Economia

A batalha para abrir um shopping em plena crise

Com dificuldade para preencher as lojas, centros abrem espaço para novas marcas e diminuem exigências financeiras


	Shoppings: empreendimentos projetados na época em que o comércio estava em alta precisam diversificar operações para preencher lojas.
 (Valter Campanato/Agência Brasil)

Shoppings: empreendimentos projetados na época em que o comércio estava em alta precisam diversificar operações para preencher lojas. (Valter Campanato/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 26 de abril de 2016 às 10h50.

São Paulo - Imagine entrar num shopping na cidade de São Paulo e encontrar o Cruzeiro's Bar, a Maisvaldir como revenda de eletrodomésticos e o Cineflix operando as salas de cinema.

A freada nas vendas do comércio e aumento de lojas vazias por causa da crise abriram as portas dos shoppings novos para varejistas que até pouco tempo atrás não imaginavam que poderiam estar num centro comercial na capital paulista.

O Cruzeiro’s Bar, a Maisvaldir e o Cineflix, por exemplo, estreiam esta semana no Cantareira Norte Shopping. É um centro de compras que fica na zona noroeste de São Paulo, em Parada de Taipas, com inauguração marcada para a quarta-feira, 27.

"A principal sequela da crise é que ficou mais difícil trabalhar", afirma Claudio Sallum, sócio da Lumine, administradora do shopping e sócia minoritária do empreendimento, projetado na época em que o comércio varejista crescia 7,5% ao ano.

Ele revela que teve de ir atrás de novas lojas, compatíveis com o consumidor de classe C, que é o cliente predominante da região, para preencher o mix do shopping.

Embora o empreendimento tenha lojas âncoras de peso, como Renner, Riachuelo, C&A, Kalunga, por exemplo, o novo shopping não conta com nenhuma revenda de eletrodomésticos conhecida dos paulistanos.

Foi exatamente nesse segmento que as vendas despencaram em 2015, com queda de 18% sobre 2014, segundo o IBGE. "Dos grandes de eletrodomésticos, nenhum veio. Isso é reflexo da crise", diz Sallum.

Fundada em 1990 no ABC paulista, a rede regional Maisvaldir foi a alternativa encontrada pelo shopping para preencher essa lacuna.

Flavio Mattioli, diretor da varejista de artigos para casa, com nove pontos de venda fora da cidade de São Paulo e uma loja virtual, diz que era um projeto antigo estar presente na capital. Mas o sonho foi adiado por uma questão de custos.

Na loja do Cantareira, com 855 m², foram gastos R$ 2 milhões. A expectativa é que o investimento se pague em quatro anos.

Vilso Dargas, dono do Cruzeiro’s Bar, desembolsou R$ 1,5 milhão, num restaurante de 300 m² no Cantareira. Fundado em 2005 no bairro da Barra Funda, o Cruzeiro’s Bar é um restaurante que tem como mote porções fartas a preços acessíveis.

Foi pela primeira vez para um shopping em 2012, no Grand Plaza, em Santo André. A crise, diz Dargas, tem um lado positivo, pois levou à reestruturação das operações e abriu espaço para novas marcas.

O empresário conta que nos shoppings novos, como o Cantareira e o Plaza Carapicuíba, onde abriu um restaurante em setembro, ele conseguiu boas negociações.

"Não teve luva (um valor cobrado pelo ponto) e as exigências no aluguel foram menores." Segundo Sallum, o valor do aluguel já é 20% menor em relação ao planos de negócios traçados antes da crise.

Promoções

Até o operador de cinema das seis salas do Cantareira é uma marca desconhecida dos paulistanos. Originária de Maringá (PR), a Cineflix vai estrear na capital paulista.

A empresa tem quatro anos e 12 cinemas espalhados entre Paraná, Goiás, Mato Grosso, DF e interior de São Paulo. Sallum diz que a exibidora foi escolhida por ser agressiva em promoções.

Além de buscar lojas pouco conhecidas nacionalmente e ser mais flexível no aluguel, Sallum decidiu fatiar a área de vendas. O projeto inicial era erguer um shopping com 27 mil m² de Área Bruta Locável e 195 lojas. Mas, numa 1ª fase, 20 mil m² vão abrigar 135 lojas.

Desse total, 117 foram alugadas, mas apenas 80 lojas devem abrir as portas na quarta-feira. Foram investidos R$ 300 milhões no shopping, que deve faturar R$ 440 milhões no 1º ano.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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