Economia

1% mais ricos ameaçam o futuro dos EUA, diz Nobel de Economia

Aprofundamento das desigualdades pode colocar em xeque o futuro da maior economia do mundo, diz Joseph Stiglitz em seu mais recente livro

Para Nobel de Economia Joseph Stiglitz, o presidente Barack Obama tem em suas mãos um país cada vez mais desigual, com futuro preocupante (Saul Loeb/AFP)

Para Nobel de Economia Joseph Stiglitz, o presidente Barack Obama tem em suas mãos um país cada vez mais desigual, com futuro preocupante (Saul Loeb/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de junho de 2012 às 14h02.

São Paulo – “Os seis herdeiros do império Wallmart possuem uma fortuna combinada de 90 bilhões de dólares, o que equivale ao patrimônio de todos os 30% cidadão mais pobres da sociedade americana”. É com estatísticas como esta que o ganhador do prêmio Nobel de Economia de 2001, Joseph Stiglitz, justifica sua mais recente teste: a crescente desigualdade na sociedade norte-americana coloca em xeque o futuro da maior economia do mundo. 

Em seu mais recente livro "The Price of Inequality: How Today's Divided Society Endangers our Future" (ainda sem versão em português), Stiglitz critica a crescente desigualdade da sociedade americana, onde os 1% mais abonados já detêm 40% das riquezas do país.

O argumento do economista é que esta pequena camada de privilegiados, que tem acesso a educação e saúde de qualidade, entre outros benefícios, não consegue ver que seu destino está intimamente ligado ao dos outros 99% que não têm.

Para o economista, as chances de um cidadão qualquer melhorar de vida – o tão cobiçado sonho americano – estão cada vez mais escassas e são menores que em qualquer outro país industrializado avançado.

Em contrapartida, os ricos ficam cada vez mais ricos, a despeito de suas atitudes. “Os mais prósperos são os banqueiros, que só trouxeram ruína para o mundo”, disse o autor, em recente entrevista ao DemocracyNow.org.

Para o economista, isso põe abaixo a teoria moral para justificar a desigualdade de que, na economia capitalista, os que contribuem mais são os mais recompensados. Stiglitz também é crítico do sistema tributário norte-americano, que impõe alíquotas de impostos mais altas aos menos favorecidos.

“Os 1% mais ricos pagam, em média, 15% de imposto. Nós cobramos impostos mais baixos de especuladores do que pessoas que trabalham para ganhar a vida. Não faz sentido”, disse ele ao DemocracyNow.org.

Para o economista, o argumento de que colocar dinheiro no topo da pirâmide ajuda toda a economia provou-se equivocado. “Se fosse verdade, todos estariam indo bem. As evidências vão fortemente contra essa ideia”, acrescentou o economista.

Em "The Price of Inequality” (“O preço da desigualdade”), Stiglitz tenta mostrar como o crescimento da desigualdade não é inevitável e como esta dinâmica minou as bases da democracia americana e a transformou em uma sociedade dividida, que não consegue endereçar seus problemas mais urgentes. O economista aponta ainda um caminho para um futuro mais próspero.

Acompanhe tudo sobre:Crise econômicaEconomistasEstados Unidos (EUA)ImpostosJoseph StiglitzLeãoLivrosPaíses ricos

Mais de Economia

Oi recebe proposta de empresa de tecnologia para venda de ativos de TV por assinatura

Em discurso de despedida, Pacheco diz não ter planos de ser ministro de Lula em 2025

Economia com pacote fiscal caiu até R$ 20 bilhões, estima Maílson da Nóbrega

Reforma tributária beneficia indústria, mas exceções e Custo Brasil limitam impacto, avalia o setor