3 razões para otimismo (e 3 para pessimismo) com a economia
Eleições e confiança são alguns dos obstáculos para a economia brasileira, mas uma nova aceleração pode chegar a partir de 2016
João Pedro Caleiro
Publicado em 15 de janeiro de 2014 às 12h04.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 15h19.
São Paulo - Janeiro é o mês no qual os órgãos internacionais fazem suas previsões para os próximos anos. Nesta quarta-feira, foi a vez do Banco Mundial . O título do relatório é "Lidando com a normalização das políticas nos países de renda alta" e grande parte dele é dedicado a mostrar que os emergentes vão ter que suar para manter a estabilidade em um mundo que caminha para taxas de juros mais altas. A economia brasileira é citada algumas vezes. Veja os destaques a seguir:
Para o Banco Mundial, a mudança nas condições globais de financiamento significa que "manter uma política de o-mesmo-de-sempre não é mais uma opção" para os emergentes . O risco de complacência, no entanto, é alto. A implementação de reformas já é um desafio político em circunstâncias normais, mas fica ainda mais difícil "por causa das eleições em muitos daqueles países mais testados na última estação." África do Sul , Tailândia, Turquia, Indonésia e Índia são colocadas neste grupo, junto com o Brasil.
A estimativa do Banco Mundial é que a economia brasileira vai crescer 2,4% em 2014 e 2,7% em 2015 - nada muito além dos cerca de 2,2% registrados em 2013. A partir daí, deve haver uma nova aceleração: a previsão para 2016 é de 3,7% de expansão. Vale notar que órgão errou a projeção para o Brasil nos últimos anos. Para 2011, a previsão era de 4,4% e o país cresceu 2,7%. Para 2012, a estimativa era de 3,4%.e o crescimento foi de 0,9%.
O otimismo do empresário despencou 38 pontos percentuais ao longo de 2013, de acordo com pesquisa da consultoria Grant Thornton. Na opinião do Banco Mundial , "a confiança do consumidor e do investidor ficou mais fraca devido à fraqueza da gerência macroeconômica e às políticas intervencionistas do governo, ao mesmo tempo que os termos de troca deterioraram-se."
O Banco Mundial acredita que os investimentos para a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 , junto com um aumento das exportações, vão compensar os efeitos da queda de preço de commodities e do aperto nas condições de financiamento global. R$ 25,5 bilhões serão investidos só na Copa, de acordo com o governo federal. No Rio de Janeiro , os eventos esportivos fizeram dobrar os investimentos nos últimos 6 anos.
O Banco Mundial nota que em países como Brasil, Turquia e China, o crédito subiu mais de 20 pontos percentuais no PIB desde 2007. Isso não é o problema, e sim uma dependência excessiva do crédito estatal - como é o nosso caso: " bancos estatais foram responsáveis por 50% do crédito por liquidar no Brasil em meados de 2013, acima dos 33% em 2008 e a primeira vez que este patamar é atingido desde a onda de privatizações em 1999."
O relatório do Banco Mundial sugere que o corte de subsídios agrícolas pode abrir espaço para outras prioridades fiscais, além de aumentar a produtividade . O Brasil, no entanto, já lidou com essa questão há muito tempo: em um gráfico com 14 países que mostra a porcentagem do PIB destinada para subsídios agrícolas, aparecemos na última posição. A Indonésia lidera, com 3,5%. Em países desenvolvidos como Estados Unidos e Japão, o número gira em torno de 1%.