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Acordo com FMI deve acelerar ajuste fiscal na Argentina

Durante a crise que levou ao calote da Argentina em 2001, o FMI adotou metas rigorosas de ajuste fiscal e nutriu hostilidade de grande parte da população

Presidente da Argentina, Mauricio Macri: em vez de focar apenas em questões macroeconômicas, empréstimo tem um condicionamento social (Foto/Reuters)
EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 9 de junho de 2018 às 10h12.

Washington - O acordo da Argentina com o Fundo Monetário Internacional ( FMI ) exigirá que o governo de Mauricio Macri realize um ajuste fiscal mais rigoroso e em menor tempo do que o previsto pelo gradualismo que marcava sua política econômica. Mas o programa dará margem para revisão das metas de déficit público, caso haja necessidade de expansão do gasto social.

Em vez de focar apenas em questões macroeconômicas, como no passado, o empréstimo de US$ 50 bilhões anunciado na quinta-feira, 7, tem um condicionamento social e exige que o governo mantenha por três anos o patamar atual de gastos nessa área, como proporção do PIB.

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"A mudança nas condições financeiras internacionais fez com que a estratégia de gradualismo, de cortar o déficit, se modificasse ligeiramente para acomodar as condições mais apertadas nos mercados financeiros internacionais", disse o diretor do FMI para as Américas, Alejandro Werner, em entrevista coletiva, ressaltando que o programa foi elaborado pelas autoridades argentinas.

As metas de déficit primário foram reduzidas de 3,2% para 2,7% do PIB neste ano e de 2,2% para 1,7% em 2019. O prazo para obtenção de equilíbrio nas contas públicas foi antecipado de 2021 para 2020. Para 2021, é previsto superávit de 0,5% do PIB.

Os porcentuais poderão ser revistos em caso de deterioração da pobreza. "O objetivo é que o governo não tenha de escolher entre construir uma ponte e socorrer os mais vulneráveis", declarou o chefe de missão para a Argentina, Roberto Cardarelli.

Segundo ele, essa flexibilidade faz com que as medidas adotadas sejam sustentáveis no médio prazo. "Nenhum programa macroeconômico pode ignorar a questão social. É impossível ignorar o impacto das políticas econômicas sobre divisão de renda e pobreza."

Durante a crise que levou ao calote da Argentina em 2001, o FMI adotou metas rigorosas de ajuste fiscal, em um cenário de retração do crescimento e agravamento das condições sociais, o que nutriu a hostilidade de grande parte da população em relação à instituição. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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