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AL quer aprender com milagre econômico sul-coreano

Países como a Guatemala, o Equador e o Uruguai observam a quarta economia da Ásia para aprender as lições de sua extraordinária experiência de desenvolvimento

Montadora na Coreia do Sul: nos anos 60 a Coreia do Sul compreendeu que a força de trabalho de seus habitantes era seu recurso mais valioso (Wikimedia Commons)
DR

Da Redação

Publicado em 10 de julho de 2012 às 13h34.

Seul - Devastada pela guerra, quase sem infraestrutura e com uma economia basicamente de subsistência há 50 anos, a Coreia do Sul é hoje um líder em tecnologia, indústria e educação, cujo grande salto econômico serve como inspiração à América Latina .

Países como a Guatemala, o Equador e o Uruguai observam a quarta economia da Ásia para aprender as lições de sua extraordinária experiência de desenvolvimento econômico, com um PIB per capita que passou de US$ 103 dólares, em 1962, a quase US$ 24 mil em 2011.

O segredo do chamado "milagre do rio Han" (apelido do rápido desenvolvimento econômico sul-coreano) é que desde 1963 "os governos souberam aplicar e modificar adequadamente suas estratégias econômicas" em vários períodos, afirmou à Agência Efe o pesquisador chefe do Instituto Coreano para Política Econômica International (Kiep), Nakgyoon Choi.

Mas será que as estratégias de desenvolvimento sul-coreanas poderiam ser aplicadas a países como a Guatemala ou Equador? Embora não recomende copiá-las ao pé da letra pelos contextos histórico e socioeconômico diferentes, o doutor Choi acredita que pode ensinar valiosas lições.

O ministro da Economia guatemalteco, Sergio da Torre, e representantes do Equador e do Uruguai visitaram na semana passada a Coreia do Sul para adquirir conhecimentos práticos sobre sua experiência.

Para Torre, a primeira noção aprendida na visita é que se devem aumentar os esforços para capacitar recursos humanos, já que, "por mais investimentos atraídos, eles não servem de nada se não possuirmos pessoal qualificado", explicou à Efe durante sua estada em Seul.

Já nos anos 1960, a Coreia do Sul, um país pequeno e escasso em matérias-primas, compreendeu que a força de trabalho de seus habitantes era seu recurso mais valioso e levou essa mão de obra a produzir bens de exportação na indústria leve, o que se tornou a semente do desenvolvimento posterior.


O titular da pasta de Economia da Guatemala afirmou que seu governo também pretende se tornar mais competitivo com políticas agressivas para atrair capital estrangeiro, outra das chaves do grande salto sul-coreano.

Os fluxos de capital estrangeiro, combinados com uma abundante, barata e eficiente mão de obra, impulsionaram a Coreia do Sul dos anos 1970 à produção industrial, que se especializou em bens mais complexos, como navios e produtos químicos.

Simultaneamente, o movimento comunitário "Saemaul Undong", promovido pelo ditador Park Chung-hee, mobilizou milhões de pessoas para renovar a infraestrutura do país e combater a pobreza e o subdesenvolvimento das áreas rurais.

Durante a recente visita ao país asiático, a vice-ministra de Finanças do Equador, María Dolores Almeida, confessou à Efe seu interesse pelas políticas educativas da Coreia do Sul, onde a evasão escolar é praticamente inexistente e nove em cada dez jovens conseguem chegar à universidade.

Desde os anos 1980, em que os grandes conglomerados ou "chaebol" como Samsung, Hyundai ou LG se consolidaram como principais motores de crescimento do país asiático, as políticas de liberalização econômica fomentaram também a cultura da competitividade nas escolas e nos institutos sul-coreanos.

Assim, a febre da Educação, cujo orçamento foi elevado para 9,3% pelo governo sul-coreano em 2012, se traduz a cada ano em centenas de milhares de jovens preparados sob medida para os "Chaebol".

Para María Dolores, a associação entre o sistema universitário e as necessidades das indústrias é outra "lição valiosa" que a Coreia do Sul pode dar ao Equador, cujo governo também aumentou neste ano o orçamento de Educação, convocando 49 mil novos professores.

