Economia

Agravamento da crise grega pode afetar crédito no Brasil

Economistas veem risco de o sistema financeiro internacional contrair os empréstimos

Bancos podem reduzir o crédito no mundo inteiro (.)

Bancos podem reduzir o crédito no mundo inteiro (.)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de maio de 2010 às 09h41.

São Paulo - Embora ainda pequeno, existe o risco de o crescimento da economia brasileira perder o ímpeto por causa da crise na Grécia. O principal canal de contágio seria via crédito internacional. "Se houver uma percepção de insolvência do sistema financeiro europeu, entrará areia na engrenagem dos financiamentos", diz o economista-chefe de Brasil do Barclays Capital, Marcelo Salomon.

Na crise do subprime em 2008, o efeito foi parecido, embora em escala maior. Um banco não emprestava para o outro com medo de calote - muito menos para as empresas privadas. Os governos e bancos centrais tiveram de injetar recursos. Sem saída, grandes companhias brasileiras  acostumadas a captar no exterior tiveram de recorrer ao mercado financeiro nacional. Conclusão: além do custo mais alto, faltou dinheiro para as pequenas e médias empresas.

As autoridades brasileiras atuaram de forma rápida via liberação dos depósitos compulsórios e ampliação da oferta de crédito dos bancos estatais. "Uma nova crise serviria para testar a saúde das carteiras do Banco do Brasil e do BNDES", diz Salomon.

Para o professor doutor do departamento de Economia da PUC-SP, Antonio Corrêa de Lacerda, a contaminação do Brasil também pode acontecer por meio do comércio exterior. "A crise na Europa pode atrapalhar a nossa balança comercial", diz Lacerda, salientando que 23% das exportações brasileiras são para o Velho Continente.

A preocupação nos Estados Unidos está ligada às bolsas de valores. "O consumidor americano, que estava se beneficiando da recuperação dos mercados, pode ser prejudicado", diz Salomon. Como 70% do PIB americano é movido pelo consumo, uma queda generalizada das bolsas atrapalharia a recuperação da atividade real.

No Brasil, até o momento nenhuma consultoria reduziu as previsões para o PIB em 2010. A avaliação dos analistas é de que ainda é cedo para estimar eventuais efeitos de um agravamento da crise na Europa. "É difícil prever o tamanho do impacto no PIB. Talvez não se fale mais no mercado em crescimento de 7%", diz Salomon, que trabalha com um cenário de alta de 6% da economia neste ano.

A ata do Copom, divulgada nesta quinta-feira, mostra que o Banco Central está atento ao cenário internacional. "A crise pode propiciar um aperto monetário mais brando", prevê Salomon. O professor Antonio Corrêa de Lacerda teme que o Copom esfrie demais a economia. "O risco é o Banco Central errar a mão como em 2008, quando os juros foram elevados às vésperas da quebra do Lehman Brothers", diz Lacerda.
 

Acompanhe tudo sobre:Crescimento econômicoCrises em empresasDesenvolvimento econômicoEmpréstimos

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor