4 grandes ameaças à economia mundial nos próximos anos
Estudo da OCDE mostra razões pelas quais o mundo deve se preparar para novas crises econômicas, epidemias e até uma guerra cibernética
OCDE diz que o mundo deve se preparar para grandes choques (Arquivo/AFP)
Da Redação
Publicado em 23 de agosto de 2012 às 20h23.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h32.
1. OCDE diz que o mundo deve se preparar para grandes choqueszoom_out_map
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São Paulo – Um estudo feito pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, na sigla em inglês) mostra quais são os principais riscos para a economia e a política mundial nos próximos anos. Dentre eles, estão a possibilidade de novas crises financeiras, agitações sociais, ataques cibernéticos e pandemias. Pode parecer mero exercício de futurologia, mas os argumentos da OCDE são convincentes. A organização levou em conta cenários atuais e bem familiares para reproduzir episódios que podem se repetir. A crise econômica de 2008, os protestos na Grécia e nos países árabes e a pandemia da gripe suína são alguns dos exemplos do por que o mundo deve se preparar para futuros choques. Veja nas fotos ao lado quatro grandes ameaças à estabilidade mundial.
O risco de uma nova crise financeira afetar a economia do mundo novamente, como ocorreu em 2008, é uma das grandes ameaças que podem nos atingir nos próximos anos. O estudo da OCDE faz uma análise das últimas grandes crises e identifica que boa parte das causas de muitas delas ainda não foi erradicada. A primeira delas é o próprio comportamento dos investidores. Grandes gurus das finanças como George Soros costumam dizer que, geralmente, eles agem movidos por uma espécie de “comportamento de manada”. Neste caso, se uma nova crise financeira vier, ela pode funcionar como um reforço positivo para amontoar investidores em um mesmo tipo de investimento, só porque eles acham que os outros farão o mesmo. Outro gatilho para uma crise que ainda está presente nos mercados é a alavancagem. Trata-se de tomar dinheiro emprestado para investir. Ela pode, naturalmente, ser bem usada, mas a perda pode superar a capacidade do investidor de pagar o empréstimo. Um eventual calote pode acontecer e se espalhar por uma grande área do sistema financeiro. A regulação fraca ou forte demais sobre o sistema financeiro também é apontada pela OCDE como potencial causa para uma crise futura. Economistas repetiram à exaustão que a crise mundial de 2008 foi causada porque os investidores se arriscaram demais, e que isto poderia ter sido melhor regulado. Depois que o pior da crise passou vieram promessas de equilíbrio no controle sobre os investimentos. Mas o fato é que os grandes mercados ainda estão aprendendo a lidar com estas questões enquanto põem à prova a “autorregulação” que o sistema financeiro tanto reivindica.
Desde que a crise fiscal da Grécia se aprofundou, violentos protestos tomaram as ruas de importantes cidades do país. A população manifestou seu descontentamento com as medidas de austeridade anunciadas pelo governo do país e entrou em confronto com a polícia, resultando em centenas de feridos. O episódio grego é uma amostra local do que acontece quando as pessoas perdem a confiança na capacidade de seus governantes de resolver crises econômicas. Outros protestos como os que marcaram as revoluções no mundo árabe mostraram a força de povos insatisfeitos com sua situação econômica precária e com o domínio dos ditadores em seus países. A preocupação da OCDE é com um eventual cenário de crise que abale novamente as economias do mundo. “Embora seja altamente provável que estas manifestações fiquem restritas a locais específicos, não podemos desconsiderar totalmente a hipótese de que a situação econômica mundial piore, fazendo com que alguns incidentes localizados ultrapassem fronteiras e se alastrem por grandes áreas. Rebeliões armadas, golpes militares mesmo guerras entre nações não podem ser descartadas”, diz o estudo.
Poucas situações são tão ameaçadoras quanto a possibilidade de uma doença grave e contagiosa se espalhar pelo mundo. Na última década houve motivos para várias doses de neurose coletiva. Entre o fim de 2002 e meados de 2003 houve uma epidemia de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS, na sigla em inglês) na Ásia. Entre 2003 e 2005 foi a vez da gripe aviária, que atingiu Ásia, Europa e América do Norte. Finalmente, em 2009, houve uma pandemia da chamada gripe suína. Segundo o relatório da OCDE, esta é uma das grandes ameaças para o mundo nos próximos anos. Isto porque os vírus são agentes infecciosos que têm grandes chances de se espalhar rapidamente. Além disso, é comum que eles sofram mutações e mudem seus mecanismos de infecção. Por exemplo: ainda não houve casos de um humano transmitindo a outro a gripe aviária. Normalmente os homens contraem a doença dos animais. Entretanto, pode ser que uma mutação torne o vírus transmissível entre humanos, o que aumentaria exponencialmente a velocidade de avanço da infeção por cidades, estados e até países. O mesmo poderia acontecer com um vírus novo, mais letal que o das gripes suína e aviária. Este cenário, segundo a organização, tem severas implicações geopolíticas, sociais e militares. “Podemos nos perguntar, por exemplo, se as alianças políticas e militares retornariam aos moldes que tinham antes da epidemia. E quantas pessoas morreriam?”, diz o estudo.
Na semana passada vários sites do governo brasileiro, como os do IBGE e da Petrobras, foram alvos de ataques de hackers. Em 2007, um grande blecaute ocorreu no Brasil e, segundo a imprensa internacional, ele foi atribuído a hackers que invadiram o sistema da companhia que controla o abastecimento de energia do estado do Espírito Santo. nem a presidente Dilma Rousseff escapou. Em 2009, o mesmo aconteceu nos Estados Unidos. Dentre as páginas danificadas estavam a do Tesouro e do Serviço Secreto. Estes são apenas alguns dos casos de ataques cibernéticos a sites que têm informações importantes sobre os países. E apesar dos esforços para melhorar a segurança digital, segundo a OCDE, guerras digitais também estão entre as maiores ameaças à economia global. Falhas em sites de bancos e outras grandes instituições, ou eventuais roubos de informações financeiras, podem levar a sérios colapsos nos mercados. Boa parte da preocupação com segurança na internet tem relação com o tamanho da rede. Dados de 2009 mostram que há mais de um trilhão de endereços de sites existentes – quase 150 endereços por habitante do planeta. Segundo a OCDE, levaria cerca de 30 mil anos para que todos estes endereços fossem visitados e devidamente fiscalizados. Esta amplidão dificulta a busca por eventuais autores de ataques. Some isto ao fato de que os usuários no mundo todo se tornam cada vez mais habilidosos para trabalhar com a internet e teremos motivos de sobra para preocupações.
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