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A recuperação americana vai morrer de velhice?

No momento em que muitos temem a chegada de uma nova recessão, estudo mostra que recuperação pode até morrer - mas não vai ser de velhice

A saúde é a principal preocupação dos idosos (Thinkstock)

João Pedro Caleiro

Publicado em 15 de fevereiro de 2016 às 17h38.

São Paulo - Os Estados Unidos vão entrar em recessão ?

A expansão atual da economia do país começou em junho de 2009 e já completa 6 anos e meio, um período relativamente longo na comparação histórica.

Não é só a duração, a turbulência global e o pânico dos mercados financeiros que preocupam, mas também alguns sinais internos.

Um deles é a queda das margens corporativas após um período longo de pico.

"A ligação entre margens de lucro e recessões é forte. Nós analisamos isso nos últimos 7 ciclos de negócios, desde 1973. Os resultados não são encorajadores para a economia ou o mercado - em todos os períodos exceto um, um declínio de 0,6% nas margens em 12 meses coincidiu com uma recessão", diz Jonathan Glionna, do Barclays, em nota para clientes.

O Bank of America diz que o risco da recuperação chegar ao fim "aumentou, mas está contido", e coloca em 1 em 4 a chance dda economia americana entrar em recessão nos próximos 12 meses.

De acordo com o JP Morgan, a chance de uma recessão antes de 2017 está em 67%, subindo para 92% no espaço dos próximos 3 anos.

Outros sinais são mais animadores, como o desemprego baixo, a alta nos salários e as vendas do varejo. Também não se pode subestimar o efeito da queda do preço do petróleo - para o bem ou para o mal.

A produção industrial americana, por exemplo, caiu no começo da recessão de 1990, no começo da recessão de 2001, no começo da recessão de 2008 - e está caindo hoje. Mas tire o setor de energia da conta e o resultado fica bem mais estável.

Estudo

No fundo de tudo está uma pergunta ainda mais difícil: por quanto tempo uma economia pode sustentar um ciclo de crescimento? As recuperações morrem de velhice?

A presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, já foi perguntada mais de uma vez sobre o assunto e costuma dizer que isto é um "mito".

Glenn D. Rudebusch, vice-presidente executivo do Departamento de Pesquisa Econômica do Federal Reserve Bank de São Francisco, foi investigar a questão usando a chamada "análise de sobrevivência".

É um ramo da estatística que calcula a probabilidade de um evento acontecer ao longo do tempo - como a de um carro quebrar ou uma pessoa morrer, por exemplo.

Nas suas conclusões recentemente publicadas, ele afirma que no período pré-guerra, entre 1854 e 1938, as expansões americanas de fato tendiam a perder força com a passagem do tempo. No entanto, não há indício de que isso continuou nas décadas seguintes.

"A evidência empírica das expansões dos últimos 70 anos indica que elas não ficam progressivamente mais frágeis com a idade. Expansões, como o Peter Pan, duram mas parecem não envelhecer", diz o texto.

Ele acredita que isso possa estar relacionado com a importância crescente na economia do setor de serviços, que é menos vulnerável a flutuações de produção e inventário.

Outra razão pode ser o aumento do governo federal, que atuar para amenizar os ciclos de expansão e queda através de mecanismos como a Previdência e políticas como o seguro-desemprego.

