Economia

10 coisas para ficar de olho na economia, segundo El-Erian

"A tentação é supor que o equilíbrio de baixo crescimento pode continuar para muito além de 2016. Tenha cuidado ao fazer isso", diz ex-chefe da PIMCO

Mohamed El-Erian, ex-chefe de investimento da PIMCO e atual assessor econômico da Allianz (Chris Goodney/Bloomberg)

Mohamed El-Erian, ex-chefe de investimento da PIMCO e atual assessor econômico da Allianz (Chris Goodney/Bloomberg)

João Pedro Caleiro

João Pedro Caleiro

Publicado em 5 de abril de 2016 às 17h20.

São Paulo - O crescimento global vai continuar modesto, mas não suponha que será assim para sempre.

O que vai definir seu destino será a política, de acordo com artigo publicado hoje no Business Insider por Mohamed A. El-Erian.

Ele já foi presidente-executivo da PIMCO, uma das maiores companhias de investimento do mundo, e hoje é o principal assessor econômico da Allianz.

Veja as 10 coisas que ele diz que você deve ficar de olho na economia global:

1. O crescimento global vai continuar modesto e desnivelado

De acordo com o último relatório da PIMCO, há uma desaceleração global em curso, com previsão de crescimento entre 2% e 2,5% em 2016 após 2,8% em 2014 e 2,6% em 2015.

2. Os Estados Unidos vão continuar superando seus pares

A Europa enfrenta uma série de incertezas ligadas a crise dos refugiados, a possível saída do Reino Unido da União Europeia e a crise sem fim da dívida da Grécia.

Na comparação, os Estados Unidos estão relativamente fortes e cresceram 2,4% em 2015. O número desacelerou no quarto trimestre, mas não tanto quanto estimado anteriormente, puxado por fortes gastos dos consumidores.

3. O crescimento nos mercados emergentes vai continuar na luta

2015 foi o pior ano para o crescimento dos emergentes desde a crise de 2008/2009 e não há perspectiva de uma recuperação vigorosa.

A situação é especialmente grave em países com dificuldades domésticas próprias: um deles é a Rússia, mas o pior caso entre os grandes é o do Brasil, que deve ter a segunda contração anual seguida na casa dos 3,5% - 4%.

4. A desigualdade continuará uma questão

A ascensão de Bernie Sanders dentro do Partido Democrata pode não resultar em sua indicação para presidente, mas mostra como o tema da desigualdade, muito tempo relegada às margens do debate, voltou para o centro da política.

Uma das razões é o próprio aumento do fosso entre ricos e pobres, que traz consigo atenção da mídia e o surgimento de estudos que mostram como a desigualdade excessiva prejudica a economia e o crescimento como um todo.

5. Os bancos centrais vão estender seu pedal de liquidez

"Os bancos centrais já não podem mais transformar 'água em vinho'", resumiu um relatório recente do Bank of America Merril Lynch.

Ninguém duvida da disposição deles de sustentar o crescimento, e sim de qual arsenal eles dispõe após anos de expansão monetária e juros no chão. Segundo El-Erian, isso vai continuar - na medida do possível.

6. Cuidado ao supor que o crescimento baixo vai persistir

"Já tendo persistido por tanto tempo, a tentação é supor que o equilíbrio de baixo crescimento pode continuar para muito além de 2016. Tenha cuidado ao fazer isso", diz El-Erian.

7. As pressões do ambiente de baixo crescimento são aparentes

As inovações de políticas dos últimos anos com o objetivo de sustentar o crescimento muitas vezes tem consequências tardias, mas importantes.

No Japão e na Europa, por exemplo, o movimento em direção a taxas de juros negativas levanta dúvidas sobre a lucratividade dos bancos.

8. O crescimento global vai pender para um de dois lados nos próximos 3 anos

"Esse período incomum de baixo crescimento ('o novo normal') vai se desviar ou para recessões danosas e instabilidade financeira ou vai fazer a transição para crescimento alto e inclusivo que também entrega estabilidade financeira genuína", diz El-Erian.

9. A política vai decidir para que lado o crescimento global vai

Não é só no Brasil que a movimentação política se tornou central para prever a trajetória do crescimento e de outros índices.

Na medida em que a atuação dos bancos centrais traz retornos decrescentes, a expectativa é que os governos tentem novas soluções - como aumento do gasto fiscal (com programas de infraestrutura, por exemplo) ou grandes reformas.

10. Não precisamos de um grande impulso de políticas. Um pequeno é suficiente.

As empresas estão sentando em reservas imensas de recursos e a inovação tecnológica continua. Os recursos estão disponíveis - só é preciso que eles sejam colocados em movimento.

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