Em um contexto de crescente concorrência, a Coreia do Sul não está entre os países que mais gastam em educação (3,4% do PIB em 2012, enquanto a média dos países desenvolvidos aplica 4,5%), mas seu modelo eficiente promete render valiosas ideias à heterogênea realidade da América Latina.

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Seul - Devastada pela guerra, quase sem infraestrutura e com uma economia basicamente de subsistência há 50 anos, a Coreia do Sul é hoje um líder em tecnologia, indústria e educação, cujo grande salto econômico serve como inspiração à América Latina .

Países como a Guatemala, o Equador e o Uruguai observam a quarta economia da Ásia para aprender as lições de sua extraordinária experiência de desenvolvimento econômico, com um PIB per capita que passou de US$ 103 dólares, em 1962, a quase US$ 24 mil em 2011.

O segredo do chamado "milagre do rio Han" (apelido do rápido desenvolvimento econômico sul-coreano) é que desde 1963 "os governos souberam aplicar e modificar adequadamente suas estratégias econômicas" em vários períodos, afirmou à Agência Efe o pesquisador chefe do Instituto Coreano para Política Econômica International (Kiep), Nakgyoon Choi.

Mas será que as estratégias de desenvolvimento sul-coreanas poderiam ser aplicadas a países como a Guatemala ou Equador? Embora não recomende copiá-las ao pé da letra pelos contextos histórico e socioeconômico diferentes, o doutor Choi acredita que pode ensinar valiosas lições.

O ministro da Economia guatemalteco, Sergio da Torre, e representantes do Equador e do Uruguai visitaram na semana passada a Coreia do Sul para adquirir conhecimentos práticos sobre sua experiência.

Para Torre, a primeira noção aprendida na visita é que se devem aumentar os esforços para capacitar recursos humanos, já que, "por mais investimentos atraídos, eles não servem de nada se não possuirmos pessoal qualificado", explicou à Efe durante sua estada em Seul.

Já nos anos 1960, a Coreia do Sul, um país pequeno e escasso em matérias-primas, compreendeu que a força de trabalho de seus habitantes era seu recurso mais valioso e levou essa mão de obra a produzir bens de exportação na indústria leve, o que se tornou a semente do desenvolvimento posterior.


O titular da pasta de Economia da Guatemala afirmou que seu governo também pretende se tornar mais competitivo com políticas agressivas para atrair capital estrangeiro, outra das chaves do grande salto sul-coreano.

Os fluxos de capital estrangeiro, combinados com uma abundante, barata e eficiente mão de obra, impulsionaram a Coreia do Sul dos anos 1970 à produção industrial, que se especializou em bens mais complexos, como navios e produtos químicos.

Simultaneamente, o movimento comunitário "Saemaul Undong", promovido pelo ditador Park Chung-hee, mobilizou milhões de pessoas para renovar a infraestrutura do país e combater a pobreza e o subdesenvolvimento das áreas rurais.

Durante a recente visita ao país asiático, a vice-ministra de Finanças do Equador, María Dolores Almeida, confessou à Efe seu interesse pelas políticas educativas da Coreia do Sul, onde a evasão escolar é praticamente inexistente e nove em cada dez jovens conseguem chegar à universidade.

Desde os anos 1980, em que os grandes conglomerados ou "chaebol" como Samsung, Hyundai ou LG se consolidaram como principais motores de crescimento do país asiático, as políticas de liberalização econômica fomentaram também a cultura da competitividade nas escolas e nos institutos sul-coreanos.

Assim, a febre da Educação, cujo orçamento foi elevado para 9,3% pelo governo sul-coreano em 2012, se traduz a cada ano em centenas de milhares de jovens preparados sob medida para os "Chaebol".

Para María Dolores, a associação entre o sistema universitário e as necessidades das indústrias é outra "lição valiosa" que a Coreia do Sul pode dar ao Equador, cujo governo também aumentou neste ano o orçamento de Educação, convocando 49 mil novos professores.

Em um contexto de crescente concorrência, a Coreia do Sul não está entre os países que mais gastam em educação (3,4% do PIB em 2012, enquanto a média dos países desenvolvidos aplica 4,5%), mas seu modelo eficiente promete render valiosas ideias à heterogênea realidade da América Latina.

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