18,8 milhões de famílias sobrevivem sem renda do trabalho, mostra Ipea
Os dados são de um estudo do Ipea que teve como base os dados da Pnad Covid e da Pnad Contínua, ambas apuradas pelo IBGE
Estadão Conteúdo
Publicado em 6 de janeiro de 2021 às 13h02.
Última atualização em 6 de janeiro de 2021 às 13h16.
Cerca de 18,842 milhões de famílias brasileiras sobreviviam em novembro sem nenhuma fonte de renda obtida através do trabalho. O montante equivale a 27,25% de todos os domicílios do país. No primeiro trimestre de 2020, essa proporção era consideravelmente mais baixa, de 23,5%, o que ajuda a dimensionar o impacto da pandemia do novo coronavírus sobre o extermínio de vagas no mercado de trabalho.
Os dados são de um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ( Ipea ) que teve como base os microdados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Covid (Pnad Covid) e Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), ambas apuradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ( IBGE ).
Em novembro, 4,32% dos domicílios brasileiros, cerca de 2,95 milhões de famílias, sobreviveram exclusivamente com os recursos recebidos do auxílio emergencial, cerca de 300.000 a menos do que em outubro. A proporção de domicílios dependentes unicamente do auxílio emergencial alcançou 12,87% no Amapá, 9,59% no Piauí, 8,71% no Ceará, 8,31% no Maranhão e 8,29% em Roraima.
Apesar da redução no valor do auxílio, que passou de 600 para 300 reais em setembro, os recursos ainda foram suficientes para superar em 35% a perda da massa salarial entre os que permaneceram ocupados em novembro.
O volume de recursos pagos pelo auxílio emergencial caiu de 21 bilhões de reais em outubro para 16,5 bilhões de reais em novembro, o que reduziu também a massa de renda efetiva das famílias. Embora a massa de renda efetiva obtida do trabalho tenha crescido e a proporção de domicílios exclusivamente dependentes do auxílio tenha diminuído, a massa total de rendimentos das famílias encolheu de 274 bilhões de reais em outubro para 270 bilhões de reais em novembro, ou seja, a melhora na renda do trabalho ainda não compensou a queda no auxílio.
A renda média total domiciliar caiu de 3.851 reais em outubro para 3.783 reais em novembro, uma redução de 1,76%. Nos domicílios de renda muito baixa, a perda foi de 2,8%, passando de 1.106 reais em outubro para 1.075 reais em novembro.
"Os resultados apresentados mostram que, principalmente entre os domicílios de baixa renda, o AE ainda foi relevante para a manutenção da renda média domiciliar em novembro, como tem sido desde o início da pandemia", apontou o Ipea, na Carta de Conjuntura.