África: no sul, Moçambique deveria atrair mais investimento estrangeiro em seus enormes depósitos de carvão e descobertas de gás offshore. (Spencer Platt/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 15 de abril de 2013 às 15h29.
Johanesburgo - O crescimento econômico da África Subsaariana deve acelerar para mais de 5 % nos próximos três anos, superando em muito a média mundial, mas a região precisa fazer mais para converter isso em redução da pobreza, afirmou o Banco Mundial nesta segunda-feira.
Em seu mais recente relatório Africa's Pulse, que analisa as perspectivas para a região, o banco viu a alta dos investimentos, os preços elevados de commodities e a retomada na economia global provocando esse salto de crescimento no continente mais pobre do mundo.
O fluxo de Investimento Estrangeiro Direto (IED) para a África Subsaariana está previsto para aumentar a níveis recordes a cada ano durante os próximos três anos, chegando a 54 bilhões de dólares até 2015.
Isso comparado a 37,7 bilhões de dólares em 2012, um aumento de 5,5 % em um ano em que os fluxos de IED para os países em desenvolvimento caíram, em média, 6,6 %, acrescentou o relatório.
O Banco Mundial, um credor multilateral sediado em Washington, previu que o crescimento na África Subsaariana seria de 4,9, 5,1 e 5,2 % para 2013, 2014 e 2015, respectivamente.
Em 2012, o crescimento da região foi estimado em 4,7 %.
"Se forem devidamente aproveitadas para desencadear todo o seu potencial, essas tendências têm a promessa de mais crescimento, bem menos pobreza e de acelerar a prosperidade compartilhada por países africanos no futuro próximo", disse Punam Chuhan-Pólo, economista do departamento da África do Banco Mundial.
Em comparação com o crescimento esperado da África, o PIB mundial foi projetado para expandir-se 2,4 % em 2013 e, gradualmente, fortalecer a 3,0 e 3,3 % em 2014 e 2015.
O relatório disse que uma década de forte crescimento reduziu a pobreza na África Subsaariana, com dados provisórios mostrando que, entre 1996 e 2010, a parcela de africanos que vivem com menos de 1,25 dólar por dia caiu de 58 % para 48,5 %.
Mas economistas do Banco Mundial advertiram que a alta desigualdade e uma forte dependência da mineração e da exportação de minerais em muitos países tinham amortecido o efeito do crescimento da renda sobre a redução da pobreza.
"Embora o quadro geral que emerge dos dados é que as economias da África têm se expandido de forma robusta e que a pobreza está caindo, o (cenário) agregado esconde uma grande diversidade no desempenho, mesmo entre os que crescem mais rápido na África", disse Shanta Devarajan, economista-chefe do Banco Mundial para a África.
Observando que maior crescimento não significa automaticamente menos pobreza, o relatório apontou que países ricos em recursos como o Gabão, Guiné Equatorial e Nigéria tiveram desempenho pior do que os países com menos recursos.
O Banco Mundial disse que a melhor administração de riquezas minerais, o desenvolvimento da agricultura e uma gestão cuidadosa da rápida urbanização ajudariam os governos africanos a aproveitarem a oportunidade para tirar mais pessoas da pobreza.
O banco acrescentou que o investimento contínuo em infraestrutura é fundamental para manter e reforçar o crescimento.
Entre os desenvolvimentos positivos estava a propagação da exploração de energia na África Oriental, que levou à abertura de vários poços de petróleo e gás.
No sul, Moçambique deveria atrair mais investimento estrangeiro em seus enormes depósitos de carvão e descobertas de gás offshore, e a Zâmbia continuaria a ver o aumento dos investimentos em seu setor de cobre.