Após acordo com Rússia, Obama prepara cúpula nuclear
Praga - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deixou hoje Praga rumo a Washington, onde deve começar logo a acertar os últimos detalhes para a cúpula sobre segurança nuclear da próxima semana. Obama, que pouco antes de partir se reuniu com o presidente tcheco, Vaclav Klaus, deixou pouco antes das 11h (6h, Brasília) Praga, […]
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h10.
Praga - O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deixou hoje Praga rumo a Washington, onde deve começar logo a acertar os últimos detalhes para a cúpula sobre segurança nuclear da próxima semana.
Obama, que pouco antes de partir se reuniu com o presidente tcheco, Vaclav Klaus, deixou pouco antes das 11h (6h, Brasília) Praga, onde na quinta-feira assinou com o presidente russo, Dmitri Medvedev, um novo tratado de desarmamento nuclear.
Ao chegar a Washington, Obama deve fazer os últimos preparativos para a cúpula sobre segurança nuclear de segunda e terça-feira próximas. A reunião terá a presença de 47 países e a ausência já confirmada do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
O objetivo da cúpula, segundo a própria Casa Branca, é conseguir medidas e compromissos concretos para garantir a segurança de todos os materiais nucleares num prazo de quatro anos, de modo que se evite que caiam em mãos de grupos terroristas ou de regimes hostis.
A nova estratégia nuclear dos EUA, tornada pública na terça-feira passada, considera o terrorismo nuclear a grande ameaça da atualidade.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva já confirmou presença, da mesma forma que o presidente da China, Hu Jintao, e o primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh.
Os líderes começarão a chegar no domingo. Na segunda- feira, a maior parte do dia será dedicada a reuniões bilaterais e, na terça, haverá duas sessões plenárias, que terminarão com uma entrevista coletiva e uma declaração final.
Em sua agenda oficial, a cúpula não deve se concentrar em nações em especial, mas os programas nucleares da Coreia do Norte e do Irã certamente ganharão - naturalmente - seu espaço nos debates. Nenhum dos dois países está convidado à reunião em Washington.
Obama aproveitará a cúpula para obter apoio a um conjunto de novas sanções contra o programa nuclear iraniano, que os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (EUA, França, Reino Unido, Rússia e China) e a Alemanha discutem desde quinta-feira na sede da ONU em Nova York.
O presidente americano deve se reunir na segunda-feira com o presidente da China para pressioná-lo a apoiar as sanções. Até agora, Pequim é o membro permanente do Conselho de Segurança mais reticente em pressionar o Irã com retaliações.
Na quinta-feira, após a assinatura do tratado de desarmamento, Obama e o presidente russo lançaram uma dura advertência contra o regime de Mahmoud Ahmadinejad.
Na reunião de mais de uma hora que os dois líderes tiveram, as sanções ocuparam lugar de destaque. Nela, Medvedev explicou a Obama o que está disposto a aceitar e o que não.
Seu vice-chanceler, Serguei Ribakov, afirmou que a Rússia não aceitará um embargo aos produtos refinados de petróleo enviado ao Irã, ao considerar que isso representaria um peso exagerado sobre o povo iraniano.
Medvedev disse que a Rússia apoiaria "sanções inteligentes" que não prejudiquem a população iraniana nem busquem uma mudança de regime, mas sim induzam a uma guinada no comportamento de Ahmadinejad.
O presidente americano tem previstas também reuniões com líderes como a chanceler alemã, Angela Merkel; o rei Abdullah da Jordânia e o primeiro-ministro paquistanês, Yousuf Raza Gillani.
Esta semana, em entrevista concedida ao diário "The New York Times", Obama afirmou que o objetivo dos EUA na cúpula "não é uma declaração vaga e branda".
"Antecipamos um comunicado que deixa muito claro como vamos conseguir deixar guardados todos os materiais nucleares nos próximos quatro anos", declarou o presidente americano.
De acordo com a Casa Branca, a assinatura do novo tratado Start dá aos EUA a autoridade moral para exigir compromissos concretos dos demais países.
Um comunicado contundente, como o que busca Obama, representaria um grande impulso para a reunião na ONU, em maio, para a atualização do Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).