxo de dólares para o Brasil com a venda de ativos do governo, Campos Neto afirmou que as atuações acontecem em caso de "ruptura" no mercado, para baixo ou para cima.

"O que nós sempre dizemos é que o banco central faz intervenções em momento onde tem gap de liquidez, ou seja, tem ruptura de um processo contínuo", afirmou.

Sobre o crescimento da economia brasileira, o presidente do BC avaliou que o aumento de participação do setor privado começou a ter resultado.

"Se você hoje imaginar que o PIB brasileiro tem um pedaço público e um pedaço privado, o pedaço privado na ponta está crescendo a 2% e o público está caindo", disse.

"Então na verdade o que eu tenho dito é que o crescimento está um pouco mais lento, mas tem uma qualidade muito melhor", acrescentou.

Compulsórios

Campos Neto afirmou que o BC vai seguir promovendo, no curto prazo, pequenas reduções do compulsório, que ele avalia estar estruturalmente elevado.

Uma diminuição mais expressiva do volume de recursos que os bancos são obrigados a recolher ao BC, contudo, só vai acontecer a partir da reestruturação do sistema de liquidez a instituições financeiras que está sendo preparada no BC, disse o presidente da autoridade monetária, acrescentando que o corte pode chegar a 100 bilhões de reais.

Nesse novo modelo, a ideia é que, em momentos de crise de liquidez, o BC ofereça empréstimos às instituições financeiras, tendo como colateral suas carteiras de crédito que terão sido previamente precificadas, disse Campos Neto.

"Se nós conseguirmos fazer um sistema de assistência de liquidez que funcione, que a gente consiga extrair liquidez do crédito privado em momentos de emergência, nós podemos trabalhar com um nível de compulsório muito mais baixo. Quando perguntado o quão mais baixo, acho que dá para usar o número de 100 bilhões", afirmou, acrescentando que o sistema de precificação dos créditos deverá estar pronta entre 2020 e 2021.

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