7 países que já foram vítimas da superinflação
Longe de ser um problema exclusivo brasileiro, a superinflação já fez vítimas entre os vizinhos sul-americanos e também em outros continentes
Da Redação
Publicado em 18 de maio de 2012 às 08h45.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h23.
São Paulo – Com o recente aumento na expectativa para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2012, uma potencial volta da inflação voltou a preocupar. “Inflação é um grande mal pra economia, principalmente para as classes mais baixas, porque come mais o salário do trabalhador que dos empresários. Além de ser ruim pro país ela estimula a desigualdade”, afirmou Samy Dana, professor da FGV-EESP. A taxa de inflação é estimada em 5,1% nesse ano, segundo estudo do Ipea. O número está acima da meta projetada pelo governo, de 4,5%, mas dentro da margem de variação de dois pontos percentuais. Mesmo que a inflação volte a preocupar, provavelmente, ainda estaríamos muito distante dos dias de superinflação, vividos no começo dos anos 90. Longe de ser um problema exclusivo brasileiro, a superinflação já fez vítimas entre os vizinhos sul-americanos e também em outros continentes. Alemanha e Hungria estão entre as presas famosas, com índices que chegaram a 20,9% e 195% ao dia, respectivamente. Clique nas fotos para relembrar alguns países que já viveram a superinflação.
"O índice de 7% ao ano é considerado uma calamidade, no passado era o que se tinha a cada semana”. A opinião do articulista da revista EXAME J.R.Guzzo resume o que o Brasil já viveu em termos de inflação. No país, a taxa subiu muito no final dos anos 80 e início dos 90. Em 1989, a inflação estourou após o Plano Cruzado que, com o congelamento de preços, controlou artificialmente a inflação e gerou desabastecimento. Naquele ano, a taxa chegou a 1.636% ao ano. Em 1990, a inflação anual foi parecida, com uma explosão em março, mês em que ela chegou a 82%. Nesse ano, os preços dobravam a cada um mês e cinco dias. A desvalorização do dinheiro chegou a tal ponto que o salário perdia 25% do seu valor em 15 dias. Diariamente os comerciantes remarcavam os preços, o que gerava uma corrida ao comércio. “As pessoas saíam comprando qualquer porcaria”, afirmou Samy Dana, professor da FGV-EESP. Em 1993, a inflação chegou ao pico de 2.491%. O plano real, em 1994, interrompeu esse ciclo de inflação. Mesmo com esses índices, a inflação brasileira nem chegou perto das mais altas do mundo - na Hungria em 1946 e no Zimbábue em 2008.
Após a Segunda Guerra, em julho de 1946, os preços dobravam a cada 15 horas na Hungria. Os aumentos chegavam a 195% ao dia, segundo estudo do economista Steve Hank, que aponta esse período como o de maior inflação da história. O que explica essa situação foi o empenho do país na guerra. Com o governo dedicado a financiar o conflito, a produção para o consumo ficou lenta e o país imprimiu dinheiro sem grande controle. Além disso, após a guerra, a população começou a gastar muito – afinal, havia poupado durante o conflito. O resultado disso foi o pior caso de hiperinflação da história.
Um dos casos de superinflação mais famosos é o da Alemanha no período entre guerras. Em 1923, o país acabara de sair da primeira guerra mundial, na posição de derrotado - ou seja, além de sua economia ter sido prejudicada pelos anos de conflito, a nação ainda tinha dívidas com os vencedores. A impressão de moedas para pagar as dívidas auxiliou a inflação. As mercadorias dobravam de valor a cada três dias, aproximadamente. Em outubro, a taxa chegou a 20,9% ao dia. Em dezembro de 1923, um dólar valia um bilhão de marcos – no ano anterior, a mesma moeda valia 9.000 marcos. No auge da inflação, para comprar um quilo de manteiga, o alemão precisaria desembolsar 5,6 trilhões de marcos.
A Argentina também experimentou índices elevados de inflação no final dos anos 80. Em 1989, a hiperinflação do país chegou a 5.000%. No ano seguinte, os preços dobravam a cada dois meses e três dias. Por lá, a hiperinflação foi solucionada com o que viria a ser a origem de outro problema. A paridade artificial entre peso e dólar. Instituída pela lei de conversibilidade, decretada em 1991, a paridade derrubou a inflação caiu para a casa dos três dígitos no mesmo ano. Mas, no longo prazo, o resultado da paridade foi o calote e a renegociação da dívida argentina.
A taxa de aumento de preços no Zimbábue chegou a 79,6 bilhões por cento em novembro de 2008. A inflação diária era de 98%. A origem do problema estava em uma redistribuição de terras feita pelo governo e nas impressões descontroladas de dinheiro. A política de redistribuição de terra dos anos 1990 comprometeu a produção de alimentos, diminuindo a oferta e, consequentemente, aumentando os preços. Somada a essa situação, a impressão de dinheiro para pagar dívidas do FMI e salários de funcionários públicos agravou ainda mais o cenário.
Entre 1987 e 1990 a Nicarágua enfrentou a superinflação. A taxa chegou a 33.000% ao ano no país. Em 1989, o país registrava uma das maiores inflações do mundo. Em um mês e 13 dias, os preços dobravam. E, naquele ano, as taxas já estavam mais baixas, após medidas de austeridade instauradas pelo governo em janeiro. Em janeiro de 1989, a inflação era de 91,8%, sendo que, em dezembro de 1988, a taxa havia atingido 126.6%.
Assim como alguns de seus vizinhos, o Chile também já viveu dias de inflação elevada. No início dos anos 70, a inflação era de 500% - mas ela chegou a atingir 1000% no período. Em 1973, os preços dobravam a cada três meses e sete dias. A superinflação foi um dos fatores que limou o apoio popular ao governo de Salvador Allende, deposto após um golpe que entregou o poder a Augusto Pinochet.
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