São Paulo - Você já ouviu falar no Atlas de Complexidade Econômica, mantido desde 2011 por um time que inclui Ricardo Hausman, de Harvard , e Cesar Hidalgo, do MIT? Ele mede o "conhecimento produtivo" de cada país. A ideia é que lugar nenhum passa de produzir uma banana para um computador de uma vez: isso exige um acúmulo gradual de habilidades e processos coletivos. "Pense em um país e um produto qualquer. Depois se pergunte: se este país não fizer este produto, em quantos outros países ele pode ser feito? Se a resposta for "muitos países", então este país provavelmente não tem uma economia complexa." Isso importa porque segundo os cálculos dos autores, a complexidade não é apenas reflexo da prosperidade atual, mas está relacionada com crescimento e renda futuros, além de desigualdade.  A medição é feita analisando a natureza dos produtos exportados, já que "países podem fazer coisas que não exportam, mas o fato de que não exportem sugere que talvez não sejam muito bons nelas". No caso do Brasil, a pauta é dominada pelas commodities : minério de ferro, soja, petróleo bruto e açúcar. É isso que nos coloca no 53º lugar, atrás de todos os BRICS e de economias como Tunísia e Filipinas. Veja a seguir quais são as 15 economias mais complexas do mundo de acordo com o Atlas. Os dados são de 2013:
  • 2. 1. Japão

    2 /18(Divulgação/ RIKEN)

  • Veja também

    Principais exportações
    Carros13%
    Partes e acessórios de veículos motorizados5%
    Circuitos eletrônicos integrados4%
  • 3. 2. Suíça

    3 /18(Gianluca Colla/Bloomberg)

  • Principais exportações
    Ouro30%
    Medicamentos embalados10%
    Sangue preparado para uso terapêutico6%
  • 4. 3. Alemanha

    4 /18(REUTERS/Fabian Bimmer)

    Principais exportações
    Carros11%
    Partes e acessórios de veículos motorizados4%
    Medicamentos embalados4%
  • 5. 4. Coréia do Sul

    5 /18(Wikimedia Commons)

    Principais exportações
    Circuitos eletrônicos integrados10%
    Petróleo refinado8%
    Carros8%
  • 6. 5. Suécia

    6 /18(Simon Dawson/Bloomberg)

    Principais exportações
    Petróleo refinado7%
    Medicamentos embalados4%
    Partes e acessórios de veículos motorizados4%
  • 7. 6. Finlândia

    7 /18(Helsinki Airport/Facebook)

    Principais exportações
    Petróleo refinado11%
    Papel/papelão com caulim7%
    Produtos de aço inoxidável4%
  • 8. 7. Áustria

    8 /18(Getty Images)

    Principais exportações
    Medicamentos embalados4%
    Partes e acessórios de veículos motorizados3%
    Carros3%
  • 9. 8. República Tcheca

    9 /18(Vladimir Weiss/Bloomberg)

    Principais exportações
    Carros10%
    Partes e acessórios de veículos motorizados8%
    Máquinas de processamento de dados6%
  • 10. 9. Reino Unido

    10 /18(Flickr)

    Principais exportações
    Carros9%
    Petróleo refinado7%
    Petróleo bruto5%
  • 11. 10. Eslováquia

    11 /18(Divulgação)

    Principais exportações
    Carros9%
    Monitores, projetores e acessórios de recepção para TV7%
    Partes e acessórios de veículos motorizados5%
  • 12. 11. Singapura

    12 /18(Getty Images)

    Principais exportações
    Petróleo refinado24%
    Circuitos eletrônicos integrados15%
    Máquinas de processamento de dados4%
  • 13. 12. Eslovênia

    13 /18(Srdjan Zivulovic/Reuters)

    Principais exportações
    Medicamentos embalados9%
    Carros8%
    Petróleo refinado4%
  • 14. 13. Estados Unidos

    14 /18(Divulgação)

    Principais exportações
    Petróleo refinado7%
    Carros4%
    Veículos aéreos, espaciais e de lançamento3%
  • 15. 14. Hungria

    15 /18(Sean Gallup/Getty Images)

    Principais exportações
    Carros6%
    Partes e acessórios de veículos motorizados4%
    Motores a pistão4%
  • 16. 15. França.

    16 /18(Divulgação TAM)

    Principais exportações
    Veículos aéreos, espaciais e de lançamento9%
    Medicamentos embalados5%
    Carros4%
  • 17. 53. Brasil

    17 /18(Dado Galdieri/Bloomberg)

    Principais exportações
    Minério de ferro9%
    Soja5%
    Petróleo bruto4%
  • 18 /18(Thinkstock)

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