73% da queda do PIB de SP independe de quarentena, diz Henrique Meirelles
Dados de setores que seguem funcionando são "prova concreta de que a covid-19 é o que mais impacta a economia", diz secretário Henrique Meirelles
Clara Cerioni
Publicado em 11 de maio de 2020 às 14h02.
Última atualização em 11 de maio de 2020 às 15h30.
Cerca de 73% da perda que o Produto Interno Bruto ( PIB ) de São Paulo vai sofrer em função da crise do novo coronavírus independe das medidas de quarentena, aponta um estudo da Secretaria da Fazenda e Planejamento, sob gestão de Henrique Meirelles.
Em entrevista coletiva nesta segunda-feira, 11, no Palácio dos Bandeirantes, o secretário explicou que essa análise considera a "grande queda de atividade" em diversos setores que não estão sendo afetados pelas medidas de isolamento social.
"Se olharmos a queda do PIB como um todo podemos identificar que 27% da perda têm relação com a quarentena, mas as avaliações mostram que até os setores que estão funcionando vêm, sim, sofrendo grande queda da atividade. Isso é uma prova concreta de que a pandemia é o que mais impacta a economia", disse.
Em São Paulo, desde o início da quarentena, em março, 80 atividades seguem autorizadas a funcionar, o que representa 74% das atividades econômicas do estado, segundo informou a secretária de Desenvolvimento Econômico, Patricia Ellen, com base nos registros das Inscrições Estaduais Ativas.
De acordo com Ellen, os principais serviços em funcionamento são construção civil, hotéis, petróleo e gás, produção agropecuária, saúde, segurança privada, serviços domésticos, energia, transporte e logística. "Toda a cadeia de produção agrícola, até a ponta de distribuição, continua em perfeito funcionamento com protocolos de distanciamento e higiene bastante rígidos", afirmou.
Ainda não há uma estimativa precisa sobre quanto será a queda da atividade econômica em São Paulo, mas a redução na arrecadação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços ( ICMS ), que em abril deste ano foi de 19% em relação a abril do ano passado, pode sinalizar uma forte retração econômica.
"Tivemos uma queda de cerca de 19% na arrecadação do ICMS, o que significa que há uma queda da atividade econômica que pode ser próxima desta [redução]. Uma pequena parte disso é o aumento da inadimplência, portanto esse é um dado da maior importância", disse Meirelles.
Ele acrescentou que a arrecadação funciona como uma previsão "muito precisa" da queda de atividade econômico, já que o ICMS é um resultado direto das vendas das empresas.
Avanço da covid-19
Epicentro da pandemia no Brasil, São Paulo contabiliza nesta segunda-feira 46.131 casos confirmados da covid-19 e 3.743 óbitos. A taxa de ocupação de leitos de UTI está em 89,6% na Grande São Paulo e 68,2% no interior.
O governo anunciou um novo protocolo de testagem para forças policiais, com aplicação de teste rápido que identifica anticorpos da covid-19 no sangue. "Em um primeiro momento serão testados 35 mil policiais militares. Em uma segunda fase, os familiares deles e depois outras forças policiais, como a Polícia Civil", disse o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas.
Questionado sobre a possibilidade de decretar lockdown de acordo com o avanço da doença, Doria voltou a dizer que "não descarta essa alternativa", mas que ela não está no protocolo imediato. "Se houver necessidade de lockdown, ele será local. Sempre levando em conta as características do local".