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Alta do dólar eleva previsões para a inflação

Alta também pode adiar queda dos juros

Nos últimos 30 dias, o real já perdeu 11,06% em relação ao dólar (thinkstock)
DR

Da Redação

Publicado em 16 de agosto de 2015 às 09h32.

São Paulo - A desvalorização recente do dólar está levando parte do mercado a revisar as projeções de inflação e da taxa básica de juros. Com a mudança no patamar do câmbio , os analistas passaram a esperar uma alta maior dos preços e possivelmente um adiamento do início da queda da Selic.

Nos últimos 30 dias, o real já perdeu 11,06% em relação ao dólar. No ano, a desvalorização é de 31,26%. Esse movimento de depreciação cambial pode ser explicado por duas grandes frentes. Internamente, houve uma piora na percepção de risco brasileiro por causa da crise política e pelo anúncio da revisão da meta fiscal. No exterior, há um movimento de fortalecimento da moeda americana por causa da expectativa da elevação da taxa de juros nos Estados Unidos , além de a desvalorização do preço das commodities afetar as moedas de países exportadores de básicos, como o Brasil.

A alta do câmbio já afeta sobretudo o preço de grãos, como soja e milho, e materiais e componentes importados para a indústria.

Todo esse novo cenário fez com que o banco Itaú aumentasse a projeção para câmbio e inflação. A projeção para o dólar ao fim deste ano subiu de R$ 3,20 para R$ 3,55, e para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ( IPCA ) aumentou de R$ de 9,1% para 9,3%. "Basicamente, essa mudança no IPCA reflete a mudança no câmbio", afirma Felipe Salles, economista do Itaú Unibanco.

Intensidade

O repasse esperado pelos analistas por causa da mudança de patamar do câmbio, porém, deverá ser menor na comparação com outros períodos de forte desvalorização do dólar. Nas condições econômicas "normais", o cálculo do Itaú mostra que uma desvalorização de 10% tem como reflexo uma alta de 0,70 ponto porcentual no IPCA em 12 meses.

A explicação para o reajuste mais modesto se dá pelo cenário recessivo do Brasil e pelos estoques em alta, sobretudo no varejo, que também devem limitar os efeitos da depreciação do real.

"De qualquer maneira, o repasse virá, ainda que mais fraco, por conta do ritmo de atividade neste e no próximo ano. Em relação às projeções de inflação, para este ano incorporamos o câmbio mais depreciado e estimamos IPCA em 9,3%", disse Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco.

Piora

A projeção para a inflação de 2016 - ano em que o Banco Central promete alcançar a meta de 4,5% - também piorou. A estimativa do Itaú subiu de 5,3% para 5,8%. Para a consultoria MB Associados, a inflação deverá ficar em 5,6% - a projeção anterior era de 5,4%. "Os dois maiores impeditivos para o IPCA bater nos 4,5% ano que vem são o aumento do mínimo em torno de 10% logo em janeiro - impactando diretamente em serviços - e a pressão cambial, que aumentou agora e deve ainda se manter ao longo do primeiro semestre do ano que vem, pelo menos", afirmou Sergio Vale, economista-chefe da consultoria.

Com a mudança no quadro inflacionário, parte dos analistas também passou a considerar a hipótese de o BC adiar a queda da Selic - hoje em 14,25% ao ano. "A inflação vai demorar um pouco mais para cair. Isso significa que o BC vai demorar mais para derrubar o juro", disse Salles, do Itaú. Para o banco, a primeira queda da Selic passou do segundo trimestre de 2016 para o segundo semestre.

Um outro fator que pode manter a Selic inalterada por um período mais longo é a piora da política fiscal. A equipe econômica reduziu a meta de superávit primário de 2% do PIB para 0,7%. "Como o fiscal não tem ajudado no controle da inflação, o BC vai ter de ficar mais ortodoxo do que se imaginava antes e isso implica manter o 14,25% eventualmente ainda no começo de 2016", disse Vale, da MB Associados.

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Nos últimos 30 dias, o real já perdeu 11,06% em relação ao dólar. No ano, a desvalorização é de 31,26%. Esse movimento de depreciação cambial pode ser explicado por duas grandes frentes. Internamente, houve uma piora na percepção de risco brasileiro por causa da crise política e pelo anúncio da revisão da meta fiscal. No exterior, há um movimento de fortalecimento da moeda americana por causa da expectativa da elevação da taxa de juros nos Estados Unidos , além de a desvalorização do preço das commodities afetar as moedas de países exportadores de básicos, como o Brasil.

A alta do câmbio já afeta sobretudo o preço de grãos, como soja e milho, e materiais e componentes importados para a indústria.

Todo esse novo cenário fez com que o banco Itaú aumentasse a projeção para câmbio e inflação. A projeção para o dólar ao fim deste ano subiu de R$ 3,20 para R$ 3,55, e para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo ( IPCA ) aumentou de R$ de 9,1% para 9,3%. "Basicamente, essa mudança no IPCA reflete a mudança no câmbio", afirma Felipe Salles, economista do Itaú Unibanco.

Intensidade

O repasse esperado pelos analistas por causa da mudança de patamar do câmbio, porém, deverá ser menor na comparação com outros períodos de forte desvalorização do dólar. Nas condições econômicas "normais", o cálculo do Itaú mostra que uma desvalorização de 10% tem como reflexo uma alta de 0,70 ponto porcentual no IPCA em 12 meses.

A explicação para o reajuste mais modesto se dá pelo cenário recessivo do Brasil e pelos estoques em alta, sobretudo no varejo, que também devem limitar os efeitos da depreciação do real.

"De qualquer maneira, o repasse virá, ainda que mais fraco, por conta do ritmo de atividade neste e no próximo ano. Em relação às projeções de inflação, para este ano incorporamos o câmbio mais depreciado e estimamos IPCA em 9,3%", disse Octavio de Barros, economista-chefe do Bradesco.

Piora

A projeção para a inflação de 2016 - ano em que o Banco Central promete alcançar a meta de 4,5% - também piorou. A estimativa do Itaú subiu de 5,3% para 5,8%. Para a consultoria MB Associados, a inflação deverá ficar em 5,6% - a projeção anterior era de 5,4%. "Os dois maiores impeditivos para o IPCA bater nos 4,5% ano que vem são o aumento do mínimo em torno de 10% logo em janeiro - impactando diretamente em serviços - e a pressão cambial, que aumentou agora e deve ainda se manter ao longo do primeiro semestre do ano que vem, pelo menos", afirmou Sergio Vale, economista-chefe da consultoria.

Com a mudança no quadro inflacionário, parte dos analistas também passou a considerar a hipótese de o BC adiar a queda da Selic - hoje em 14,25% ao ano. "A inflação vai demorar um pouco mais para cair. Isso significa que o BC vai demorar mais para derrubar o juro", disse Salles, do Itaú. Para o banco, a primeira queda da Selic passou do segundo trimestre de 2016 para o segundo semestre.

Um outro fator que pode manter a Selic inalterada por um período mais longo é a piora da política fiscal. A equipe econômica reduziu a meta de superávit primário de 2% do PIB para 0,7%. "Como o fiscal não tem ajudado no controle da inflação, o BC vai ter de ficar mais ortodoxo do que se imaginava antes e isso implica manter o 14,25% eventualmente ainda no começo de 2016", disse Vale, da MB Associados.

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